Enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria pede demissão

Nesta terça-feira (13), o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em comunicado durante a coletiva diária de imprensa, anunciou ter aceito a demissão de Lakhdar Brahimi, representante especial conjunto da ONU e da Liga de Estados Árabes para a Síria.

Lakhdar Brahimi - ONU/Jean-Marc Ferré

O diplomata argelino de 80 anos deixará seu cargo formalmente no dia 31 de maio. Entretanto, à medida que o conflito progride sem sinais de uma conclusão, o chefe da Organização das Nações Unidas lamentou a saída como “uma tragédia para o povo sírio” e um “fracasso” para a ONU.

“[Brahimi] perseverou, com grande paciência e habilidade porque sabia que, sem esforços por uma nova Síria, o povo sírio estará condenado a ainda mais sofrimento”, disse Ban, informando também que o diplomata assumiu a missão com “a Síria, o Oriente Médio e a comunidade internacional profundamente divididos acerca de como abordar o fim do conflito”.

Nomeado em agosto de 2012, Brahimi assumiu o processo de construção da paz anteriormente a cargo do ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Assessor especial de longa data do Secretariado, Brahimi também ocupou a chefia da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (Unama) de outubro de 2001 a dezembro de 2004.

Iniciada em março de 2011, a guerra na Síria contabiliza hoje mais de 100 mil mortes, 680 mil feridos, 6,5 milhões de deslocados internos e 2,5 milhões de refugiados. A Liga Árabe chegou a suspender a Síria enquanto membro e concedeu o seu assento à coalizão que alega representar a oposição ao governo, uma clara ingerência na política nacional.

Neste tempo, diversas tentativas foram feitas para culpar o governo sírio pelo sofrimento do seu povo, como ponto de partida na busca das potências ocidentais e de países vizinhos (como a Arábia Saudita) de promover uma intervenção militar contra o país.

Entretanto, os esforços diplomáticos impulsionados sobretudo pela Rússia, com os quais a Síria mantém o seu compromisso, obrigou os promoteres da agressão a dedicarem-se ao diálogo, embora ainda mantenham seu respaldo aos grupos paramilitares, através da ingerência na política interna da Síria.

Brahimi e Ban Ki-moon chegaram a manifestar-se contrariamente à realização de eleições no país, em junho, alegando tratar-se de um plano que "viola o compromisso do Comunicado de Genebra", a declaração adotada em 2012 que supostamente prevê o estabelecimento de um governo transicional. Porém, grande parte dos sírios têm manifestado apoio ao presidente Bashar al-Assad e ao apelo pela manutenção da constitucionalidade, como com a realização de eleições no tempo previsto.

Com informações da ONU,
Da Redação do Vermelho