“Bem-vinda a segunda oportunidade sobre a terra”, diz o líder das Farc

O emocionante discurso de Timoleón Jiménez, o Timochenko, comandante em chefe das Farc, durante a assinatura do acordo de paz nesta segunda-feira (26) terminou com uma citação do romance Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez. Ao anunciar o fim da guerra, ele abre um novo capítulo para a história da Colômbia com uma história de amor.

Juan Manuel Santos e Timoleón Jiménez assinam acordo de paz - Efe

Em seu discurso Timochenko destacou que o acordo de paz não significa que “o capitalismo e o socialismo vão soluçar abraçados um nos braços do outro”. Mas que a disputa ideológica agora poderá ser feita sem armas, através da política e da democracia plenas.

A guerra que durou 52 anos era o mais longo conflito no hemisfério ocidental, e Timochenko deseja que esta conquista sirva de exemplo a outros povos do mundo, em especial à Palestina e à Síria.

Leia o discurso de Timochenko na íntegra:

Minhas primeiras palavras, depois da assinatura deste Acordo Final, são dirigidas ao povo da Colômbia, povo bondoso que sempre sonhou com este dia, povo bendito que nunca abandonou a esperança de poder construir a pátria do futuro, onde as novas gerações, ou seja, nossos filhos e nossos netos, nossas mulheres e homens, possam viver em paz, democracia e dignidade, por séculos e séculos.

Penso também nos marginalizados que vivem nas regiões afastadas e miserável desta Cartagena, cidade heroica, que desejando estar aqui nesta celebração não puderam fazê-lo. A eles e a elas lhes estendo minha mão de irmão e os abraço com o coração. Vocês, junto ao resto da sociedade colombiana, também serão arquitetos da semeadura da paz que apenas começa.

Dizem que esta lendária cidade de mar, de praias preciosas, de brisa, de muralhas antigas, de história valorosa e gente extraordinária, conseguiu enamorar nosso Gabriel García Márquez, quem chegou a dizer: “me bastou dar um passo dentro da muralha para vê-la em toda sua grandeza à luz malva das seis da tarde e não pude reprimir o sentimento de ter voltado a nascer”. Pois seguramente estamos assim hoje, nós que assistimos a este dia que renascemos para começar a andar em uma nova era de reconciliação e de construção da paz.


Vários chefes de Estado compareceram à cerimônia em Cartagena das Índias 


 Compatriotas, esta luta pela paz que hoje começa a dar seus frutos, vem desde a Marquetalia, impulsionada pelo sonho de concordância e justiça de nossos pais fundadores, Manuel Marulanda Vélez e Jacob Arenas, e mais recentemente pela perseverança do inesquecível comandante Alfonso Cano. A eles, e a todos os caídos nesta façanha pela paz, nosso eterno reconhecimento. 

Como vocês sabe, a 10ª Conferência Nacional dos Guerrilheiros das Farc-EP [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo] referendou de maneira unânime os Acordos de Havana e encaminhou a criação de um novo partido ou movimento político, o qual configura o passo definitivo da forma de luta clandestina e armada, à forma de luta aberta, legal rumo à expansão da democracia.

Que ninguém duvide que vamos até a política sem armas. Vamos nos preparar todos para desarmar as mentes e os corações.

Logo à frente, a chave está na implementação dos acordos, de tal maneira que o escrito no papel transforma a vida em realidade. E para que isso seja possível, além da fiscalização internacional, o povo colombiano deverá converter-se na principal garantia da materialização de tudo que foi pactuado.

Nós vamos cumprir e esperamos que o governo cumpra.

Nossa satisfação é enorme ao constatar que o processo de paz da Colômbia já é uma referência para a solução de conflitos no mundo.

Quanto desejamos que a autoridade palestina e Israel encontrem o caminho da reconciliação. Como ansiamos de coração que na Síria se silenciem as bombas e o horror de uma guerra que vitimizar a um povo, que o despeja e o obriga a se lançar ao mar em embarcações inseguras para buscar refúgio em países que também os rechaçam, os reprimem sem nenhum sentimento de humanidade. Paz negociada para a Síria, pedimos desse o outro lado do mar, desde Cartagena das Índias!

