Del Carmen: Podemos ajudar a construir uma cidade mais justa e humana

Após ser anunciada como vice-prefeita na chapa encabeçada por Alice Portugal para a prefeitura de Salvador pela frente de Centro-Esquerda criada para o pleito de outubro, a deputada estadual Maria Del Carmen conversou com a equipe de comunicação do PCdoB Salvador. 

A parlamentar falou sobre a chapa, as expectativas e os principais problemas enfrentados pelos soteropolitanos durante esta gestão. Para ela – que não se fez presente na Convenção que oficializou a candidatura pois estava em viagem fora do país -, educação e saúde são prioridade.

– Além de formada por uma frente ampla da centro-esquerda, a chapa encabeçada pelo PCdoB ao lado do PT é de mulheres. Qual é o diferencial das candidatas?

Eu e Alice fomos colegas na Assembleia Legislativa no primeiro mandato dela. Nos separamos quatro anos depois. Ela caminhou na política e eu fui fazer outras coisas, depois voltei. Agora, a vida nos aproximou de novo, nesse desafio de vencer a eleição para a prefeitura de Salvador. Uma chapa com duas mulheres: ela com uma trajetória de luta, mais política, com uma presença muito forte nos movimentos sindicais; e eu com uma trajetória mais técnica, mais de trabalho à frente de alguns órgãos públicos pela área técnica, como engenheira e gestora. Ou seja, nós duas nos completamos nesse processo de discussão da cidade. E temos o mesmo projeto: transformar Salvador em uma cidade mais inclusiva, para toda a população e não para uma parte, como tem acontecido nesta gestão. É um desafio que está postado para nós duas.

– Este é o momento das mulheres na política, com esta luta pelo empoderamento?

Já tivemos uma mulher prefeita, Lídice da Mata, da qual tive a honra de ser presidente de órgão e depois secretária. Ela também tinha uma mulher como vice. Vamos repetir o ocorrido naquela época, no momento em que as mulheres alcançam no mundo inteiro um papel importante. Temos uma presidenta no Brasil, reeleita com mais de 54 milhões de votos, apesar de afastada graças a um golpe, temos a primeira ministra da Alemanha, a rainha da Inglaterra, tivemos uma presidente na Argentina, e agora vimos a primeira mulher presidenciável por um grande partido nos Estados Unidos. É um momento importante para as mulheres. E essa chapa reafirma isso. É o olhar de mãe para a cidade.

– E qual o foco dessa dupla de mulheres?

A gente poderá neste processo agora propor intervenções, ações que possam resgatar a cidade inclusiva, de todos, que é majoritariamente negra. Em Salvador, mais de 80% da população tem essa identidade cultural forte, da negritude, da religiosidade, e que não é valorizada do ponto o suficiente para que se identifiquem cada vez mais com a cidade. Temos um prefeito que olha a cidade pensando apenas em um pedaço. Ele tem feito intervenções, mas não com amplitude, não com a visão necessária. Nós queremos cuidar das pessoas da cidade, não somente da cidade. Nosso objetivo não é só fazer calçada, mas cuidar para que as pessoas possam se locomover, andar, trabalhar, ter acesso ao lazer. Não que as calçadas não sejam necessárias. Mas, os milhões empregados nisso poderiam ter contribuído para a redução do déficit de quase 150 mil vagas em creches na capital baiana. Acreditamos que garantir que essas quase 150 mil crianças tenham a possibilidade de estudar, serem assistidas, cuidadas, protegidas é mais importante. Tem que melhorar as escolas municipais e ampliar o número. Se o governo do estado não oferecesse tantas vagas no ensino fundamental, muitas crianças estariam fora da sala de aula. Apesar de a responsabilidade ser do município, o governo contribui com uma quantidade enorme de vagas. E é assim em diversas outras áreas, como a saúde, que também não tem a cobertura devida. Salvador é a oitava capital com menor cobertura. Não temos maternidade municipal. Enfim, são vários problemas que a cidade tem, e, com a concepção de mulheres, poderemos ajudar a construir a cidade que a gente deseja, mais justa e humana.

De Salvador,
Maiana Brito