Guantânamo: Governo dos EUA deve liberar vídeo de alimentação forçada

Pela primeira vez desde a abertura da prisão ilegal em Guantânamo, há 12 anos, pelos Estados Unidos, uma corte federal ordenou, nesta quarta-feira (21), que o governo norte-americano forneça os vídeos da alimentação forçada de um prisioneiro sírio que estava em greve de fome, em protesto contra as condições da sua detenção. A decisão é uma conquista para organizações de defesa dos direitos humanos que denunciavam a destruição das imagens.

Guantânamo - AFP / Getty Images

Os advogados de Abu Wa’el Dhiab, 42, poderão assistir às imagens que mostram a sua alimentação forçada, um processo doloroso e abusivo que, segundo várias denúncias, é repetido frequentemente. A decisão marca a primeira vez que alguém fora do governo pode assistir às gravações secretas em Guantânamo.

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Na semana passada, o juiz distrital Gladys Kessler ordenou que o governo Obama parasse temporariamente a alimentação forçada de Dhiab, enquanto exigia também o fornecimento do seu histórico medico e 34 das 136 sessões de alimentação forçada entre 9 de abril de 2013 e 19 de fevereiro de 2014.

Dhiab está preso na instalação militar estadunidense há mais de uma década sem qualquer acusação formal ou julgamento e “retomou a greve de fome por ter postergada a sua libertação,” afirmou o seu advogado em uma petição entregue na segunda-feira (19).

De acordo com a organização de advogados de defesa de vários prisioneiros, Reprieve, Dhiab sofre abusos corporais dos times de “Extração Forçada das Celas”, empregados em Guantânamo para conter o detido forçosamente e arrastá-lo à cadeira de alimentação forçada. Dhiab comparou as sessões a torturas, já que, além de serem retirados das celas de forma violenta, são amarrados às cadeiras, onde os tubos de alimentação são introduzidos pelas narinas, até chegarem ao estômago. Ainda, o processo é repetido com frequência, o que fere as vias nasais.

“Às vezes, a forma como o PM [policial militar] segura a cabeça me sufoca e, com todos os nervos no nariz, a passagem do tubo pelas narinas é como tortura,” disse Dhiab. “Depois, especialmente quando o PM segura o meu pescoço, quando eles tentam forçar o tubo através da garganta, ele frequentemente fica preso e não pode ser mais empurrado. Nessas horas, eu peço para eles gravarem [a sessão], mas eles se recusam.”

Embora os vídeos não sejam divulgados publicamente, darão aos que não integram o governo uma visão em primeira mão da prática de alimentação forçada. O processo foi simulado voluntariamente pelo rapper ativista Yasiin Bey, conhecido como Mos Def, e gravado como demonstração. O vídeo foi divulgado e pode ser visto a seguir, sem legendas, mas apenas com a apresentação do rapper e do processo. No início, a Reprieve informa: "Há aproximadamente 120 detentos em greve de fome na Baía de Guantânamo, 44 deles estão sendo alimentados à força, contra a sua vontade."

Com informações da Russia Today,
Tradução da Redação do Vermelho