Brasil só reduziu a pobreza no governo Lula, diz Banco Mundial

“No começo dos anos 2000, o País viu PIB per capita crescer 32%, a desigualdade cair e a pobreza diminuir à metade”, aponta o a instituição

Fotomontagem feita com as fotos de: Cristiano Mariz/Veja e Ueslei Marcelino/Reuters

O governo Jair Bolsonaro e a pandemia de Covid-19 agravaram a pobreza no Brasil. Estudo elaborado pelo Banco Mundial e divulgado nesta semana pela BBC News Brasil chega a propor mais de dez medidas – algumas de matriz liberal – para enfrentar o problema. Mas, do ponto de vista histórico, o dado mais relevante do documento é a conclusão de que os melhores resultados alcançados no combate à pobreza foram sob o governo Lula (2003-2010).

“No começo dos anos 2000, o País viu PIB per capita crescer 32%, a desigualdade cair e a pobreza diminuir à metade”, aponta o relatório da instituição, que tem 155 páginas. Conforme a síntese da BBC, o Banco Mundial é uma “instituição financeira internacional que faz empréstimos para países em desenvolvimento”.

Um dos avanços mais expressivos da era Lula foi, de fato, a busca por mais equidade social. Na década de 2001 a 2011, segundo o Banco Mundial, a desigualdade teve queda de 9,4%, num dos melhores resultados entre todas as nações naquele decênio. A instituição prega uma série de medidas e políticas públicas que que o Brasil volte a ser exemplo na luta contra a pobreza.

O documento evita críticas à gestão Bolsonaro e crava a recessão econômica de 2014-2016 como um ponto de virada nas estatísticas sobre pobreza. A crise da Covid-19 tornou a situação ainda mais difícil, com o fechamento necessário da economia e retrocessos em áreas sociais.

Na educação, por exemplo, “uma em cada cinco crianças brasileiras de renda mais baixa não participou de atividade escolar alguma durante a pandemia”, de acordo com o Banco Mundial. “Enquanto 75,6% das crianças de lares mais ricos realizaram atividades escolares durante cinco dias da semana, somente 50% das crianças mais pobres tiveram a mesma frequência”.

Com Bolsonaro no poder, os trabalhadores também foram sistematicamente prejudicados. “Em 2019, antes da pandemia, apenas 17,7% dos desempregados brasileiros recebiam seguro-desemprego, bem abaixo da média de 37% dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)”, registra a BBC.

Numa economia que corta verbas da Educação, da Ciência e da Tecnologia, a má qualificação será, em breve, um gargalo para o mercado de trabalho. Segundo o Banco Mundial, “95% dos trabalhadores pobres trabalham em ocupações com risco relativamente alto de automação; cerca de um terço dos brasileiros com 20 a 39 anos não concluíram o ensino médio e só 17% têm diploma de ensino superior; e a taxa de dependência (relação entre o número de crianças e idosos e a população em idade ativa) da economia brasileira deve subir dos atuais 45% para 67% até 2060”.

O documento critica, ainda, a falta de uma metodologia oficial de medição de pobreza no País – o que leva o governo Bolsonaro a tomar medidas eleitoreiras, de curto prazo, para melhorar suas intenções de voto. É o caso do aumento recente do Auxílio Brasil. “Com uma metodologia analiticamente sólida, é possível definir o custo de vida no País e quanto as famílias precisam para cobrir suas necessidades básicas”, lembra Gabriel Lara Ibarra, economista responsável pelo estudo do Banco Mundial. “Isso pode servir de ponto de referência para identificar as famílias que estão em necessidade de apoio monetário.”

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