Eletrobras dá aumento de 3.500% a diretores no fim do governo Bolsonaro

A Eletrobras foi a primeira grande estatal a ser vendida após quase quatro anos do governo Jair Bolsonaro. O aumento do rendimento dos acionistas serão retroativos a partir de abril de 2022.

Foto: Marcelo Camargo /Agência Brasil

Faltando poucos dias para o fim do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a Eletrobras concedeu um aumento de até 3.500% à sua diretoria. O governo brasileiro controlava a estatal até julho deste ano, quando a empresa foi capitalizada e seu comando foi privatizado.

O Brasil de Fato divulgou que a decisão foi tomada em assembleia, realizada na última quinta-feira (22), onde os acionistas autorizaram que o salário do presidente da Eletrobras, cargo ocupado atualmente pelo engenheiro Wilson Ferreira Júnior, suba dos atuais R$ 52,3 mil para R$ 300 mil por mês – aumento de mais de 470%. Já o salário mais alto pago a um conselheiro de administração passe de R$ 5,4 mil para R$ 200 mil – aumento de mais de 3.500%.

Uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) determinava a suspensão da assembleia mencionando o pedido do governo de transição e o risco de ela “gerar grave lesão ao interesse público”. Contrariando o pedido, ela foi realizada. Integrantes do governo de transição também solicitaram que a assembleia de acionistas que aprovou o aumento fosse cancelada.

Só para remunerar administradores, a Eletrobras prevê gastar quase R$ 36 milhões no ano. O aumento serão aplicados retroativamente a partir de abril de 2022. Só para remunerar administradores, a Eletrobras prevê gastar quase R$ 36 milhões no ano.

Mais uma venda da Petrobras

Já a Petrobras finalizou também na quinta-feira a venda da totalidade de sua participação no campo de produção de Papa-Terra, localizado na Bacia de Campos, para a empresa 3R Petroleum Offshore. O conselho de administração da 3R é presidido por Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras.

A operação foi concluída com o pagamento de cerca de R$ 100 milhões para a empresa, somado ao montante de R$ 30 milhões já pagos na assinatura do contrato de venda.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) vê claro conflito de interesses e favorecimento à 3R desde que Castello Branco foi contratado pela empresa, em abril de 2022.

Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, recordou que as negociações entre a Petrobras e a 3R Petroleum movimentaram cerca de cerca de R$ 15 bilhões durante os dois primeiros anos de governo Bolsonaro, quando Castello Branco comandava a estatal.

“A 3R comprou uma série de polos de campos maduros de petróleo da Petrobras a preço de banana. Foram preços abaixo do valor de mercado, conforme avaliações feitas não somente pela própria companhia, como também por especialistas na área”, afirma Bacelar.

Com informações Brasil de Fato

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