Celso de Mello declara voto em Lula e chama Bolsonaro de ‘medíocre’

Em nota, ex-ministro do STF afirma que atual chefe do Executivo “é figura constrangedora” “sem estatura presidencial” e que atua de modo “vulgar”

Ex-ministro do STF, Celso de Mello | Foto: Rosinei Coutinho/STF

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello seguiu o mesmo caminho do ex-ministro Joaquim Barbosa e declarou, por meio de nota divulgada nessa terça-feira (27), voto no candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) logo no primeiro turno das eleições.

Na mensagem, Mello classifica Jair Bolsonaro como “constrangedora figura de um político menor, sem estatura presidencial , de elevado coeficiente de mediocridade , destituído de respeitabilidade política, adepto de corrente ideológica de extrema-direita que perigosamente nega reverência à ordem democrática, ao primado da Constituição e aos princípios fundantes da República”. E é por repúdio ao atual chefe do executivo que ele justifica voto em Lula no primeiro turno.

Segundo o jornal Globo, o apoio do ex-ministro foi comemorado porque, assim como Barbosa, ele foi severo com o PT na época do julgamento do mensalão. Por este motivo, sua declaração do voto em Lula é vista como capaz de sensibilizar pessoas que ainda tem receio de votar no ex-presidente por conta dos escândalos de corrupção dos governos petistas, pela veemente maneira com que ele aponta a incapacidade de Bolsonaro para governar.

A declaração foi feita ao coordenador do grupo de juristas Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, que procurou Mello em busca de um vídeo similar ao de Barbosa, mas que não foi feito por questões de saúde. Porém, o ex-ministro aposentado de 76 anos, expressou entusiasmo em fazer parte de um grupo crescente de personalidades do meio jurídico e de outras áreas que têm declarado voto no ex-presidente pela necessidade de derrotar Bolsonaro.  

Essa não foi a primeira vez que o ex-ministro repreendeu Bolsonaro. Veja abaixo.

maio de 2020comparou o Brasil sob Bolsonaro à Alemanha de Hitler e disse ser preciso “resistir à destruição da ordem democrática, para evitar o que ocorreu na República de Weimar, quando Hitler não hesitou em romper e nulificar a progressista, democrática e inovadora Constituição de Weimar”;

agosto de 2021 – afirmou ao Poder360 que o atual chefe do Executivo é “inconsequente” e aprofunda rupturas institucionais; comentava um pedido de impeachment feito por Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes;

agosto de 2021 – escreveu artigo de opinião ao Poder360 no qual diz que convocações para golpes merecem o “desprezo” da população. Falava das manifestações de 7 de setembro convocadas por apoiadores do presidente;

julho de 2022disse em mensagem que Bolsonaro é um “político medíocre” com “aversão à democracia”.

Leia abaixo a íntegra da nota de Celso de Mello:

“A atuação de Bolsonaro na Presidência da República revelou a uma Nação estarrecida por seus atos e declarações a constrangedora figura de um político menor, sem estatura presidencial, de elevado coeficiente de mediocridade, destituído de respeitabilidade política, adepto de corrente ideológica de extrema-direita que perigosamente nega reverência à ordem democrática, ao primado da Constituição e aos princípios fundantes da República e cujo comportamento vulgar, de todo incompatível com a seriedade do cargo que exerce, causou o efeito perverso de vergonhosamente degradar a dignidade do ofício presidencial ao plano menor de gestos patéticos e de claro (e censurável) desapreço ao regime em que se estrutura o Estado Democrático de Direito!

Em defesa da sacralidade da Constituição e das liberdades fundamentais, em prol da dignidade da função política e do decoro no exercício do mandato presidencial e em respeito à inviolabilidade do regime democrático, tenho uma certeza absoluta: NÃO votarei em Jair Bolsonaro!!!

É por tais razões que o meu voto será dado em favor de Lula no primeiro turno.

CELSO DE MELLO, Ministro aposentado e ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal, biênio 1999”

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Com informações de agências

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