México boicota Cúpula das Américas sediada pelos EUA

O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador critica a ausência de Cuba, Nicarágua e Venezuela. Biden também confronta esses governos, estimulando a participação de oposicionistas golpistas.

O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador disse que não participará da Cúpula das Américas

As delegações de países latino-americanos começam a chegar a Los Angeles, Califórnia, para a Cúpula das Américas, que começa nesta segunda-feira (6). No entanto, um protesto significativo mancha o evento patrocinado por Joe Biden. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse hoje que não comparecerá à reunião.

O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, tentará avançar uma visão de uma região “segura, de classe média e democrática”, segundo a Casa Branca. A agenda ambiciosa foi ofuscada por rumores de que Washington planejava excluir Nicarágua, Cuba e Venezuela do evento, citando “preocupações com direitos humanos e falta de regime democrático”.

Horas antes da chegada dos chefes das delegações, a Casa Branca ainda não havia confirmado oficialmente sua lista final de participantes. As reuniões de baixo escalão estão programadas para começar nesta terça-feira, antes das convenções de nível presidencial na quarta-feira. O líder mexicano disse que enviaria um representante em seu lugar.

Falando a repórteres na semana passada, Juan Gonzalez, um alto funcionário da Casa Branca para a América Latina, disse que o governo está “realmente confiante de que a cúpula será bem frequentada, que nosso relacionamento com o México permanece e continuará sendo positivo. Nós queremos muito o presidente López Obrador lá”, acrescentou. 

Para reforçar a participação, Biden e a vice-presidente Kamala Harris entraram em contato pessoalmente com líderes latino-americanos nos últimos dias, principalmente os presidentes da Argentina e Honduras, que expressaram apoio provisório ao boicote.

Na semana passada, o presidente argentino Alberto Fernandez confirmou que participaria dos eventos e Honduras disse que enviaria o ministro das Relações Exteriores Eduardo Enrique Reina em vez do presidente Xiomara Castro.

Enquanto isso, o ex-senador dos EUA Christopher Dodd, que é assessor especial do evento, tem viajado pela região, persuadindo o presidente brasileiro de extrema-direita Jair Bolsonaro, aliado de Trump que ignora Biden, a fazer a viagem.

Agenda imperialista e ideológica

O conflito sobre a lista de convidados ameaçou minar o objetivo mais amplo de fortalecer as relações na América Latina e reviver a relevância da cúpula, que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, negligenciou em 2018, quando foi sediada no Peru. Como resultado, apenas 17 dos 35 chefes de estado da região compareceram naquele ano. Os EUA sediaram o evento pela última vez em Miami em 1994, seu ano inaugural.

Os críticos disseram que a escolha de dividir os países em linhas ideológicas, eliminando parceiros críticos, tornará mais difícil abordar questões regionais maiores, incluindo insegurança alimentar, inflação e esforços para convencer os países regionais a aumentar sua produção de petróleo e gás em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia.

A agenda ainda deve incluir esforços para impulsionar a liderança dos EUA no continente por meio da cooperação econômica, combate a crises de saúde pública, combate às mudanças climáticas e contenção da migração. Na segunda-feira, uma caravana de cerca de 11.000 imigrantes começou a viajar da fronteira México-Guatemala para a fronteira com os EUA.

Outros notaram que a disposição de alguns países de ameaçar boicotes sublinha a diminuição da influência de Washington na região, que se voltou cada vez mais para a China, atualmente o segundo maior parceiro comercial da América Latina depois dos EUA.

A cúpula vem como um pacote de US$ 4 bilhões para lidar com a migração da América Central, que deverá ser uma pedra angular da política de Biden.

Por outro lado, a Casa Branca estimula a participação de oposicionistas, e até golpistas daquelas países a participarem do evento. De Cuba, ativistas da sociedade civil cubana foram convidados. Biden também está considerando um papel para o líder da oposição venezuelana Juan Guaidó, possivelmente virtualmente em um evento paralelo.

Com informações de agências internacionais

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