Ex-ministro de Bolsonaro preso, fica calado em depoimento à PF

Anderson Torres é acusado de omissão e conivência com os atos golpistas que resultaram na invasão e depredação de prédios na Praça dos Três Poderes

Anderson Torres (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal (DF), ficou calado no depoimento que prestaria nesta quarta-feira (18) à Polícia Federal (PF). Ele se encontra preso no 4º Batalha da Polícia Militar no Guará (DF), onde os policiais tentaram ouvi-lo pela manhã.

Conforme já havia antecipado o advogado Rodrigo Roca, Torres adotou a tática do silêncio. A defesa alegou que o cliente não teve acesso aos autos do processo. Portanto, o ex-ministro limitou-se a dizer que não tinha declarações a dar aos investigadores.

O ex-ministro é acusado de omissão e conivência com os atos golpistas que resultaram na invasão e depredação de prédios na Praça dos Três Poderes. Ele estava à frente da Secretaria de Segurança do DF quando, após mudar o comando da PM, tirou férias e viajou para os Estados Unidos.

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Em depoimento à PF, o governador afastado do DF, Ibaneis Rocha (MDB), responsabilizou Torres pelos atos fascistas e considerou que “houve algum tipo de sabotagem” por parte do ex-secretário.  

O interventor na segurança do DF, Ricardo Cappelli, que é secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, responsabilizou Torres diretamente pelos atos fascistas. “Ele montou a sabotagem e fugiu do Brasil”, afirmou.

Capplli lembrou que o comando que atuou na posse de Lula, considerada um sucesso em termos de segurança, foi destituído. “É simples. No dia 2, Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, assumiu a Secretaria de Segurança do Distrito Federal, exonerou todo o comando da secretaria, mudou todo o comando e viajou”, acusou Cappelli.

“O que faltou no domingo foi a liderança da Secretaria de Segurança. Houve uma operação estruturada de sabotagem comandada pelo ex-ministro bolsonarista Anderson Torres. Ele montou a sabotagem e fugiu do Brasil”, acrescentou.

A situação do ex-ministro de Bolsonaro piorou após uma busca da PF ter encontrado na sua residência um documento golpista pelo qual permitia ao ex-presidente decretar Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com isso, a “minuta do golpe” anularia o resultado da eleição presidencial e afastaria os ministros daquela corte.

Quando foi preso no Brasil vindo dos Estados Unidos, Torres também chegou sem o seu celular. Os investigadores querem obter informações do aparelho por meio da nuvem de dados.

Em Miami (EUA), onde teria deixado o telefone, o ex-ministro chegou a dizer que o celular foi clonado. De acordo com os investigadores, isso pode ser um sinal de que ele temia pelo conteúdo a ser encontrado no aparelho.

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