Roberto Jefferson ataca STF e incita golpe de Estado
Condenado no esquema do mensalão, ex-deputado é mais novo aliado de Bolsonaro. Ele pode ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional.
Publicado 09/05/2020 15:19

Novo aliado de Jair Bolsonaro, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, um dos políticos mais fisiológicos do país, fez um post neste sábado (9) no Twitter em que defende um golpe de Estado. Empunhando um fuzil, ele pediu a demissão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Estou me preparando para combater o bom combate. Contra o comunismo, contra a ditadura, contra a tirania, contra os traidores, contra os vendilhões da Pátria. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, escreveu o ex-deputado acima da foto com o fuzil.
E ainda: “Bolsonaro, para atender o povo e tomar as rédeas do governo, precisa de duas atitudes inadiáveis: demitir e substituir os 11 ministros do STF, herança maldita. Precisa cassar agora, todas as concessões de rádio e TV das empresas concessionárias Globo. Se não fizer, cai”.
A incitação ao golpe indignou líderes da oposição, formadores de opinião e internautas. Na avaliação do professor de Direito Constitucional Flávio Martins, Jefferson, já condenado no esquema do mensalão, pode ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional.
“Roberto Jefferson claramente pratica o crime previsto no artigo 23, da lei de segurança nacional: ‘Incitar à subversão da ordem política ou social’. Que o Ministério Público não se acovarde”.
A jornalista Vera Magalhães, do Estado de S. Paulo, também defendeu punição para Jefferson. “Só esses dois tuítes bastam para o ministro Alexandre de Moraes indiciar o ex-deputado no inquérito que apura os atos golpistas, não?”, escreveu.
Deputado pelo PSOL, Ivan Valente (SP) disse que Roberto Jefferson ameaça as instituições e pediu ações além da nota de repúdio. “Sempre esteve ao lado de tudo que não presta na política nacional, mantém sua tradição imunda e se agarra ao bolsonarismo. Ameaça as instituições, as liberdades democráticas, posa pra foto segurando fuzil. Nota de repúdio não basta. Qual será a resposta?”
Ex-candidato à Presidência da República também pelo PSOL, Guilherme Boulos lembrou as relações de Jefferson com Fernando Collor e ironizou a compra de deputados do Centrão por Bolsonaro, que está negociando cargos em troca de blindagem no Congresso.
“O governo Bolsonaro escalou Roberto Jefferson para a linha de frente na luta contra o comunismo. Aquele que liderou a tropa de choque de Collor. Foi uma indicação técnica. Não tem nada a ver com compra de votos na Câmara, tá ok?”, escreveu.