Incompetência do governo não tira do papel linhão Manaus-Boa Vista
Reportagem do Estadão desta quarta-feira (14) revelou que as obras não começaram por problemas no próprio governo
Publicado 14/09/2022 12:30 | Editado 14/09/2022 13:06

Apesar das promessas, o desgoverno Bolsonaro não conseguiu dar início a construção do Linhão de Tucuruí, entre as capitais Manaus e Boa Vista, cujo objetivo era ligar Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia. Reportagem do Estadão desta quarta-feira (14) revelou que as obras não começaram por problemas no próprio governo.
Uma reunião entre a Transnorte Energia, dona do projeto, com representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), deixou claro que não houve avanços por falta de posicionamento oficial do Ministério de Minas e Energia (MME), Ibama e a Funai.
“O que foi negociado foi aceito pela empresa e indígenas, resta o aceite do governo federal”, declarou a concessionária ao jornal.
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A obra do linhão não havia sido autorizada em decorrência do impacto ecológico imposto à Terra Indígena (TI) Waimiri Atroari, onde vivem mais de 2.300 indígenas. Dos 720 km da linha de transmissão, 122 km passam no meio de suas terras.
Pressionado por ações na Justiça, o governo aceitou a proposta de compensação da Associação Waimiri-Atroari (ACWA) pela qual se propõe uma indenização de R$ 133 milhões pelos prejuízos ao território, modos de vida e cultura indígena.
Juliana Paula Batista, advogada do Instituto Socioambiental (ISA), diz que a situação chegou a esse ponto por causa da incapacidade do atual governo.
“A construção do linhão de transmissão de energia entre Manaus e Boa Vista gerou uma onda de racismo contra os indígenas Waimiri Atroari. Agora vem novamente à tona um fato sempre presente: o problema não são os indígenas, mas a incompetência governamental”, disse a advogada.

Promessas
Em setembro do ano passado, Bolsonaro esteve em Roraima para lançar a pedra fundamental da obra. “Depois de mais de 10 anos de espera, finalmente, Roraima não mais dependerá de termoelétricas, caras e poluentes”, prometeu.
Disse que se tratava de um leilão inédito de energia limpa que daria autossuficiência a Roraima até o final de 2020. “O último obstáculo para o início das obras foi vencido e nós temos uma pedra aqui do lado, a pedra fundamental para o início da construção do linhão”, anunciou.