Paz para o mundo inteiro, não mais conflitos bélicos com seus terríveis dramas humanos, onde mulheres crianças nos comovem com suas lágrimas e tristezas.


O mais alto comandante das Farc, Timoleón Jiménez, em meio aos guerrilheiros durante a Conferência da guerrilha


Com o acordo que hoje assinamos, aspiramos colocar um ponto final na longa história de lutas e enfrentamentos contínuos que sangraram nossa pátria, como destino cruel e fatal desde épocas passadas. Só um povo que viveu entre o espanto e os padecimentos de uma e outra guerra, durante tantas décadas, poderia tecer pacientemente os sonhos de paz e justiça social, sem perder nunca a esperança de vê-las coroadas por caminhos distintos ao confronto armado, mediante a reconciliação e o perdão. Um povo que deseja que a perseguição, a repressão e a morte e o acionar paramilitar, que ainda persistem, assim como múltiplas causas do conflito e o confronto possam ser superados de forma definitiva.

A mais recente cúpula da Celac [Comunidade dos Estados Latino-americanos e Carbienhos] determinou, com o consenso de todos os países da América Latina e do Caribe, que esta parte do mundo deve ser um território de paz. O Acordo Final de Havana chega para ratificar este propósito colocando fim ao mais longo conflito do continente. A terra inteira deveria ser declarada território de paz, sem nenhum espaço para as guerras, para que todos os homens e mulheres do planeta possam se chamar e atuar como efetivamente são, irmãos e irmãs sob a luz do sol e da lua, deixando para trás qualquer vestígio de miséria e desigualdade.

O tratado de paz que assinamos hoje em Cartagena, não só coloca fim a um conflito nascido em Marquetalia no ano de 1964, mas aspira também selar para sempre a via das armas, tão largamente transitada em nossa pátria. Quem sabe que sina bárbara ocupou posto em amplos setores da classe dirigente colombiana, desde o grito da independência da Espanha, pois as incontáveis guerras civis do século 19 proporcionam o lúcido testemunho da odiosa mania de pretender solucionar todas as diferenças com tiros, eliminando fisicamente o opositor político e não derrotando seus ideais com apoio popular; encobrindo desta forma propósitos obscuros para a preservação e a prolongação de um regime de privilégios e de enriquecimento em benefício próprio.

Em nosso parecer, toda forma de violência é neste sentido filosófico e moral um atentado contra a humanidade inteira, mas dolorosamente constitui agora um dramático testemunho da história humana.

Se alguma coisa a história nos demonstrou, é que não há povo que suporte indefinidamente a brutalidade do poder, ainda depois que o chamem com os apelos que queiram. Da mesma forma, os povos, vítimas iniciais e finais de todas as violências, são agora os primeiros a sonhar e desejar a paz e a convivência arrebatadas. Todo povo ama seus filhos e filhas e sonha com esperança com um futuro feliz para eles. Esta tem sido nossa incessante busca.

Concordamos em Havana com a realização de rigorosas investigações sobre o esclarecimento da verdade histórica do conflito colombiano. Deixamos portanto a elas as conclusões finais. Mas que se reconheça que as Farc-EP sempre tentaram, por todos os meios, evitar à Colômbia as desgraças de um prolongado enfrentamento interno. Outros interesses, demasiado poderosos no plano internacional e em nos centros urbanos e nos campos do país se encarregaram de inclinar a balança no sentido contrário através de múltiplos meios e de uma intensa ação comunicativa em que a manipulação midiática e a mentira tem feito parte a diariamente.


Guerrilheiros celebram o cessar-fogo bilateral definitivo anunciado em agosto


No entanto, jamais será possível apagar da história que, durante mais de trinta anos, cada processo de paz significou uma conquista da insurgência e dos setores populares que o exigiam. E que portanto temos pleno direito de declarar como uma vitória destes a assinatura deste acordo final pelo presidente Juan Manuel Santos e pelo comando das Farc-EP. Sendo igualmente justos, é preciso dizer que este tratado de paz é também uma vitória da sociedade colombiana em conjunto com a comunidade internacional.

