Variação do preço da cesta básica reflete pandemia, câmbio e clima

Variação do dólar barateou exportações e inflacionou importações; pandemia reduziu demanda de alguns produtos, barateando-os e aumentou de outros; variações climáticas também afetaram alguns preços.

Mesmo com as dificuldades da pandemia, o Dieese procurou fazer a tomada de preços da cesta básica, com limitações que demandam relativização dos resultados, devido à quebra na amostragem. Marcas foram mudadas, feiras livres não foram consultadas, não foi possível observar promoções, grandes redes de supermercados (com loja online) foram as referências mais fáceis de consulta, entre outras mudanças.

Assim, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos nas 17 capitais onde o levantamento é feito mensalmente está garantida para mensurar o momento delicado da economia e não haver um apagão de dados. Mesmo com as limitações foi perceptível a tendência de variação para cima ou para baixo numa mesma cidade.

Em São Paulo, praticamente não houve variação (0,02%). O custo da cesta foi calculada em R$ 556,36. Os preços dos alimentos, em média, subiram 9,84% no ano e 9,72% em 12 meses.

Salário mínimo

Já a cesta mais cara foi a do Rio de Janeiro: R$ 558,81. Com base nesse valor, o Dieese estimou em R$ 4.694,57 o salário mínimo necessário para as despesas de um trabalhador e sua família (dois adultos e duas crianças). Ou seja, 4,49 vezes o mínimo oficial (R$ 1.045).

Entre as 17 capitais pesquisadas, a variação de janeiro a maio foi de -6,92% (Brasília) a 17,85% (João Pessoa). No acumulado em 12 meses, a cesta básica teve deflação novamente em Brasília (-9,48%) em Aracaju (-1,96%). Subiu 18,96% em Goiânia, maior alta, e 17,70% em Curitiba.

O tempo necessário para adquirir os produtos da cesta foi calculado em 100 horas e 58 minutos, um pouco menos do que em abril (101 horas e 44 minutos). No mês passado, o trabalhador remunerado pelo mínimo comprometeu quase metade de seu rendimento (49,61%) para comprar os alimentos básicos.

Pesquisa na região Centro-Sul, a batata subiu em nove de 10 capitais, ficando acima de 55% em Goiânia e Campo Grande, por falta de chuva. Já o feijão teve aumento em 15 das 17 capitais. Segundo o Dieese, “mesmo que caiba alguma relativização por conta da coleta de preços especial, os aumentos foram expressivos”.

O tipo carioquinha, por exemplo, variou de 4,30% (João Pessoa) a 24,56% (Belém). Só houve redução do preço médio em duas cidades do Centro-Oeste (Brasília e Campo Grande). O feijão preto registrou aumento de 15,11% no Rio. Os aumentos também se deram por problemas climáticos e aumento de demanda.

Arroz e trigo foram afetados pela alta do dólar, pois o arroz foi mais exportado (pelo custo barato no exterior), ficando mais caro no Brasil, enquanto o trigo custou mais caro pois é importado. O arroz teve menos demanda interna na pandemia e o trigo e seus derivados foram mais consumidos.

Banana e tomate ficaram mais baratos por baixa demanda e forte produção.

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