Bolsonaro busca Roberto Carlos para frear “onda Anitta” – e se dá mal

No entorno do “Rei”, a ordem é “nem se dar ao trabalho de responder à equipe do presidente”

Passou praticamente despercebida uma notinha de Valmir Moratelli, colunista do site da revista Veja. Na noite de domingo (17), o jornalista registrou que Jair Bolsonaro (PL) ficou incomodado com repercussão do apoio da cantora Anitta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições 2022. Para se contrapor ao “sacolejo de jovialidade que Anitta deu à candidatura de Lula”, o presidente da República (e pré-candidato à reeleição) procurou ninguém menos que o “Rei” Roberto Carlos – e se deu mal.

Segundo Moratelli, Bolsonaro estava convicto de que “o mais popular cantor do País” cederia a seu clamor e gravaria um depoimento para tentar frear a “onda Anitta”. E de onde viria tamanha confiança? “No já longínquo 2018, Roberto fez um raríssimo aceno a Bolsonaro, o que surpreendeu muita gente, visto que o Rei evita qualquer posicionamento político”, conta a coluna.

Porém, a suposta simpatia do artista ao ex-capitão já teria se esvaído diante do governo de destruição que o Brasil vive desde 2019. “Passados quase quatro anos e uma dolorosa pandemia, o cantor não pode nem ouvir falar no nome do presidente”, diz Moratelli. “Tanto que a ordem dada a pessoas próximas é nem se dar ao trabalho de responder à equipe do presidente.”

Em 2021, quando bolsonaristas usaram a música Verde e Amarelo, de Roberto, em vídeo de uma motociata em Florianópolis (SC), a reação do cantor e compositor foi a pior possível: “Não autorizei, não autorizo e não autorizarei”, disparou Roberto Carlos. Um ano antes, em entrevista coletiva, o cantor deixou clara sua decepção com o governo: “Ele (Bolsonaro) está tendo muita dificuldade em realizar o que propôs. Eu torço para o Brasil”.

Sem a adesão do “Rei” para frear a “onda Anitta”, o presidente teve de recorrer ao mais do mesmo. “Por enquanto, o máximo que Bolsonaro conseguiu foi garantir selfies com alguns sertanejos de outrora – como Amado Batista e Sérgio Reis, além de cantores nada unânimes no gosto popular, como o marombado Gusttavo Lima e duplas como Bruno e Marrone”, afirma Moratelli. “Nenhum capaz de causar furor parecido a Anitta.”

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