China sanciona presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, após viagem a Taiwan

Pelosi e família se tornam persona non grata na China após “desconsiderar preocupações e oposição resoluta à sua visita provocativa à ilha autogovernada.

Nancy Pelosi chega ao Jing-Mei White Terror Memorial Park na cidade de Nova Taipei

A China anunciou sanções não especificadas contra Nancy Pelosi e sua família, após a visita da presidenta da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos à ilha autônoma de Taiwan no início desta semana. Não houve detalhes sobre as sanções a Pelosi, mas tais movimentos são geralmente de natureza simbólica.

Na quinta-feira, a Casa Branca convocou o embaixador chinês Qin Gang para condenar as ações crescentes contra Taiwan e reiterar que os EUA não querem uma crise na região. Com isso, Washington tentou demonstrar arrependimento com a provocação geopolítica da deputada.

Em um editorial publicado no Washington Post minutos após sua chegada, Pelosi disse que os EUA não poderiam ficar parados enquanto Pequim “continua a ameaçar Taiwan – e a própria democracia”.

O governo Biden disse que não apoia a independência de Taiwan, que é reconhecida por apenas 13 países e o Vaticano, ou a mudança do status quo, mas que Pelosi tem o direito de visitar a ilha.

Uma declaração do Ministério das Relações Exteriores da China na sexta-feira disse que Pelosi desconsiderou as preocupações da China e a oposição resoluta à sua visita – a China reivindica Taiwan como seu território e se opõe a que a ilha tenha seus próprios compromissos com governos estrangeiros. Pelosi, a segunda na linha de sucessão à presidência, foi a mais alta autoridade dos EUA a visitar Taiwan em 25 anos.

Classificando sua viagem como uma ação provocativa que minou a soberania e a integridade territorial da China, Pequim decidiu interromper a cooperação com os EUA em oito medidas específicas, incluindo questões militares, trabalho antidrogas, mudanças climáticas, negociações sobre prevenção de crimes transfronteiriços e sobre repatriamento de migrantes indocumentados.

Também realizou exercícios de tiro real em águas perto de Taiwan – o maior realizado pela China no Estreito de Taiwan – que devem durar até domingo.

Sanções comerciais

As autoridades de comércio e alfândega chinesas disseram na quarta-feira que interromperam as exportações de areia, um material essencial usado na construção, e as importações de frutas cítricas de Taiwan e alguns tipos de peixes. A interrupção das exportações de areia pode ter um impacto significativo, já que a construção se tornou uma importante fonte de crescimento econômico durante a pandemia.

O Escritório de Assuntos de Taiwan da China anunciou separadamente que proibiria empresas e indivíduos da China continental de fazer transações financeiras com duas fundações de Taiwan, a Fundação para a Democracia de Taiwan e o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento Internacional de Taiwan.

As medidas comerciais seguem um aviso da agência alfandegária da China na segunda-feira de que havia colocado na lista mais de 100 marcas de alimentos taiwanesas por não renovarem seu registro de exportação.

A China é o maior parceiro comercial de Taiwan, com as exportações da ilha para a China continental e Hong Kong atingindo US$ 188,9 bilhões em 2021.

No ano passado, a China proibiu as importações de abacaxis taiwaneses citando preocupações de “biossegurança”, em uma medida vista como uma tentativa de pressionar o governo da ilha.

Na manhã desta sexta-feira (5), a China enviou navios militares e caças ao Estreito de Taiwan, cruzando o que há décadas era uma zona tampão não oficial entre a China e Taiwan.

O Ministério da Defesa do Japão disse mais tarde acreditar que os outros quatro mísseis, disparados da costa sudeste de Fujian, na China, sobrevoaram Taiwan.

O primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, que se encontrou com Pelosi em Tóquio na sexta-feira, disse que os exercícios militares da China contra Taiwan representam um “grave problema” que ameaça a paz e a segurança regionais. Ele acrescentou que os lançamentos de mísseis precisam ser “interrompidos imediatamente”.

De sua parte, Pelosi disse que a China não pode impedir que autoridades americanas visitem Taiwan.

“O governo chinês não está satisfeito que nossa amizade com Taiwan seja forte”, acrescentou Pelosi. “É bipartidário na Câmara e no Senado, apoio esmagador à paz e ao status quo em Taiwan.”

A China disse que convocou diplomatas europeus no país para protestar contra declarações emitidas pelo G7 e pela União Europeia em defesa de Taiwan.

Com informações das agências internacionais.

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