Eleições 2022: PCdoB planeja candidaturas sindicais em todo o Brasil

De 83 deputados federais eleitos em 2010, a “bancada sindical” caiu para 51 em 2014 e apenas 33 em 2018

A pouco mais de cem dias para as eleições 2022, o PCdoB (Partido Comunista do Brasil) contabiliza 50 pré-candidatos oriundos do movimento sindical na disputa às assembleias legislativas, à Câmara Distrital, à Câmara dos Deputados e ao Senado. São nomes ligados sobretudo à CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) – mas também haverá candidaturas vinculadas a outras centrais sindicais.

“Melhorar a composição do parlamento com quadros sindicais organicamente comprometidos com a agenda dos trabalhadores é ação de grande relevância política. Além da liderança sindical, os comunistas que militam nesta frente precisam se tornar líderes políticos de massas e representar os interesses classistas no Poder Legislativo”, afirma Nivaldo Santana, secretário de Movimento Sindical do PCdoB.

Nivaldo Santana, secretário nacional de Movimento Sindical do PCdoB

As estatísticas respaldam Nivaldo. Conforme o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), o número de parlamentares de origem trabalhista no Congresso Nacional tem encolhido a cada pleito. De 83 deputados federais eleitos em 2010, a “bancada sindical” caiu para 51 em 2014 e apenas 33 em 2018.

Para a deputada federal Alice Portugal, retrocessos recentes – como a reforma trabalhista (2017) e a reforma da Previdência (2019) – se devem, em boa medida, a essa sub-representação de sindicalistas na política. “O governo Temer (2016-2018) aprovou a reforma trabalhista, enfraqueceu os sindicatos, tirou o imposto sindical e rasgou a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Mas o governo Bolsonaro foi o que mais retirou direitos dos trabalhadores brasileiros”, diz Alice.

“Bolsonaro refina as injustiças, ao aprovar, por exemplo, um trabalho ‘voluntário’ que é, na verdade, o trabalho desregulamentado a 50% do salário mínimo – a uberização do trabalho. Além do desmonte da estrutura do Ministério do Trabalho, há agressões ao Ministério Público do Trabalho e um desdém generalizado com os interesses dos trabalhadores”, acrescenta a deputada.

Para reverter essa tendência, o PCdoB planeja, em todo Brasil, o lançamento de candidaturas de lideranças com experiência em lutas sindicais e sociais. Historicamente, o sindicalismo tem sido uma fonte de grandes parlamentares comunistas. Exemplo disso é a bancada atual do PCdoB na Câmara Federal. De um total de oito deputados, cinco – Alice Portugal (BA), Daniel Almeida (BA), Jandira Feghali (RJ), Perpetua Almeida (AC) e Professora Marcivania (AP) – já atuaram no movimento sindical.

A deputada federal Alice Portugal, que foi sindicalista na Bahia

Antes de se tornar deputada, Jandira foi presidente da Associação Nacional dos Médicos Residentes e dirigente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro. No Acre, Perpétua foi fundadora do Sinteac (Sindicato dos Trabalhadores em Educação) e presidente do Sindicato dos Bancários. Já Marcivania destaca a própria categoria profissional em seu nome público. Formada em Letras e Direito pela Universidade Federal do Amapá, ela é professora da rede estadual de ensino do Amapá desde 1992.

Os dois deputados federais do PCdoB-BA também foram dirigentes sindicais: Alice Portugal integrou as direções da Assufba, da Fasubra e da CUT, enquanto Daniel Almeida presidiu o Sindicato da Indústria Têxtil de Salvador e Camaçari, além da seção da CUT na Região Metropolitana de Salvador.

“Para investir contra essas ações negativas que atingem os trabalhadores e seus direitos, precisamos aumentar nossa representação no Congresso”, enfatiza Alice. “É necessário eleger homens e mulheres comprometidos com a defesa dos trabalhadores.”

Colaborou Andressa Schpallir

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