O resultado do neoliberalismo

Empresários norte-americanos avaliam mal os resultados das políticas neoliberais

Cerca de duzentos representantes de corporações empresariais norte-americanas estiveram reunidos no Business Rounddtable (mesa redonda de negócios), principal entidade de cúpula do capitalismo americano, presidida por Jamie Dimon CEO do banco J.P.Morgan Chase. Ao final da reunião os empresários concluíram que a política neoliberal praticada há 40 anos – cujo objetivo principal seria gerar “valor para o acionista” – está errada e deve ser revista. A conclusão é que essa política gerou enorme concentração de renda para poucos e um gigantesco empobrecimento para a grande maioria da população. Essa situação tem provocado graves conflitos sociais que podem colocar em risco o próprio capitalismo.

Segundo a Business Roundtable, há quarenta anos, 1% dos norte-americanos detinham 7% da renda nacional e hoje o mesmo da população dos EUA já detém 22%, ou seja, três vezes mais. O encontro empresarial afirmou que a ideia de que se o acionista ganhar mais toda a economia prosperaria e beneficiaria o conjunto da sociedade é falsa.

Ainda segundo o conclave empresarial, o crescimento dos EUA está estagnado e não passa de 2% anual, mesmo o desemprego estando baixo. Há muitos trabalhando abaixo de sua capacidade porque não conseguem prosseguir suas carreiras e pela falta de crescimento da economia há uma estagnação e até regressão social nos EUA.

Enquanto isso a China governada há 70 anos pelo Partido Comunista e que não segue a política neoliberal, crescia em média 10%/ano, e nos últimos anos, para poder investir mais no social, resolveu reduzir para 6%.

Nos países da América latina, principalmente no Chile, tido como exemplo do neoliberalismo, a explosão social já chegou motivada pelo empobrecimento geral da população e do país. Uma das consequências mais dramáticas é o suicídio de idosos, que segundo estatísticas estão entre os que mais se suicidam no mundo.

Na Argentina, Equador, Colômbia, países da América Central, assim como vários países do mundo que adotam a política neoliberal, a situação é muito semelhante.

No Brasil os governos Temer e agora Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes teimam em adotar com muito mais ênfase essa política suicida. Segundo o último senso do IBGE, 1% de magnatas brasileiros já detêm 28,3% de toda a renda nacional, a segunda maior concentração do mundo, perdendo apenas para o Catar, país dos sheiks árabes.

Já que Bolsonaro, Paulo Guedes e outros ministros do atual governo vivem elogiando Trump e dizendo que o Brasil deveria seguir o exemplo dos norte-americanos, poderiam, enquanto não fica muito tarde, tomar conhecimento das conclusões da recente reunião da Business Roundtable.

Aluisio Arruda é jornalista, arquiteto, urbanista e membro do PCdoB-MT

As opiniões expressas pelo autor não refletem necessariamente a opinião do Vermelho

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