Lula na China: Cresce expectativa em torno da visita do “velho amigo”

E mais: Chile aprova redução da jornada de trabalho / Visando China, EUA e Filipinas realizam exercícios militares, entre outras notas

Xi Jinping e Lula, em 2009 / Foto: EFE-FERNANDO BIZERRA JR

A chegada de Lula na China está prevista para esta quarta-feira (12) no final da tarde. À medida em que o momento se aproxima cresce a expectativa quanto aos resultados desta importante visita, tanto no Brasil quanto na China. Cerca de 20 acordos devem ser assinados e chineses e brasileiros esperam que a parceria, baseada em benefícios mútuos, se aprofunde. Segundo informa o jornal O Globo, na quinta-feira Lula participará da cerimônia de posse da ex-presidenta Dilma Rousseff como presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco do Brics. Na sexta-feira Lula encontra-se com Xi Jinping. Para o chanceler Mauro Vieira, citado pelo jornal carioca, a viagem do presidente Lula à China, “fecha o ciclo na reconstrução de pontes do Brasil com o mundo”.

China, Brasil e as “visões hegemônicas”

No Diário do Povo Online todas as 5 principais manchetes do site estavam, nesta manhã de quarta-feira, dedicadas à visita de Lula. No jornal chinês Global Times, uma das principais manchetes e o editorial também tratam do tema. O embaixador chinês no Brasil qualifica Lula de “velho amigo da China”, termo repetido no editorial do Global Times e em várias matérias da mídia chinesa, que ressaltam a importância econômica, comercial e política da visita e a expectativa de que as relações entre os dois país sejam elevadas a um novo patamar. O editorial do Global Times também opina que: “Muitos meios de comunicação ocidentais e a opinião pública, ao discutir a grande estratégia do Brasil, sempre se concentram em se o país deve se ‘inclinar’ para os EUA ou para a China. Essa discussão em si é extremamente desrespeitosa com o Brasil e está marcada por visões hegemônicas míopes e tacanhas. A China também é vítima do hegemonismo e nunca aponta o dedo para os assuntos internos ou externos do Brasil. Além disso, acreditamos que os próprios brasileiros são os que melhor sabem onde estão seus interesses”.

Possíveis resultados concretos da visita

Luciana Santos, Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação e presidenta do PCdoB, participa da Delegação do governo em visita à China

Como registramos na Súmula Internacional desta terça-feira (11), além dos muitos acordos que serão assinados, dois resultados da visita de Lula à China que podem causar impacto internacional seriam o anúncio do Brasil de adesão à Iniciativa Um Cinturão e Uma Rota (Nova Rota da Seda) e uma proposta conjunta sino-brasileira para negociações de paz entre Ucrânia e Rússia. No entanto, ambos os temas são motivos de cuidadoso exame de parte a parte e mesmo que não ocorram tais anúncios os EUA irão reagir diante do inevitável estreitamento da parceria que a viagem sem dúvida representará. Porém, como registra o professor Marcos Cordeiro Pires, da Universidade Estadual Paulista, ouvido por O Globo, “Com um país polarizado, recursos econômicos limitados e um Congresso dividido há pouco que Washington possa fazer”. E acrescenta: “Do ponto de vista comercial, os EUA são concorrentes do Brasil na produção de carne, soja e ferro, por exemplo. O potencial de investimento (dos EUA) em infraestrutura, por sua vez, não chega nem perto do chinês com sua Iniciativa Cinturão e Rota”. Por fim, registre-se, a título de curiosidade, que o jornal O Globo, na edição desta quarta-feira, abordou a visita de Lula à China em termos cuidadosos e com informações relevantes, contudo, para não perder o costume, colocou a seguinte manchete geral: “Dragão Voraz”.

Estudioso chinês aponta que China pode ajudar Brasil a retomar o caminho do desenvolvimento

Em artigo publicado nesta quarta-feira no Diário do Povo Online, Pan Deng, diretor executivo do Centro de Direito Latino-americano da Universidade de Ciência Política e Direito da China, opina que “a postura de Lula em relação à China se tornou evidente desde o início de sua campanha presidencial. Questionado sobre a China em entrevista à TV, ele prometeu dedicar a primeira metade de sua presidência à reparação das boas relações do Brasil com a China (…) o fato é que as empresas brasileiras colapsaram em massa, as taxas de desemprego dispararam, as ordens de produção foram interrompidas e o índice de pobreza disparou devido ao impacto da pandemia, e dos quatro anos da presidência de Bolsonaro, consumindo os recursos do governo e causando relações tensas entre os governos federal e locais. Perante tal situação, qualquer nova ‘figura governante’ priorizaria o desenvolvimento econômico e a melhoria dos meios de subsistência das pessoas como questões políticas mais urgentes. Portanto, a busca do crescimento incremental com o maior parceiro comercial é inevitavelmente o caminho mais viável”.

Chile: Congresso aprova redução da jornada de trabalho para 40 horas

Camila Vallejo, em 2017 apresentou o projeto agora aprovado

O Congresso do Chile aprovou nesta terça-feira (11) a redução da jornada de trabalho de 45 para 40 horas semanais. O projeto foi proposto em 2017 pela deputada Camila Vallejo, do Partido Comunista do Chile. Atualmente, Camila é Ministra da Secretaria Geral do governo do presidente Gabriel Boric. A nova lei recebeu um total de 127 votos  favoráveis, 14 contrários e 3 abstenções. O sinal verde dado pelos congressistas chilenos acontece após aprovação unânime do Senado, no último 21 de março. Com a medida, o país passa a adotar formalmente a recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e torna-se o segundo da América Latina com menor tempo dedicado ao labor, ao lado do Equador. Conforme prometido pelo governo, a expectativa é que a nova lei seja sancionada no próximo 1º de Maio, Dia do Trabalhador. As informações são do jornal Brasil de Fato.

