Desafio da UJS é derrotar Bolsonaro e eleger Lula, diz presidente da entidade
Em entrevista ao Portal Vermelho, o presidente da UJS, Tiago Morbach, falou sobre a organização para derrotar Bolsonaro e eleger Lula e sobre os desafios para a juventude no próximo biênio
Publicado 17/07/2022 09:00 | Editado 18/07/2022 08:19
O 21º congresso nacional da UJS (União da Juventude Socialista) terminou neste domingo (17) com a eleição da sua nova direção nacional. Tiago Morbach foi reconduzido à presidência da entidade. Segundo ele, o desafio imediato é derrotar Bolsonaro e eleger Lula presidente.
Em entrevista ao Portal Vermelho, Morbach falou sobre os desafios da juventude, como foi o mandato anterior da UJS e como projeta o próximo biênio da militância:
A direção anterior, na qual você esteve como presidente pela primeira vez, foi eleita em 2020, com a pandemia de covid-19 crescendo rapidamente. Qual foi o desafio da realização do congresso anterior e como você avalia o biênio da gestão?
Há dois anos realizamos o primeiro congresso nacional da UJS inteiramente online, porque foi durante a pandemia. Antes estávamos em processos de mobilizações, com jornadas de lutas acontecendo, passeatas, manifestações de rua, mas, de repente, tudo teve que ser paralisado por causa da pandemia. Com isso, se deu um processo bastante novo para todos nós e toda a sociedade, que é difícil, complexo, vitimou mais de 600 mil brasileiros e nos obrigou a repensar toda a nossa forma de atuação. A nossa principal atuação se dá dentro das escolas e universidades, que permaneceram fechadas durante o período. Então tivemos que pensar formas online de chegar aos estudantes, chegar à juventude.
Ao mesmo tempo em que o nosso processo de congresso nacional da UJS de 2020 já estava em mobilização, tivemos que pará-lo e transformá-lo para o formato online. Organizamos diversos debates pelo YouTube e a nossa militância pode participar através de um canal do Zoom. O processo de votação que é presencial também foi inteiramente de forma online. Da mesma forma aconteceu com os nossos congressos estaduais, os congressos municipais e os congressos de núcleo. Então foi um período que tivemos que nos reinventar, encontrar respostas novas aos problemas que estavam surgindo e, ao mesmo tempo, toda a luta política que se dava ali em torno da pandemia e do governo Bolsonaro ainda exigiu que a gente organizasse diversas ações solidárias.
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Como foram estas ações? Como foi a atuação digital?
Nós estávamos vendo o nosso povo passar fome por não poder trabalhar, estávamos vendo o desemprego crescer, assim como a dificuldade da compra da vacina e toda a polêmica que girou sobre aquilo. Então organizamos diversas ações sociais e, nesse momento, inclusive, tivemos que abranger a nossa própria militância, que é grande parte da periferia, composta de trabalhadoras e trabalhadores. Muitos dos nossos militantes estavam desempregados, em dificuldades financeiras. Assim, organizamos ações que partiram para a nossa militância e chegaram na sociedade.
A primeira coisa é que durante esse período de fechamento nós giramos a nossa atuação para o digital e avalio que fomos uma das organizações que melhor se saiu nesse momento. Organizamos diversos cursos online de formação política. Organizamos junto com a Manuela D’ávila o curso “Por que lutamos?” sobre feminismo. Também realizamos um curso antirracista, um curso para entender o fascismo e saber como combatê-lo. Foram mais de 100 mil pessoas inscritas nesses cursos que continuam até agora. Isso oxigenou também a UJS e que nos permitiu ter uma presença digital muito maior do que antes.
Agora vivemos um período de reabertura gradual, como tem sido este movimento para a UJS?
De forma geral, é um momento de reencontro de uma geração inteira que passa a redescobrir a escola e a universidade, que estão em uma situação muito pior do que era antes da pandemia. Com a reabertura das escolas e das universidades se deu um processo de efervescência muito grande. Já vinha de um momento de acelerado desgaste do governo Bolsonaro com a questão da tentativa de propina com a vacina. Nós organizamos uma campanha chamada de “Revolta pela vacina” durante aquele período, e quando se deu a volta para as escolas e universidades, os problemas não deixaram de existir, só pioraram.
Para a universidade a gente vê que não tem o transporte público de qualidade ou foram cortados durante a pandemia e não voltaram até agora. Os cortes de investimentos nas universidades fizeram com que os restaurantes universitários não tivessem como reabrir ou aumentassem o valor cobrado. As moradias estudantis e os auxílios estudantis estão com o acesso cada vez mais difíceis, então houve esta explosão do reencontro de vários semestres de calouros ao mesmo tempo que estes problemas vão se acentuando. Assim, organizamos calouradas em diversas universidades pelo país, estamos realizando diversas eleições de diretórios acadêmicos estudantis para reorganizar o movimento estudantil nesse período pós-pandemia e isso tem significado um reencontro desses estudantes com o movimento estudantil.
Nas escolas o período foi ainda pior porque o rompimento de vínculo foi muito maior com os estudantes secundaristas. O ensino remoto funcionou muito pouco no Brasil para os estudantes de ensino médio e de ensino fundamental. Por isso, organizamos no primeiro semestre de 2022 o congresso da União Nacional dos Estudantes Secundaristas. Só da UJS foram mais de 3 mil estudantes mobilizados para o congresso que aconteceu em Brasília.
Neste 21º Congresso você foi reconduzido à presidência nacional da UJS. Quais são os desafios para o próximo biênio?
O nosso desafio é imediato, que é derrotar Bolsonaro. A chamada desse congresso foi Pelo Direito de Sonhar, porque esse último período tem sido de desemprego, de pandemia, tem sido devastador para a juventude. Tirou a própria perspectiva do jovem de construir uma vida melhor, de que os jovens podem lutar por um Brasil melhor. Então temos esse desafio imediato de derrotar Bolsonaro, eleger Lula presidente e ter um projeto de reconstrução do nosso país depois desse desastre que ocorreu ao longo desses últimos anos. Isso passa por um plano emergencial da educação brasileira, de recuperação desses jovens, de garantia de emprego porque a juventude é a mais afetada pelo desemprego.
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E qual será a estratégia da UJS para as eleições desse ano?
Estamos organizando comitês Fora Bolsonaro e comitês Lula Presidente que são comitês de pré-campanha nas universidades e nas escolas. Todos os lugares onde temos núcleo de atuação, onde temos direções municipais atuantes, estão se organizando nesse sentido, pois a juventude junto com as mulheres são os segmentos que mais rejeitam Bolsonaro. Precisamos estar mobilizados, não dá para deixar uma eleição morna. A violência política está acontecendo, tentam impor medo para o nosso lado e não podemos tolerar isto. Vamos construir um novo momento para o Brasil e isso só vai acontecer com mobilização social, organizando a campanha Com o Lula pelo Direito de Sonhar para marcar que esta eleição vai representar a abertura de um novo ciclo para o nosso país.