Sem este amplo respaldo social e popular que foi crescendo na pátria durante estes últimos anos, não estaríamos frente a este magnífico acontecimento da história política do país. Hoje devemos agradecer por sua contribuição na conquista deste propósito coletivo as mulheres e homens desta bela terra colombiana, aos camponeses, indígenas e afrodescendentes, aos jovens, à classe trabalhadora em geral, aos artistas e trabalhadores da arte e da cultura, aos ambientalistas, à comunidade LGBT, aos partidos políticos e aos movimentos sociais e às diferentes comunidades religiosas, aos importantes setores empresariais e sobretudo às vítimas do conflito. Nossos filhos e filhas, os mais beneficiados, são a semente das gerações futuras, nos comoveram com suas grandiosas expressões de doçura e esperança.

Devemos admitir que nosso propósito de uma saída política ao sangramento fraticida da Nação encontrou no presidente Juan Manuel Santos um valioso interlocutor, capaz de encarar com firmeza as pressões e as provocações dos setores belicistas. A ele reconhecemos sua provada vontade de construir o Acordo que hoje se firma em nossa Cartagena heroica.

Pela primeira vez em mais de um século conseguiram finalmente unir suficientes vontades para dizer não aos amigos da guerra que durante tanto tempo se apoderaram do acontecer nacional para consumi-lo em um caos interminável e doloroso.

Toda esta construção social e coletiva pode render frutos graças ao incansável apoio dos países fiadores [da paz]. Nosso agradecimento a Cuba, ao comandante desta gloriosa revolução, Fidel Castro Ruz, ao general do exército e presidente Raúl Castro Ruz e ao povo cubano em geral. Igualmente ao Reino da Noruega e a todo o povo norueguês por decidir apoiar este processo.

Reconhecimento especial merece o comandante Hugo Chávez, que sem cujos trabalhos pacientes e discretos, este final feliz não teria tido começo. A Nicolás Maduro, que continuou este generoso esforço de paz em sua condição de presidente da República Bolivariana da Venezuela, país que nos acompanhou, e também ao povo desta república irmã. Nosso agradecimento ao chile, em sua qualidade de país acompanhante, a seu povo e à sua presidenta Michelle Bachelet. Também à Organização das Nações Unidas. A paz da Colômbia é a paz de Nossa América e de todos os povos do mundo.

Com o acordo final foi dado um transcendental passo a frente na busca por um país diferente, comprometendo-se a com uma reforma rural integral para contribuir com a transformação estrutural do campo. Promoverá uma participação política denominada Abertura democrática para construir a paz, com a que se busca ampliar e aprofundar a democracia. Nós das Farc-EP deixamos as armas ao mesmo tempo que o Estado se compromete em proibir a violência como método de ação politica.

Isto é, colocar fim definitivo à perseguição e ao crime contra o opositor político e dotá-lo de plenas garantias para sua atividade legal e pacífica. Junto com o cessar fogo bilateral e definitivo e a baixa de armas, com os quais termina para sempre o confronto militar, foi pactuada a reincorporação das Farc-EP à vida civil e econômica, social e política de acordo com nossos interesses e se subscreveu o acordo sobre garantias de segurança e luta contra as organizações criminais ou paramilitares que sangram e ameaçam a Colômbia.


Guerrilheiro conversa com civil após o cessar-fogo 


Merece especial atenção a previsão do Pacto Político Nacional, por meio do qual o governo e o novo movimento político surgido de nosso trânsito à atividade legal, promoveremos um grande acordo nacional e desde as regiões com todas as forças vividas da nação com o objetivo de fazer efetivamente o compromisso de todos os colombianos e colombianas, para que nunca mais sejam utilizadas as armas na política, nem se promovam organizações violentas como o paramilitarismo. Ao materializar este propósito comum, a Colômbia terá dado um gigantesco passo a frente no caminho da civilização e do humanismo.

