Publicado 28/07/2016 10:01 | Editado 04/03/2020 16:24
Passa-se um mês e o Brasil parece continuar patinando (quase) no mesmo lugar. Porém, firma-se cada vez mais a dificuldade de a presidente Dilma Rousseff voltar a governar o País, apesar da impossibilidade de comprovar a participação dela em qualquer ato justificador de seu afastamento. Golpe portanto, ainda que sob uma aparente réstia de legalidade.
Tem ficado também cada vez mais claro que os que se puseram contra o impedimento não eram, necessariamente, “petistas” ou partidários do governo Dilma. O Psol, cuja oposição ao petismo é induvidosa, desde o princípio manteve-se nas trincheiras da democracia, que sairá ferida com a banalização do impeachment.
O PSTU – talvez o partido da esquerda mais radical em atividade – rachou recentemente, pois uma de suas alas defendia que a sigla se manifestasse claramente contra o impeachment, porém, mantendo as críticas (ferozes) que historicamente fez aos governos do PT.
Até mesmo colunistas do establishment, como Elio Gaspari, admitem que “Há golpe”, título de artigo dele, publicado na edição de 29/6/2016. Gaspari revolteia e diz que há um golpe “no sentido vocabular”, seja lá o que isso signifique. Talvez uma confissão envergonhada pela percepção tardia.
As tais “pedaladas” já estão desmoralizadas. Agora, o governo de Michel Temer vem fazendo o mesmo que Dilma fazia ao autorizar gastos extras com medidas provisórias. A “diferença” é que Temer pede o aval do TCU para efetuar os gastos.
Sob o argumento de “urgência”, já conseguiu liberar R$ 2,9 bilhões para o governo do Rio usar nas Olimpíadas. O novo pedido é para abrir crédito extraordinário em socorro a áreas de desastre. Se o tribunal continuar condescendente com Temer, terá de analisar se errou ao considerar irregular o mesmo procedimento de Dilma, em 2015.
Portanto, os argumentos dos defensores do impeachment estão se estreitando, e vai restar apenas um: golpe.
*Plínio Bortolotti é jornalista do O Povo
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