Memória: Há seis anos Bergson Gurjão era sepultado no Ceará

Mesmo décadas após sua morte, Bergson Gurjão Farias continua sendo referência de luta em defesa dos direitos do povo. Há seis anos, num ensolarado dia 6 de outubro, era sepultado no Ceará, com honras de Estado, o comunista cearense assassinado em combate durante a Guerrilha do Araguaia. O militante do PCdoB, morto em 1972 no Araguaia, teve o corpo identificado em julho de 2008.

As homenagens emocionaram as centenas de pessoas que participaram da solenidade que recebeu o guerrilheiro cearense. Trazido por um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), que aterrissou na Base Aérea de Fortaleza, os restos mortais de Bergson vieram acompanhados por uma comitiva oficial da Presidência da República. Em cortejo, a comitiva seguiu em carro do Corpo de Bombeiros até a Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde Bergson cursava Química. O velório reuniu familiares, camaradas de partido e colegas que militaram com o cearense. Ao final do dia, o corpo de Bergson Gurjão percorreu novamente, em cortejo, as ruas de Fortaleza, desta vez em direção ao cemitério Parque da Paz, local em que, depois de quase quatro décadas, ele pode ser dignamente sepultado.

Neste período, o Ceará também lamentou a morte de Dona Luiza Gurjão Farias, mãe do guerrilheiro, que sempre esperou ter o filho de volta. Apenas quatro meses após o desfecho do sepultamento do filho, luta que se confundiu com sua própria vida, Dona Luiza faleceu no dia 21 de fevereiro de 2010. Lutadora, guerreira, persistente, doce, alegre, ativa, cheia de esperança, exemplo. Muitos são os adjetivos que descrevem a bela senhora que trazia no olhar a sintonia de força e doçura.

Mais sobre Bergson Gurjão

Bergson era estudante de Química na Universidade Federal do Ceará (UFC), vice-presidente do DCE eleito em 1968. Foi preso no Congresso da UNE em Ibiúna e, em 1968, excluído da universidade com base no Decreto-lei 477.

Em 1968, no Ceará, foi gravemente ferido na cabeça quando participava de manifestação estudantil na Praça José de Alencar. Em 1969, foi residir na região de Caianos, onde continuou suas atividades políticas. Em 08 de maio de 1972, foi ferido e morto em combate nas selvas do Araguaia.

A ossada de Bergson foi localizada em 1996, numa escavação feita na região do Araguaia, mas apenas 13 anos depois foi confirmada sua identificação. O anúncio oficial sobre a confirmação dos restos mortais foi feito pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República e pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos no dia 07 de julho de 2008.

De Fortaleza,
Carolina Campos