De uma coisa estamos bem seguros, se este acordo final não deixa satisfeitos os setores das classes abastadas do país, a mudança representa uma lufada de ar fresco para os mais pobres da Colômbia, invisíveis durante séculos e para os mais jovens em cujas mãos se encontra o futuro da pátria, os quais serão a primeira geração de colombianos que crescem em meio a paz.

São quase três centenas de páginas os tópicos do Acordo Final que assinamos aqui, difíceis de resumir em tão breve espaço de tempo. Sua assinatura não significa que o capitalismo e o socialismo começaram a soluçar reconciliados nos braços um do outro. Aqui ninguém está renunciando seus ideias, nem baixando suas bandeiras derrotadas. Nós concordamos que seguiremos confrontando-as abertamente na arena política, sem violência, em um apoteótico esforço pela reconciliação e o perdão; pela convivência pacífica, o respeito e a tolerância; e sobretudo, pela paz com justiça social e democracia verdadeira.

Recordando a São Francisco de Assis, devemos repetir que quando enchemos a boca para falar de paz, devemos cuidar primeiro de ter nossos corações cheios dela.

Em todos os cenários possíveis continuará retumbando nossa voz contra as injustiças inerentes ao capitalismo, denunciando a guerra como o instrumento favorito dos poderosos para impor sua vontade aos pobres por meio da força e do medo, clamando pela salvação e pela conservação da vida e da natureza, exigindo o fim de qualquer forma de patriarcado e discriminação, propondo saídas verdadeiramente humanas e democráticas a todos os conflitos, seguros de que a imensa maioria dos povos preferem a paz e a irmandade sobre o ódio, e merecem portanto ocupar um lugar de privilégio na tomada de decisões que envolvem o futuro de todos.

A Colômbia precisa de transformações profundas para fazer realmente verdadeiros os sonhos de justiça social e progresso. A paz é, sem dúvida alguma, o elemento essencial para os grandes destinos que nos esperam como nação, que deverão caracterizar-se mais por suas luzes que por seu poder, como diria o Libertador [Simón Bolívar].

Para torna-lo possível, nossa pátria precisam além disso, de um renascimento ético, da restauração moral da qual falava Jorge Elécer Gaitán antes de ser assassinado naquele fatídico 9 de abril de 1948. O enriquecimento fácil e o descarado engano, a erva daninha semeada na mente dos cidadãos pela mentira midiática habitual, a farsa da educação baseada em ânimo de lucro de empresários sem princípios, a alienação cotidiana semeada pela publicidade mercantil, entre outros graves males, exigem para superá-los, o melhor dos valores humanos de nossos compatriotas.


Timoleón Jiménez assiste à Conferência das Farc


A sociedade colombiana tem que ser claramente inclusiva no campo econômico, no político, social e cultural. O Estado colombiano, depois de firmar este acordo, não pode seguir sendo o mesmo em que se permite que a saúde seja um negócio. Os tristemente conhecidos corredores da morte e as agonias das famílias condenadas na rua e na miséria por conta das exorbitantes dívidas com o sistema financeiro ou os carnês de gota-a-gota. A segurança com a que tanto sonham os colombianos e as colombianas não deve depender tanto do tamanho das forças de segurança do Estado, como de combate à pobreza e a desigualdade e a falta de oportunidades que padecem milhões de compatriotas, fonte real das formas mais duras de delinquência. Os serviços públicos devem chegar a todos e todas. É a esta tarefa que propomos nos somar a partir de agora, sem armas diferentes das nossas palavras. E é isso que o Estado colombiano prometeu solenemente respeitar e proteger.

Ao contrário dos que dizem que nosso ingresso na política aberta constitui uma ameaça, sentimos que milhões de colombianos e colombianos nos estendem seus braços generosos e felicitam seu governo por ter alcançado ao menos o fim do conflito armado, entre seus tantos propósitos. De todas as partes do mundo recebemos emocionadas saudações e aplausos por ter conseguido. A paz da Colômbia é a paz de Nossa América, voltam a repetir todos os governos do continente.

