Lula vai aos EUA propor a Biden negociação pelo fim da guerra na Ucrânia

O presidente vai propor a criação do ‘Clube da Paz; ele também planeja se encontrar com esquerda democrata nos EUA

Lula deve se encontrar com Biden nesta semana

Um dos assuntos na reunião bilateral da próxima sexta-feira (10) entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Joe Biden, será a proposta de criação de um organismo multilateral para negociar o fim da Guerra na Ucrânia. Batizado por Lula de “Clube da Paz”, prevê a participação não só das potências globais, mas também de países de diversos continentes para tratar do conflito.

A proposta já foi apresentada por Lula no encontro com o chanceler alemão Olaf Scholz, na semana passada. Os alemães resistiram o quanto puderam ao envio de armas e tanques de alta tecnologia para a Ucrânia, mas foram pressionados pela opinião pública e outros países, recentemente, chegando a causar a renúncia da ministra da Defesa, Christine Lambrecht.

Lula resiste às propostas americanas de enviar armas à Ucrânia, dizendo que sua guerra é contra a fome. Biden, por sua vez, será pressionado pela ideia de Lula, mas tem no fornecimento de armas a maior movimentação da economia dos EUA, no momento.

No último dia 2, o ministro Mauro Vieira conversou, por telefone, com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, que teria aproveitado a oportunidade para renovar os cumprimentos pela posse do Presidente Lula. Os ministros concordaram em manter encontro no futuro próximo.

Comitiva e temas prioritários

A comitiva presidencial terá os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), além do assessor especial da Presidência, Celso Amorim. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também participa, mas vai embarcar antes.

Outro tema prioritário do encontro será a defesa da democracia frente a movimentos de extrema-direita. A pauta inclui ainda a discussão sobre as mudanças climáticas e investimentos americanos no Brasil.

Os temas do encontro foram alinhados num encontro, nesta sexta-feira (3), de Lula com a embaixadora americana no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley.

A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley e a secretária-geral do Ministério de Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha, conversaram sobre a visita do presidente Lula a Washington e sobre temas da relação bilateral. (foto: Itamaraty)

Bernie Sanders e a esquerda americana

Além da reunião bilateral com Biden, discute-se um encontro com representantes da ala mais à esquerda do Partido Democrata. A ideia é que o senador Bernie Sanders e a deputada Alexandria Ocasio-Cortez se encontrem com Lula.

O presidente brasileiro tem boa relação com forças de esquerda de fora do Brasil. A demanda pelo encontro partiu de políticos democratas, mas setores do governo preferem que Lula passe a mensagem de que foi a Washington exclusivamente para encontrar Biden.

Os detalhes ainda estão sendo definidos. Há uma possibilidade de Lula estender a viagem por mais um dia para atender a pedidos de encontro com entidades e sindicatos americanos, assim como empresários e organizações da sociedade civil. Lula deverá conceder uma entrevista exclusiva a algum veículo de mídia dos Estados Unidos.

Essa será a 2ª viagem internacional de Lula desde que tomou posse em seu novo mandato, em 1º de janeiro. Já viajou à Argentina (23-24.jan) e ao Uruguai (25.jan). Deve ir à China em março. Depois de Olaf Scholz, o presidente francês, Emmanuel Macron, também deve visitar o Brasil.

Reunião da embaixadora americana Elizabeth Frawley Bagley para tratativas da agenda de Lula. A reunião abordou o relançamento da parceria entre os dois países, centrada na defesa da democracia, no respeito aos direitoshumanos e na cooperação contra a mudança do clima. (Foto Itamaraty)