Jesualdo Farias: O Brasil da esperança

Por *Jesualdo Farias

Movido pela euforia, que agita e inspira a todos na virada de ano, reflito sobre os motivos que nos permitem afirmar que o País avança na redução das desigualdades sociais. Avança, porque tem como uma das suas principais políticas públicas a crescente inclusão de crianças e jovens nos diferentes níveis de educação. Acompanhei com entusiasmo, neste início de ano, a felicidade daqueles que lograram êxito no processo seletivo (Enem/Sisu) para as Instituições Públicas de ensino superior.

O endereço da alegria, por ter conquistado uma vaga na universidade, não repousa mais apenas nos bairros nobres das grandes cidades. O processo de expansão do ensino superior associado a políticas de inclusão permite que jovens talentosos, pobres, filhos do trabalhador do campo, do negro, do índio, da empregada doméstica, ingressem nas Universidades Públicas e contribuam para a formação de um novo perfil socioeconômico do campus.

Ainda são poucos os estudos sobre os impactos sociais desta nova realidade nos próximos anos em nosso País. Certamente, uma maior pluralidade entre profissionais graduados e na elite acadêmica poderá nos oferecer novos caminhos para o desenvolvimento regional e na busca de soluções para os principais problemas da humanidade. Um dado alentador foi que, em 2014, 35% dos concludentes foram os primeiros da família a entrar em uma instituição de ensino superior. No mesmo ano, 65% dos estudantes que concluíram o nível superior pertenciam a famílias com renda mensal de até 4,5 salários mínimos.

A grande diversidade que constitui este novo ambiente universitário é o laboratório ideal para se discutir e compreender as diferenças culturais e sociais deste grande país. Cabe à academia se debruçar sobre esta nova realidade e, daí, construir novos conceitos e soluções que brotarão da própria diversidade. Eis, portanto, uma esperança que emerge de um conjunto de políticas públicas acertadas, uma vez que, ao privilegiar a inclusão, redimensionam e estendem a todos o exercício do mérito, visando atingir uma educação transformadora e de qualidade.


*Jesualdo Farias é professor titular da UFC e secretário da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC)

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