Bolsonaro mexe na Petrobras numa tentativa atabalhoada de desviar foco

Com troca de comando na estatal, parlamentares de diferentes partidos dizem que o presidente quer esconder a incompetência da sua equipe econômica

Foto: Agência Sindical

Em vez de enfrentar a elevação do preço dos combustíveis, decorrente da política de paridade internacional incentivada pelo governo, Jair Bolsonaro preferiu, mais uma vez, trocar o presidente da estatal em uma tentativa atabalhoada de desviar o foco da sua incompetência na gestão econômica.

Na noite desta segunda-feira (23), o Ministério de Minas e Energia anunciou a demissão de José Mauro Ferreira Coelho, que ficou no cargo por apenas 40 dias. Ele foi o terceiro presidente da Petrobras no governo Bolsonaro. Os dois anteriores, também demitidos, são Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna.

Para o lugar de José Mauro Coelho, o governo decidiu indicar Caio Mário Paes de Andrade, auxiliar do ministro Paulo Guedes no Ministério da Economia.

Parlamentares criticaram mais uma troca de comando na empresa, sem alteração na política de preços submetida ao critério de paridade internacional – regra que faz o valor dos combustíveis variar de acordo com a cotação do barril de petróleo no mercado internacional e das oscilações do dólar.

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Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), a mudança na estatal é mais uma “trapalhada” do presidente, que tenta se livrar da culpa pela escalada de preços da gasolina e do diesel.

“O covarde não assume sua responsabilidade de mudar a política de preços, então, terceiriza a culpa. Tá claro, a culpa é do Bolsonaro!”, escreveu no Twitter.

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) também usou as redes sociais para criticar a dança das cadeiras na estatal. “Esse tira e bota presidente da Petrobras não baixa o preço do combustível. É preciso tirar o Bolsonaro p preço do combustível baixar”, disse.

O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) foi na mesma linha e reforçou as críticas: “Presidente da Petrobras cai toda semana. Só não cai o preço dos combustíveis, que aumenta continuamente. Absurdo da era Bolsonaro”.

Segundo o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), o governo Bolsonaro está brincando com a paciência do povo brasileiro. “Mais uma troca na presidência da Petrobras, apenas 40 dias depois da última troca. Enquanto isso, os preços dos combustíveis estão nas alturas e o povo pagando em dólar pela gasolina e diesel”, criticou.

“Caiu o presidente da Petrobras. E cairão muitos outros enquanto a política de preços não for revista e Bolsonaro for presidente do Brasil. Essas duas mudanças são necessárias e importantes. Até isso acontecer o povo segue sofrendo com o preço da gasolina, diesel e gás de cozinha”, pontuou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

A deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, diz que Bolsonaro troca comando da Petrobras como se troca de roupa. “Na verdade está deixando Minas e Energia e a estatal com Guedes para preparar privatização. Enquanto isso tenta enganar o povo. Se tem o poder de demitir tem o poder de mudar a política de preços. Simples assim”, afirmou.

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), o governo não tem direção. “Após 40 dias da última mudança, Bolsonaro promove nova troca na presidência da Petrobras. É o retrato de um governo perdido e sem coragem para mudar a paridade internacional de preços”, disse.

“O que Bolsonaro quer é bagunça: e instabilidade, desvalorizar a Petrobras e arranjar culpados pelo desastre de seu governo.  O Brasil deixou de ter Ministério da Economia, o que existe é a tesouraria da campanha do Jair. Tudo continua caro e a culpa é do Bolsonaro”, criticou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição na Casa.

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Insegurança

A substituição do presidente da Petrobras após apenas 40 dias de José Mauro Coelho na posição surpreendeu especialistas do setor energético e é lida de maneira negativa. Com isso, as ações da empresa abriram em queda na bolsa de Nova Iorque.

Petroleiro segura cartaz em crítica à atual política de preços da Petrobras I Foto: FUP