Diante deles selamos nosso compromisso de paz e reconciliação. Onde quer que daqui pra frente plante seus pés um antigo combatente das Farc-EP, podem ter a segurança de que vão encontrar uma pessoa decente, serena e sensata inclinada ao diálogo e à persuasão, uma pessoa disposta a perdoar, sincera, desprendida e solidária. Uma pessoa amiga das crianças, dos humildes e ansiosa para trabalhar por um novo país de forma pacífica.

Quase cinco anos atrás, em uma nota destinada a ser lida pelo presidente Santos, a poucos dias da morte de nosso comandante Alfonso Cano, terminava dizendo “assim não é, Santos, assim não é”. Com a convicção de que a Colômbia merecia um acordo muito melhor e que talvez com um pouco mais de vontade conseguiríamos conquista-lo. Devo reconhecer que o acordo assinado hoje constitui uma luz de esperança, cheia de anéis de paz, justiça social e democracia verdadeira, um documento de descomunal transcendência para o futuro de nossos filhos e filhas e da pátria inteira.

Os mais de 10 bilhões de dólares investidos na guerra pelo Plano Colômbia e o gigantesco gasto para financiar a guerra teriam servido para solucionar boa parte dos males do povo colombiano. Mas como diria nosso comandante Jorge Briceño, já não é tempo de chorar, e sim de caminhar para frente. Depois de centenas de milhares de mortos e milhões de vítimas, ao assinar juntos este documento, lhe digo, presidente, com emoção patriótica, que este sim era o caminho indicado. Assim era.

Os solados e policiais da Colômbia hão de ter claro que deixaram de ser nossos adversários, que para nós está definido que o caminho correto é a reconciliação da família colombiana. Esperamos que eles, como asseguraram varios de seus destacados comandantes, que jogaram papel importante na mesa em Havana, nos olhem de forma diferente do que sempre olharam. Todos somos filhos do mesmo povo colombiano, os grandes problemas nos afetam da mesma forma.


Icônima imagem do dia que as duas partes concordam com o acordo final 


A nossas guerrilheiras e guerrilheiros, a nosso prisioneiros e prisioneiras de guerra, a suas famílias, a nossos licenciados, queremos lhes enviar uma mensagem de alento. Vocês viveram e lutaram como heróis, abriram com seus sonhos o caminho da paz para a Colômbia. Os três monumentos que serão construídos com suas armas darão testemunho eterno do que representou a luta dos combatentes das Farc-EP e do povo humilde e valente desta pátria.

Colômbia espera agora que, graças à necessária diminuição de porcentagem de gasto público destinado à guerra que deverá trazer o fim do confronto e consequentemente o aumento dos investimentos sociais, nunca jamais, nem em Guajira, nem em Chocó, nem em nenhum outro espaço do território nacional, tenham motivo para seguir morrendo crianças de fome, desnutrição ou enfermidades curáveis.

Nós coroamos, por via do diálogo, o fim do mais longo conflito do hemisfério ocidental. Somos os colombianos e colombianas portanto um exemplo para o mundo: que daqui pra frente sejamos dignos de levar uma honra semelhante. Devemos reconhecer que cada um de nós tem por quem chorar. Perdemos filhos e filhas, irmãos e irmãs, pais e mães, amigos e amigas.

Glória a todos os caídos e vítimas desta longa guerra que hoje termina!

Em nome das Farc-EP peço sinceramente perdão a todas as vítimas do conflito, por toda a dor que temos podido causar nesta guerra.

Que Deus bendiga a Colômbia. Acabou a guerra. Estamos começando a construir a paz. O amor de Maurício Babilônia por Meme poderá ser agora eterno e as borboletas que voavam livres atrás dele, simbolizando seu infinito amor, poderão agora se multiplicar pelos séculos cobrindo a pátria de esperança. Bem vinda a segunda oportunidade sobre a terra!