Promotor reafirma motivação política no assassinato do dirigente petista

O crime ocorreu em Foz do Iguaçu (PR) no dia 9 deste mês, quando o bolsonarista invadiu a festa de aniversário de 50 anos do dirigente petista e o matou. Antes ele teria gritado “Aqui é Bolsonaro”

Marcelo Arruda durante a festa do seu aniversário (Foto: Reprodução do Twitter)

Em entrevista ao UOL, o promotor Tiago Lisboa Mendonça reafirmou que houve motivação política no assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda pelo agente penitenciário Jorge Guaranho. O crime ocorreu em Foz do Iguaçu (PR) no dia 9 deste mês, quando o bolsonarista invadiu a festa de aniversário de 50 anos do dirigente petista e o matou. Antes ele teria gritado “Aqui é Bolsonaro”.

“O crime que denunciamos foi de homicídio duplamente qualificado por motivação política em decorrência dessa divergência político-partidária. Isso caracteriza o motivo fútil por ser desproporcional e banal. A gente não pode fechar os olhos para essa motivação que consta expressamente na denúncia”, disse o promotor num entendimento diferente do inquérito da polícia civil do Paraná.

Com base no depoimento da mulher do assassino, a delegada Camila Cecconello indiciou Guaranho por homicídio qualificado por motivo torpe e por causar risco a outras pessoas.

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De acordo com o promotor, a Justiça do Paraná deu prazo de dez dias para que o bolsonarista responda pelo assassinato. O agente foi baleado na troca de tiros com o guarda municipal e teve alta há três dias da UTI do Hospital Ministro Cavalcanti e está consciente. Agora, o MP aguarda pela sua recuperação para que ele responda pelo crime.

“Recebemos a informação de que o quadro de saúde dele é estável. Vamos esperar pela alta médica de Guaranho para que ele seja interrogado. A defesa dele já tem prazo para apresentar resposta à acusação”, disse Mendonça.

Autor do crime Jorge José da Rocha Guaranho (Foto: Reprodução)

Investigação

Ele também disse ao UOL que o Ministério Público do Paraná monitora a investigação da Polícia Civil envolvendo o suicídio de Claudinei Coco Esquarcini, 44, que morreu no  domingo (17) em Medianeira, a 50 km de Foz. Diretor da associação onde ocorreu a festa, ele é apontado no inquérito do assassinato de Arruda como o encarregado pela instalação do sistema de câmeras de vigilância no local do crime. O celular dele foi apreendido pela Polícia Civil e encaminhado ao Instituto de Criminalística.

“A perícia no aparelho telefônico é fundamental para ver se, de alguma forma, ele vinha sendo pressionado após a morte de Arruda. Ligações recebidas, feitas e conversas no celular estão sendo analisadas. A ideia é intensificar a atuação do MP nesse inquérito para ver se tem algum vínculo com o caso”, disse o promotor.

A Promotoria aguarda a conclusão de uma série de laudos periciais complementares, que estão sendo elaborados pelo Instituto de Criminalística e serão encaminhados à Polícia Civil do Paraná, que ouviu outras duas testemunhas e solicitou imagens do entorno do local do crime. Esse conteúdo foi acrescentado ao inquérito policial na noite de quarta, mesmo após o oferecimento da denúncia.

“Só depois [da avaliação desse conteúdo], vamos nos pronunciar no processo, para ver se é o caso de fazer algum tipo de aditamento na denúncia ou não”, afirmou o promotor.

Os laudos pendentes são sobre confronto balístico, gravador de vídeo para leitura labial dos envolvidos, análise do aparelho celular do investigado, de veículo automotor e o local de morte.

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