Discussões para uma paz “justa e honrosa” no Iêmen

A agência Europa Press informou, nesta segunda-feira, que o presidente do Conselho Político Supremo dos Houthis no Iêmen, Mahdi al Mashat, defendeu “uma paz justa e honrosa” para pôr fim à guerra desencadeada em 2015, no quadro da visita de uma delegação saudita e omani à capital, Sana’a, para abordar o processo de paz. Al Mashat sublinhou que esta “paz justa e honrosa” é “a aspiração do povo iemenita”, antes de acrescentar que a população quer “liberdade e independência”, segundo o canal de televisão iemenita Al Masirah, controlado pelos rebeldes. Por sua vez, fontes do governo iemenita indicaram que as delegações presentes em Sana’a apresentarão um projeto de acordo de paz já apoiado pelo governo reconhecido internacionalmente, agora representado pelo Conselho de Liderança Presidencial. O projeto inclui uma prorrogação por seis meses do cessar-fogo mediado pelas Nações Unidas, negociações diretas entre os houthis e o governo iemenita sob os auspícios da ONU e um período de transição de dois anos, entre outras medidas. Esse processo aconteceria em três fases e envolveria a Arábia Saudita e o Irã como os dois grandes aliados internacionais do governo iemenita e dos insurgentes houthis, respectivamente, além de Omã, como mediador. A guerra no Iêmen acabou mergulhando aquele que era um dos países mais pobres do mundo na pior catástrofe humanitária da atualidade, segundo as Nações Unidas. Mais de 21 milhões de iemenitas – dois terços da população – precisarão de ajuda humanitária este ano e 17 milhões deles precisarão recebê-la com urgência para sobreviver. O conflito deixou quase 380.000 mortos – mais de 85.000 deles crianças -, seja devido aos combates ou à fome e doenças, às quais devem ser adicionados quatro milhões de deslocados, segundo dados considerados pelas agências da ONU.

Tendo China como alvo, EUA e Filipinas realizam exercícios militares

Nesta terça-feira foi anunciada a realização do que está sendo descrito como o maior exercício militar já realizado entre EUA e Filipinas, envolvendo mais de 17.000 soldados de ambos os lados, bem como representantes de outros países, incluindo a Austrália. Os exercícios acontecerão de 24 a 27 de abril e incluem 12.200 militares dos EUA, 5.400 das forças filipinas e 111 soldados australianos. O evento. conhecido como Balikatan 2023, ocorrerá após o anúncio de Manila na semana passada sobre mais quatro bases militares filipinas que serão destinadas ao uso dos EUA. Uma delas fica ao norte da ilha de Luzon, o pedaço de terra mais próximo da ilha de Taiwan. O presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., garantiu à China na segunda-feira que as bases militares acessíveis aos EUA não seriam usadas em nenhuma ação ofensiva, enfatizando que o acordo com Washington visa aumentar as defesas de seu país, informou a mídia. No entanto, especialistas apontaram que a cooperação militar promovida por Washington não tem nada a ver com a proteção das Filipinas. Manifestantes foram vistos queimando uma bandeira dos EUA enquanto expressavam oposição ao evento do lado de fora da sede das Forças Armadas das Filipinas em Quezon City na terça-feira. O grupo denunciou o atual exercício militar conjunto dos Estados Unidos e das Filipinas, informou a mídia local. A diáspora filipina e outros ativistas de direitos humanos realizaram seu próprio protesto na Times Square, na cidade de Nova York. Banners que diziam “Tropas dos EUA saiam das Filipinas” também foram vistos. Informações do Global Times.

Exército do Saara Ocidental ataca forças de ocupação marroquinas

A agência de notícias Sahara Press Service informou, nesta segunda-feira (10), que unidades do Exército de Libertação Popular Saarauí (ELPS) atacaram vários alvos das forças de ocupação nos setores de Hauza e Mahbes, causando perdas humanas e materiais em suas fileiras. De acordo com o Relatório de Guerra n.º 763, destacamentos avançados do exército saarauí realizaram uma série de ataques contra as posições de soldados inimigos entrincheirados nas regiões de Rus Arbeiyab, Rus Lagteitra, a norte de Ahreichat Dirit, Fadrat Al-Ich e Fadrat Lagrab, no setor de Hauza. O Relatório de Guerra acrescenta que outras formações do ELPS bombardearam posições das forças de ocupação localizadas na região de Bin Zakka, no setor de Smara. Os ataques do Exército de Libertação Popular Saarauí, segundo a agência, “continuam a devastar diariamente as posições das forças de ocupação marroquinas, deixando perdas humanas e materiais consideráveis em suas fileiras, ao longo do Muro da Vergonha”.

Egito quer fim do terrorismo e da intervenção estrangeira na Síria

O ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, pediu, no último domingo (9) o fim de todas as formas de terrorismo e intervenção estrangeira na Síria, a fim de restaurar a segurança e estabilidade da região. Durante uma conversa telefônica com o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, o chefe da diplomacia egípcia reiterou o apoio total do Egito aos esforços de Pedersen para alcançar uma solução política abrangente na Síria, de acordo com a resolução 2254 do Conselho de Segurança.

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