Reunião binacional Equador-Peru: uma amostra da vontade de paz

Equador e Peru se enfrentaram no passado em guerras sangrentas na fronteira, mas hoje os presidentes de ambos países percorrem a região fronteiriça em bicicleta e mostram quanto é possível conseguir quando existe vontade de paz.

Rafael Correa - El Telégrafo

Os mandatários Rafael Correa (Equador) e Ollanta Humala (Peru) reafirmaram em uma reunião binacional realizada nesta semanana cidade fronteiriça de Arenillas a decisão de consolidar dia a dia a paz, como maneira de avançar na construção do bom viver para os povos.

Ao receber seu homólogo no aeroporto de Santa Rosa, Correa afirmou que a paz não é ausência de guerra, mas principalmente presença de justiça, de direitos, de educação, de saúde, de energia, de oportunidades produtivas, de salários e de empregos dignos.

"Ainda nos falta muito para essa paz e por isso estamos aqui", afirmou ao mencionar que é necessário dinamizar a execução de projetos conjuntos.

O chefe de Estado peruano concordou que a paz não é conquistada com a assinatura de um acordo, mas que é necessário dedicar esforços e construi-la dia a dia, com a vontade constante de trabalhar na fraternidade dos povos.

"Ao final somos iguais, viemos de uma mesma origem histórica, temos as mesmas necessidades do bom viver, precisamos desenhar projetos em benefício de nossos povos e para isso o comércio bilateral é fundamental", manifestou.

Ambos mandatários destacaram como a relação entre as duas nações tem mudado drasticamente depois de superar os confrontos militares, o que constitui exemplo do que pode ser conseguido quando existe vontade.

Para chegar ao hotel sede da reunião presidencial e do Gabinete Binacional, os presidentes vestidos com roupas esportivas realizaram um percurso em bicicleta de 25 quilômetros que segundo Humala, serviu para estreitar a amizade pessoal.

Com presença de altos representantes dos dois governos, o encontro se desenvolveu concentrado em cinco eixos temáticos principais: infraestrutura e conectividade; assuntos sociais, produtivos, comerciais, de investimentos e turismo; segurança e defesa; ambiente e energia.

Ao terminar o encontro, Lima e Quito assinaram três novos acordos sobre o intercâmbio de informação sobre pessoas com deficiência que vivem na fronteira comum, a criação de uma rede para a gestão conjunta das áreas protegidas, e a possibilidade de que as pessoas privadas de liberdade cumpram as penas em seus países de origem.

Segundo informou Correa, ambos estados investiram cerca de sete bilhões de dólares em temas como segurança, saúde e educação na zona limítrofe, mas admitiu que ainda falta muito a ser conquistado em matéria de erradicação da pobreza.

Assim mesmo, indicaram que os desafios pendentes continuam, como a eliminação de cerca de 10 mil minas que permanecem enterradas nos territórios onde aconteceu o último conflito militar entre ambos países em 1995.

Também devem continuar esforços nas áreas de luta contra o narcotráfico, da mineração ilegal e do tráfico de pessoas.

Outro alerta formulado foi a persistência da burocracia e a ineficiência como questões que freiam a implementação de vários projetos binacionais dirigidos a desenvolver a fronteira comum.

Por outro lado, nas sessões do encontro foi destacado que os gabinetes binacionais constituem um modelo inédito de integração e de grande utilidade para avançar no desenvolvimento dos povos, que poderia constituir exemplo para outras nações do planeta.

Fonte: Prensa Latina