Rota da Seda e Ucrânia: as expectativas chinesas para a visita de Lula

Leia mais: EUA: 146º tiroteio em massa apenas em 2023 revela uma sociedade doente / Cobertura da mídia sobre Taiwan: exemplo de desinformação, entre outras notas.

A mídia chinesa guarda grande expectativa em relação aos resultados da visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que a partir de quarta-feira (12) estará na China, onde ficará até sábado (15). Todos os portais de notícias chineses destacam a visita. Para a China, o Brasil pode vir a integrar a Iniciativa Um Cinturão e uma Rota, também chamada de nova rota da seda, e ter um papel fundamental na mediação em busca de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. O Global Times publica nesta terça-feira (11) que “depois de se recuperar de uma pneumonia, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva visitará a China e especialistas disseram que a visita elevará muito os laços bilaterais a um nível mais alto com uma cooperação mais abrangente não apenas em áreas tradicionais como comércio e investimento, mas também em áreas como finanças, combate à pobreza, cooperação com a Iniciativa Um Cinturão e uma Rota, bem como uma mediação conjunta sobre a crise mundial na Ucrânia. Analistas da China e do Brasil ficaram surpresos que a visita pudesse ser remarcada tão cedo, e isso prova que ambos os governos têm grande sinceridade e forte motivação para promover ainda mais sua parceria estratégica abrangente e formar novas convicções com seus esforços para superar as crescentes incertezas do cenário internacional”.

EUA: 146º tiroteio em massa apenas em 2023 revela uma sociedade doente

Reuters informa que nesta segunda-feira um bancário de 23 anos armado com um rifle matou cinco colegas e feriu outras nove pessoas em seu local de trabalho em Louisville enquanto transmitia o ataque ao vivo nas redes sociais. O ataque é considerado tiroteio em massa quando 4 ou mais pessoas são baleadas. Em 2023 já aconteceram 146 eventos deste tipo, alguns, como os desta segunda, transmitidos ao vivo pelo atirador. São mais de 10 ataques em massa por semana. Fato tragicamente relevador de uma sociedade doente e talvez apodrecida em seus alicerces.

A cobertura da mídia hegemônica sobre Taiwan: exemplo de desinformação e reacionarismo

É, via de regra, vergonhosa a forma com que a mídia hegemônica cobre os principais fatos internacionais e a questão envolvendo Taiwan não é uma exceção. Vejamos, por exemplo, o caso da Folha de S. Paulo. O infeliz leitor que tenta entender a questão e tem o jornal como fonte de informação ficará convencido de que a China tirou da cabeça a luminosa ideia de que Taiwan é parte do seu território. Taiwan seria, na versão da Folha, como a aldeia dos irredutíveis gauleses Asterix e Obelix a resistir a um invasor malvado. Na edição desta terça-feira o jornal paulista diz que a China “considera Taipé uma província rebelde e parte inalienável de seu território”. Uma abordagem honesta obrigaria o articulista a registrar em seguida que não é só a China que considera Taiwan “parte inalienável de seu território”. O Brasil considera, o Japão considera, os EUA consideram, a ONU considera. Aliás, qualquer país com relações diplomáticas com a China fez uma declaração formal reconhecendo a soberania da China sobre Taiwan, o que é o caso de 180 das 193 nações que fazem parte das Nações Unidas. Mas não, a Folha, espertamente, coloca a informação (essencial para o entendimento da questão) de que apenas 13 nações reconhecem Taiwan oficialmente, somente no final do texto, muito longe da frase destacada acima, como se fosse um fato menor, até irrelevante e ainda salientando que a ilha conta com o “apoio não oficial de muitos países, inclusive europeus”. Isso em um texto recheado de chavões: “regime de Xi Jinping”, “ditadura comunista”, etc. Lembrando (e nunca é bom esquecer) que a Folha apoiou entusiasticamente o golpe militar de 1964 no Brasil, inclusive emprestando veículos de reportagens para transportar presos políticos da ditadura militar rumo às sessões de tortura, o que só releva a natureza da nossa mídia hegemônica e o seu critério duplo do que é ou não democracia.

Netanyahu na defensiva

Depois de ter que recuar, adiando sua impopular reforma judicial, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou atrás e anunciou nesta segunda-feira (10) que manterá no cargo o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que havia sido demitido justamente por criticar a reforma. O novo recuo é mais uma prova de fragilidade política de Netanyahu, que recorre à criminosa tática de redobrar a agressividade contra o povo palestino e contra a Síria na tentativa de aglutinar sua base de extrema-direita.

Colômbia debate importantes reformas

Gustavo Petro, presidente da Colômbia

O semanário Voz, ligado ao Partido Comunista Colombiano, informa, em texto publicado nesta segunda-feira, que o governo de Gustavo Petro apresentou “três reformas estruturais que buscam fechar as lacunas sociais e econômicas existentes em grande parte da população. No último mês, juntamente com o Plano Nacional de Desenvolvimento, PND, foram apresentadas as reformas da saúde, trabalhista e previdenciária”. As reformas irão passar ao debate no parlamento nacional onde o governista Pacto Histórico considera ter bom ambiente para avançar. Para a deputada do PH, María Fernanda Carrascal, “devemos nos esforçar para fazer uma mobilização social que vá além do governo e de quem já apoia a reforma. (a mobilização) Deve ter o objetivo de socializar, fazer pedagogia, mostrar aos colombianos como seu cotidiano vai melhorar com mudanças em temas como adicional noturno, redução da jornada de trabalho, ratificação das convenções internacionais contra o assédio e a violência no mundo do trabalho, a extensão da licença paternidade, a dignidade do trabalho doméstico, entre outros pontos fundamentais que são propostos”.

