Medidas eleitorais de Bolsonaro terão custo a mais de R$ 180 bilhões em 2023

Além de menos recursos para o Tesouro Nacional, presidente reduzirá cofres estaduais e municipais em outros R$ 100 bilhões, segundo informa o jornal O Estado de S. Paulo.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Por conta das medidas eleitoreiras, Bolsonaro deixará como legado quase R$ 180 bilhões a menos no cofre do Tesouro Nacional para o próximo presidente da República enquanto a limitação da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis, energia, transporte e comunicações e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) representará uma redução de R$ 100 bilhões a menos nos cofres para governadores e prefeitos.

“A fatura já apareceu na conta do Tesouro Nacional nos últimos dias depois que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) suspenderam o pagamento de parcelas de dívidas dos Estados com a União para compensar a perda de arrecadação com a desoneração do ICMS. O movimento tende a crescer e assusta o Ministério da Economia com o risco de uma nova guerra nos tribunais”, afirma o Estado de S. Paulo. Em razão da queda na arrecadação do ICMS, o STF já concedeu a quatro estados a suspensão do pagamento da dívida pública: São Paulo, Piauí, Maranhão e Alagoas.

(Foto: Reprodução)

Reajuste dos servidores

De acordo com os cálculos, realizados pelo economista-sênior da consultoria LCA, Bráulio Borges, a pedido do jornal, além das medidas eleitorais, com a inclusão de um possível reajuste no salário dos servidores federais, o valor pode ultrapassar R$ 300 bilhões. O economista considerou a possibilidade de um reajuste de 10%, que não repõe nem metade da inflação acumulada de 25% prevista para o período de 2020 a 2022.

Ao jornal, o economista afirmou que o pacote consolida a perspectiva de uma espécie de “voo de galinha turbinado por um ciclo político-eleitoral” de expansão dos gastos públicos e de desoneração tributária. A expressão voo de galinha usada por ele é um jargão utilizado pelo mercado para expressar um crescimento de curto-prazo do Produto Interno Bruto (PIB), sem que se vislumbre uma recuperação sustentada da atividade econômica.  

Também está previsto no cálculo um custo adicional de pelo menos R$ 60 bilhões para financiar em 2023 a permanência do piso de R$ 600 do benefício do Auxílio Brasil. Segundo o Estado de S. Paulo, mesmo esse valor de R$ 60 bilhões é considerado conservador diante da inclusão de um número maior de famílias no programa para zerar a fila e, na área econômica, técnicos admitem que o aumento do custo do Auxílio Brasil poderá chegar a R$ 70 bilhões, além do orçamento atual de R$ 89 bilhões.