Protesto no Equador faz governo reduzir preço dos combustíveis e impeachment é possível

Presidente do Equador, o direitista Guillermo Lasso, tenta se livrar do processo de impeachment que corre na Congresso. Alto desemprego e preços dos alimentos e combustíveis turbinam os protestos naquele país

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, tentou uma manobra para se manter no poder, neste domingo (26), ao revogar o estado de exceção que havia imposto nas seis províncias do país e anunciar a redução dos preços dos combustíveis, conforme reivindicam os manifestantes que paralisam o país desde o dia 13 de junho.

“O preço da gasolina vai baixar dez centavos de dólar (cerca de R$ 0,52) por galão [3,78 litros], e o preço do diesel também vai baixar dez centavos por galão”, declarou Lasso, que busca se livrar de um processo de impeachment em tramitação na Assembleia Nacional. Com a economia do país dolarizada, a gasolina extra passaria agora a custar US$ 2,45 por galão, enquanto o do diesel iria a US$ 1,80, ambos muito acima do pretendido pelos movimentos.

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Os altos preços dos combustíveis e dos alimentos, o desemprego em massa, a falta de recursos para saúde, e a violenta queda na renda alimentar são alguns dos graves pontos que abastecem a onda de protestos. Desesperado, as tropas governamentais atacaram covardemente até mesmo a Casa da Cultura do Equador, retomada pelos movimentos na noite desta sexta-feira (24), e despejaram bombas de gás lacrimogêneo ao redor da creche da Universidade Central que abrigava 200 filhos de manifestantes. De nada adiantou.

Foto: Conaie

Diante da decisão do dirigente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leônidas Iza, de manter a mobilização, transformada em pedido de impeachment pelos parlamentares, Lasso recuou e flexibilizou as medidas repressivas, anunciando o subsídio para fertilizantes e perdão de dívidas.

O problema é que o levantamento realizado pela Aliança de Organizações para os Direitos Humanos, que reúne 15 grupos, apontou que até a quinta-feira (23) a brutal repressão do presidente banqueiro contra os movimentos sociais – particularmente contra os indígenas – já havia matado cinco manifestantes, deixado cinco desaparecidos, 166 feridos e 108 detidos. Um verdadeiro banho de sangue para o qual foram jogados gás lacrimogêneo e granadas sonoras e tiros que levaram jovens a perda parcial de visão.

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O Congresso do Equador retomou no domingo (26) às 18h (20 horas de Brasília) o debate sobre o processo de impeachment de Guillermo Lasso. No Equador, é necessária uma maioria de dois terços, equivalente a 92 dos 137 legisladores. Uma vez aprovado o impeachment, o vice-presidente Alfredo Borrero assumiria o comando e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), tendo sete dias para convocar eleições presidenciais e legislativas.

Enquanto isso, como reconhece o próprio governo, “a produção de petróleo está em níveis críticos” devido ao crescimento vertiginoso dos protestos.

Com agências

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