Congressistas dos EUA querem cabeça de Almagro

A colunista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo, informa na edição desta terça-feira do jornal paulista que um grupo de oito congressistas estadunidenses está em plena campanha para exigir a saída de Luis Almagro da presidência da OEA, acusando-o de diversas irregularidades, entre elas de ter, com falsos pretextos, incentivado o golpe na Bolívia em 2019. Almagro foi apoiado por Pepe Mujica para a OEA, mas mudou de lado, provocando uma ressentida carta de rompimento enviada por Mujica, “lastimo o rumo que você tomou e sei que não tem volta, por isso agora formalmente te digo adeus”, diz um trecho. Almagro deve estar magoadíssimo por esse movimento contra ele surgir justamente nos EUA e neste momento está acionando seus contatos na Casa Branca, a quem serviu com tanto zelo. Mas é como dizia o velho Brizola: “a política ama uma traição, mas despreza o traidor”.

União Europeia com dificuldade para conseguir enviar munições à Ucrânia

No final de março, a União Europeia aprovou o envio, em 12 meses, de um milhão de projéteis para a Ucrânia, além de armamentos. A decisão foi tomada em Bruxelas no primeiro dia da cúpula de Chefes de Estado e de Governo dos 27 membros. O acordo foi apresentado como um passo histórico. Mas a decisão não foi em frente. Embaixadores se reuniram em 5 de abril para discutir o assunto, mas não conseguiram fazer progressos significativos em uma das questões-chave. O pomo da discórdia permanece se esses contratos de fornecimento de munição irão exclusivamente para empresas da UE ou se também serão abertos a fabricantes de fora. A Europa não confia que sua indústria de defesa tenha capacidade para fabricar o número de projéteis que prometeu em 12 meses. A UE teria então que comprar de terceiros países e a polêmica começou. Para quem irá o dinheiro? A França está pressionando para que o dinheiro fique dentro das fronteiras da União Europeia. Grécia e Chipre apoiam Macron, o que alguns diplomatas dizem estar relacionado ao seu desejo de impedir que contratos sejam concedidos a fabricantes turcos. O objetivo é cumprir o plano em três partes simultâneas. Primeiro, destinar 1 bilhão de euros para reembolsar países que possam doar imediatamente munição – e possivelmente mísseis – de seus próprios exércitos ou redirecionar as encomendas que recebem. Em segundo lugar, destinar mais 1 bilhão de euros para a compra conjunta de mais munição para a Ucrânia e substituição de projéteis doados pela Europa. Finalmente, a UE quer explorar maneiras de fortalecer a capacidade da Europa de fabricar as armas de que necessita nos próximos anos. Porém, a discussão ainda está em andamento e mais de duas semanas depois de anunciar a entrega de reservas de munição à Ucrânia o impasse continua. Informações do site MPR 21.

Polêmica lei de segurança entra em vigor no Chile

O site Pátria Latina informa que a polêmica Lei Naín-Retamal, que estende poderes às autoridades chilenas para o uso de suas armas, foi publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial e entrou em vigor após um acelerado processo legislativo. O texto cria o conceito de “legítima defesa privilegiada” que concede vantagens processuais a policiais, investigadores ou membros das forças armadas quando atiram se – em sua opinião – sua vida e integridade física ou a de terceiros estiverem em perigo. A polêmica iniciativa, agora convertida em lei, foi discutida e aprovada em tempo recorde nas duas casas legislativas por deputados e senadores, com a direita usando a comoção causada pela morte a serviço da suboficial Rita Olivares. Várias instituições de Direitos Humanos manifestaram profunda preocupação com a nova lei.

PC (Suíça) avança eleitoralmente defendendo os trabalhadores e a paz

Massimiliano Ay, Secretário-Geral do PC (S)

O Partido Comunista (Suíça), que atua principalmente na região de Ticino, de língua italiana e que faz parte da Confederação Suíça – avançou nas últimas eleições realizadas em abril no Cantão. Com representação parlamentar em Ticino desde 2015, o Partido aumentou a votação em todas as localidades da região e elegeu dois parlamentares de forma plena. Na última eleição o Partido havia elegido apenas um deputado de forma plena e conquistado a segunda cadeira nas sobras. Segundo informam os camaradas “os comunistas souberam ler a realidade e construir uma linha de massa adaptada ao país real, rejeitando a contestação extremista dos trotskistas, mas também rompendo com a autorreferência de uma esquerda esnobe, elitista e intelectualmente social-democrata”. O PC (S) fez campanha em torno de três questões: 1ª – Defesa da neutralidade suíça, 2ª – Contra as sanções visando a Rússia e contra a Otan e 3ª – Em defesa dos trabalhadores. Os reeleitos foram Massimiliano Ay, Secretário-Geral, e Lea Ferrari, membro do Bureau Político. Para Massimiliano Ay, o resultado foi uma grande vitória: “O ano passado, principalmente com a guerra na Ucrânia, foi extremamente difícil para os comunistas. Tivemos de enfrentar um forte clima anticomunista de ataques políticos e midiáticos apenas porque não sucumbimos à russofobia e não elogiamos o regime ucraniano, mas mantivemos uma postura consistente a favor da neutralidade suíça e contra o imperialismo atlântico. Um líder trotskista chegou a aparecer na televisão acusando-me de ser um agente do governo de Putin”, afirmou o dirigente comunista.

Autor