Apesar da bancada dura, Lula marca golaço na sabatina do Jornal Nacional

“Durante cinco anos eu fui massacrado e estou tendo hoje a primeira oportunidade de falar disso ao vivo com o povo brasileiro”, disse na entrevista

(Fotos: Reprodução)

Usando a metáfora futebolística Lula marcou um golaço na sabatina do Jornal Nacional nesta quinta-feira (25). Os entrevistadores William Bonner e Renata Vasconcellos foram contundentes nos questionamentos, mas o candidato demonstrou segurança, lucidez e firmeza nas respostas.  

O ex-presidente gerou mais engajamento nas redes sociais do que Bolsonaro e Ciro somados. Foram 15 milhões de reações, frente a 9 milhões do atual presidente e 2 milhões do pedetista.

“Durante cinco anos eu fui massacrado e estou tendo hoje a primeira oportunidade de falar disso ao vivo com o povo brasileiro. A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada. No meu governo criamos o portal da transparência e a lei anticorrupção”, disse o ex-presidente no início do que pode ser considerado um passeio televisivo.

“Não tenho dúvidas: Lula foi muito bem! Isso diante uma bancada dura, que buscou colocá-lo na defensiva todo o tempo, sem chance de projetar futuro. Marca da entrevista: valorizou Alckmin e mostrou que a frente democrática é pra valer”, avaliou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), ex-ministro de Lula.

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“Com a bela entrevista de ontem e o início da campanha de rádio e TV, Lula entra na reta final em vantagem.  Auxílio eleitoreiro, gasolina, JN, nada resolveu. Agosto finda, a areia da ampulheta vai se esgotando para Bolsonaro. Tic-tac. O Brasil vai voltar a sorrir!”, comemorou o deputado,

Para ele, Lula demonstrou ser um homem de Estado, experiente, ciente de que o candidato representa a união que o ampara e, sobretudo, equilibra-se diante de convicções, circunstâncias históricas e circunstâncias políticas da realidade concreta. “Ou seja, se vencer, o governo será da frente, não estreito”, completou.

A vice-líder da oposição na Câmara, Perpétua Almeida (PCdoB-AC), diz que Lula foi muito bem na entrevista. “Já o William Bonner, eu queria entender por que ele falou tão fino com Bolsonaro e engrossou a voz, de forma raivosa, com Lula”, observou.

“Lula conhece esse país como ninguém e tem capacidade incrível de colocar a gente na rota do crescimento de novo. O Brasil todo quer que no dia 02 de outubro dê PT de novo”, destacou o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA).

“Finalmente o Brasil conseguiu ver um candidato de verdade, com propostas, lucidez, firmeza e projeto claro para governar o nosso país! Sem dúvidas, dentre todos os entrevistados no JN, Lula se mostrou o mais preparado”, avaliou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA).

A deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, diz que Lula mostrou o que é ser presidente da República. “Conhece o país, conhece o Estado e conhece o povo brasileiro. O Brasil estava com saudades de ver um presidente de verdade, de ver o Lula! Arrasou! Valeu toda luta”, festejou.

A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) diz que Lula repôs a verdade sobre o auxílio emergencial. “Bolsonaro e Guedes queriam R$ 200. Lutamos e conseguimos R$ 600. Uma emenda minha garantiu os R$ 1200 para mães chefes de família”, lembrou.

Confira alguns trechos da entrevista:

Educação

“Nós pegamos o Brasil com 3,5 milhões de estudantes universitários, deixamos com 8 milhões. Ou seja, esse país é um país do futuro que nós precisamos construir. Não existe nenhuma experiência de país que ficou rico sem investir na educação”.

Amazônia

O ex-presidente ressaltou ainda a importância de o Brasil explorar correta e cientificamente a biodiversidade da Amazônia para gerar empregos para quem vive na região. Ele disse que há empresários sérios no agronegócio que não querem desmatar, mas sim preservar rios, águas e a fauna brasileira.

Economia

“Esse país tem que voltar a crescer, tem que voltar a ser feliz, tem que voltar gerar emprego. O povo tem que voltar a comer churrasquinho, comer uma picanha e beber uma cervejinha (…) Eu vou voltar a governar para fazer as coisas melhor do que eu fiz. Um homem de 76 anos, que digo todo dia que tem energia de 30, é porque eu acho que é possível recuperar esse país, a economia voltar a crescer, gerar emprego, estou convencido disso. Se eu não acreditasse nisso, eu não voltaria, eu preferia ficar em casa vivendo os louros de ser o melhor presidente da história do Brasil”.

Orçamento secreto

“Orçamento Secreto não é moeda de troca, isso e usurpação do poder. Acabou presidencialismo, Bolsonaro não manda nada, o Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento, o orçamento quem cuida é o Arthur Lira [Presidente da Câmara]. É ele quem libera as verbas, o ministro liga para ele, não liga para o Presidente”.

Agricultura

“Para mim, pequeno produtor rural, médio produtor rural tem que viver pacificamente com o grande agronegócio. O Brasil tem possibilidade de ter os dois. Um produz mais internamente, outro produz mais externamente. (…) É extremamente importante a convivência pacífica dessa gente”.

Agronegócio

Lula lembrou das ações de seus governos para o agronegócio, permitindo por exemplo renegociação de dívidas de R$ 85 bilhões, para evitar que alguns produtores quebrassem, e disse que há setores do agro incomodados com o fato de os governos petistas atuarem em defesa do meio ambiente e contra o desmatamento.

MST

Questionado sobre a relação com o MST, Lula disse que o movimento está cuidando de produzir. “O MST está fazendo uma coisa extraordinária nesse país. Tem várias cooperativas e é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil. Nós temos que pacificar esse país”.

Alckmin

O ex-presidente citou Paulo Freire para definir a importância da sua aliança com Geraldo Alckmin para a democracia. Lula afirmou que tem “100% de confiança” de que seu vice na chapa da Coligação Brasil da Esperança vai ajudá-lo a consertar o país. “Eu aprendi na minha vida a conversar. Se tem uma coisa que aprendi na vida foi negociar, foi conversar com os contrários. Tem uma frase do Paulo Freire que é fantástica, que eu utilizei para mostrar aos militantes do PT a entrada de Alckmin. De vez em quando, a gente precisa estar junto dos divergentes para vencer os antagônicos. E agora nós precisamos vencer o antagonismo do fascismo”.

Com informações do lula.com.br

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