Encontro de governadores com Lula terá a economia como assunto principal

Perdas do ICMS e reajuste da tabela SUS devem ser os temas centrais; Lula quer indicação das principais obras de infraestrutura em cada estado no encontro que deve acontecer em janeiro.

Gladson Cameli (PP), Wanderlei Barbosa (Republicanos), Fátima Bezerra (PT), Lula (PT), Hélder Barbalho (MDB), Renato Casagrande (PSB) e Mauro Mendes (União Brasil), na COP 27. Foto: Giovani Pagotto/Governo-ES

Durante a campanha que o elegeu para ser presidente pela terceira vez, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pontuou, diversas vezes, que uma de suas primeiras medidas ao assumir o governo será encontrar os 27 governadores. Quando esse dia chegar, questões como a compensação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e a revisão da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) estarão no centro do debate.

Lula repetiu a intenção de encontrar os governadores em discurso feito durante a COP 27, no Egito, oportunidade em que uma prévia da reunião foi realizada. Durante o evento, o presidente eleito recebeu uma carta dos governadores do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal. O governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB) entregou a carta a Lula, ocasião em que Wanderlei Barbosa (Republicanos), do Tocantins, Mauro Mendes (União Brasil), do Mato Grosso, e Gladson Cameli (PP), do Acre, também participaram. Ainda durante o evento estavam a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), e o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB).

Para o encontro que será realizado no próximo ano, Lula espera que os governadores indiquem as principais obras de infraestrutura de cada estado e também trabalhará com o pedido para que a tabela do SUS seja revisada. A falta de revisão faz com que os repasses de valor entre União, estados e municípios fique defasado, o que tem precarizado o atendimento e feito com que as filas de atendimento cresçam. Nesse aspecto, a participação da União no custeio vem caindo ano a ano, sobrecarregando os estados, situação que é alvo da reivindicação dos governadores.

Outro ponto são as perdas com o ICMS. O governo Bolsonaro (PL), em uma tentativa desesperada para vencer as eleições, tentou conter a alta dos preços dos combustíveis limitando a cobrança do ICMS entre 17% e 18% sobre combustíveis, energia elétrica, transportes e comunicações.

O teto fez com que os estados tivessem perda de receita. Com isso, governadores recorreram ao STF para acionar o mecanismo que prevê compensação em caso de as perdas de arrecadação superassem 5% em relação ao ano anterior.

Desde o início do segundo semestre diversos estados que recorreram ao STF conseguiram liminar que permitiu que as perdas fossem compensadas na dívida com a União. Com isso, os estados do Acre, Alagoas, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e São Paulo descontam desde agosto as perdas.

De acordo com o jornal Valor Econômico, é estimada uma perda de R$ 25,1 bilhões para os estados com o teto do ICMS, considerando julho e dezembro de 2022, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Caso o valor de perdas seja corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, esse valor seria ainda maior. Especificamente, o estado de São Paulo estimou que deixaria de arrecadar R$3,2 bilhões, em 2022. No Rio Grande do Sul, R$ 2 bilhões e outros R$ 5 bilhões no próximo ano. No Rio de Janeiro, estima-se em R$ 6,2 bilhões a perda de arrecadação.