Democratas têm time de advogados a postos para eleição nos EUA

Deputados democratas estão confiantes com relação às eleições, mas também se preparam para uma longa batalha judicial se resultados forem contestados.

O presidente Trump e aliados republicanos expressaram fortes dúvidas quanto à validade dos votos neste pleito, em especial em estados que ampliaram as opções de voto antecipado e pelo correio devido a preocupações de saúde relacionadas à pandemia do coronavírus.

Levando isso em conta, o setor de campanha dos deputados democratas se juntou aos democratas do Senado, dos estados e à base popular para colocar em campo equipes de advogados espalhadas pelo país antecipando longas e tumultuadas batalhas com relação à legitimidade dos votos.

Ao mesmo tempo, estão alertando o público e a mídia que a divulgação de números no caso das disputas mais apertadas quase certamente não acontecerá até a manhã de quarta-feira.

“Este é um Dia da Eleição que pode acabar parecendo uma Semana da Eleição. Eu espero que não [demore] muito mais do que isso, mas, se for o caso, o objetivo aqui é contar cada um dos votos, e temos uma equipe inteira com este objetivo”, disse na manhã desta terça-feira a deputada democrata Cheri Bustos, de Illinois, chefe do Comitê Congressista de Campanha Democrata.

Segundo Bustos, os democratas já destinaram US$ 10 milhões a “esforços litigiosos” nesta campanha e estão preparados para gastar mais após a eleição se necessário. “Usaremos todos os meios legais necessários para garantir a contagem de cada voto”, afirmou.

Para agentes eleitorais dos dois partidos, estar preparado para os desafios da eleição está longe de ser uma novidade, especialmente desde a demorada batalha pela contagem de votos na disputa alvo de intensas contestações entre Bush e Gore em 2000.

Mas os sinais pré-eleição de longas lutas judiciais são uma exclusividade deste pleito, refletindo tanto os desafios logísticos de votar na pandemia quanto o cenário político polarizado.

Durante meses, Trump atacou estados que ampliaram as janelas de votação antecipada, votação pelo correio e por caixa postal para se adequar à crise de saúde pública, afirmando, sem evidências, que tais estados promoviam fraude eleitoral. Alguns dos aliados republicanos do presidente contestaram essas mudanças de política eleitoral em ações judiciais, com resultados variados.

Nos últimos dias, no entanto, diversas decisões judiciais penderam a favor de regras eleitorais mais lenientes. Nesta segunda-feira, um juiz federal do Texas negou um pedido republicano para descartar quase 127 mil votos de locais de votação em esquema drive-in no enorme distrito que inclui Houston. E, na semana passada, a Suprema Corte da Pensilvânia decidiu contra o pedido dos republicanos para impedir o estado de contar votos pelo correio postados antes do dia da eleição mas recebidos depois.

Na segunda, Trump atacou a decisão da Pensilvânia, afirmando, sem entrar em detalhes, que incitaria violência. “A decisão da Suprema Corte sobre a votação na Pensilvânia é MUITO perigosa. Vai permitir fraude desenfreada e sem controle e prejudicar todo o nosso sistema de leis. Também vai provocar violência nas ruas. Algo precisa ser feito”, tuitou.

O Twitter marcou o post do presidente com um aviso de que “parte ou todo o conteúdo é controverso e pode levar a erro com relação às eleições ou outro processo cívico”.

A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, democrata da Califórnia, tem afirmado há meses que o candidato do partido à presidência, Joe Biden, derrotará Trump este ano. Ela repetiu a mensagem nesta terça. Mas, assim como Bustos, Pelosi disse que os democratas também estão preparados para lutar contra qualquer esforço para desqualificar votos legítimos.

“Estamos prontos legal e constitucionalmente, como congressistas e de todas as maneiras, para proteger nossa democracia de qualquer desonestidade que o presidente possa tentar introduzir. Mas estejam certos de que nossa democracia vai sobreviver. Eu não gosto de dizer isso, não gosto de ser obrigada a fazê-lo. Mas, se é o que o presidente quer, ir para o campo de batalha, nós estamos prontos”, disse Pelosi a jornalistas, em entrevista no Comitê de Campanha Democrata.

Fonte: The Hill/Tradução: Mariana Branco

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