Em discurso anual, Obama prioriza propostas econômicas

O presidente dos EUA, Barack Obama, se concentrou mais em questões internas em seu discurso sobre o estado da União feito nessa terça-feira (20), no Congresso americano. Entre os problemas que ainda precisa enfrentar nos próximos dois anos, os últimos de sua gestão, a questão econômica vivida pelo país recebeu destaque do líder estadunidense.

Obama

Sobre este cenário, ele afirmou que o país atravessou uma crise em 2008 e que a situação está atenuada neste instante. Embora Obama tenha exaltado a pequena recuperação e o crescimento apresentados pelos EUA na atual conjuntura, ficou perceptível em suas palavras que a crise ainda não está superada, ainda mais quando se tem em conta que esta é uma característica inerente ao sistema capitalista, com suas curvas de recessão e recuperação.

Obama apresentou algumas propostas de estímulos à classe média e aumento de tributos sobre os norte-americanos mais ricos. Com a elevação dos impostos em relação aos mais abastados, o governo norte-americano prevê arrecadar cerca de 320 bilhões de dólares ao longo dos próximos dez anos.

Este valor seria utilizado para custear a expansão de isenções de impostos e benefícios educacionais para a parte da população mais pobre, como o acesso a universidades comunitárias. A proposta de Obama é custear uma parte dos estudos nestas instituições, para que os mais pobres possam ter o acesso a um curso superior facilitado. Nos EUA não existem universidades públicas.
Segundo ele, a ideia é "acabar com as brechas que geram desigualdade ao permitir que o 1% mais rico não pague impostos sobre sua riqueza acumulada".

O presidente afirmou diante de deputados e senadores que essas medidas irão permitir que as famílias mais pobres possam economizar até US$ 3 mil por ano por cada filho.

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Obama defendeu ainda que o Congresso estadunidense aumente o salário mínimo do país estipulado atualmente em US$ 7,25 por hora. "Se você realmente acredita que poderia trabalhar em tempo integral e sustentar sua família com menos de US$ 15 mil ao ano, tente", disse aos parlamentares.

Outra medida proposta por Obama é uma lei que garanta aos trabalhadores até sete faltas remuneradas por razões médicas ao ano. Os dados apontam que ao menos 44 milhões de norte-americanos não possuam o direito a receber o salário nos dias em que estão doentes. "Hoje somos o único país desenvolvido no mundo que não garante pagamento de faltas por doença ou licença maternidade aos nossos trabalhadores".

No entanto, o presidente terá dificuldades para implantar algumas das medidas que defendeu em seu discurso. Nas últimas eleições legislativas, ocorridas em novembro do ano passado, o Partido Republicano, de oposição ao seu governo, conseguiu a maioria no Senado, além de manter o maior número de deputados na Câmara.

Política externa

Ao referir-se à política externa norte-americana, o discurso de Obama abordou a relação com Cuba. O presidente pediu que os parlamentares suspendam o bloqueio a ilha e afirmou que ainda pretende fechar a prisão de Guantánamo.

Obama também falou sobre as ações militares encabeçadas pelos EUA com a proposta, supostamente a única, de combater o avanço do grupo extremista conhecido como Estado Islâmico (EI), com atuação na Síria e no Iraque. "Em vez de sermos arrastados para outra guerra terrestre no Oriente Médio, estamos liderando uma ampla coalizão, incluindo nações árabes, para degradar e destruir este grupo terrorista", disse o presidente que ainda pediu aos congressistas que "mostrem ao mundo que estamos unidos nesta missão aprovando uma resolução que autorize o uso da força contra o EI”.

Sobre o Irã, Barack Obama afirmou que irá vetar todas as propostas que visem ampliar as sanções aos iranianos enquanto o governo persa participar das negociações internacionais sobre o seu programa nuclear. As reuniões ocorrem com o grupo G5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – EUA, China, Rússia, França e Reino Unido – e a Alemanha).

Em relação à Rússia, Obama reiterou a posição de confronto ao afirmar estar "demonstrando a influência do poder e da diplomacia americana. Apoiamos o princípio de que os países grandes não podem atacar os pequenos, confrontando a agressão russa, apoiando a democracia ucraniana e dando garantias aos nossos aliados da Otan ". Esta fala do norte-americano não foi bem recebida pelo governo russo e serviu para prejudicar ainda mais a já deteriorada relação entre Moscou e Washington. A Rússia, reiteradamente nega qualquer envolvimento na crise ucraniana.

Tayguara Ribeiro, da redação do Portal Vermelho.
Com informações de agências