Dia da vitória e o negacionismo da mídia hegemônica

Mais: Chile – Números finais ampliam vitória da extrema-direita / Israel volta a atacar Faixa de Gaza / China propõe “degelo” com EUA, que deve evitar “ações errôneas”.

A Federação Russa realizou, nesta terça-feira (9) a Parada da Vitória, evento que acontece anualmente e em 2023 marca os 78 anos da vitória soviética contra os nazistas, no que os russos chamam de “a Grande Guerra Pátria”. O evento, que terminou por volta da 5 da manhã no horário de Brasília (11 horas, pelo horário de Moscou) contou com a participação do chefe de Estado russo, Vladimir Putin, e vários líderes das repúblicas pós-soviéticas. Em seu discurso, Putin disse que depois do golpe de 2014 a Ucrânia entronou um regime criminoso e conclamou à unidade do povo para enfrentar esta ameaça. A Rússia, declarou Putin, acredita que “qualquer ideologia de superioridade é por natureza repugnante, criminosa e mortal”, apontou o presidente russo, acrescentando que “parece que eles (os países do Ocidente) esqueceram a que levaram as ambições insanas dos nazistas. Eles se esqueceram de quem derrotou esse mal monstruoso e total”, enfatizou. A mídia hegemônica, no entanto, nega que Kiev seja um regime de extrema-direita.

O que os negacionistas dizem e o que não dizem

A mídia hegemônica em coro nega que o regime de Kiev seja de extrema-direita. Em março de 2022, a Folha de S. Paulo publicou um artigo acusando Putin de tentar “mobilizar a população com fantasma do nazismo, mas especialistas alegam que não há extremismo no Estado ucraniano”. Mesmo os especialistas ouvidos pela Folha começam desmentindo a chamada da matéria: “Há nazismo na Ucrânia? Sim, há.” Ou seja, ao contrário do que diz a chamada, há extremismo no Estado ucraniano. Mas os “especialistas” se apressam a explicar que o extremismo existe “em dimensão muito distinta daquela que o presidente russo, Vladimir Putin, tenta vender em seus discursos para a população” e a partir daí passam a tergiversar, sem tocar em assuntos incômodos como o fato de que em 2014 um golpe apeou do poder um presidente eleito; não mencionam a limpeza étnica contra populações russófonas inteiras no Donbass, incluindo o assassinato de mais de 14 mil civis; passam batido pela proibição e criminalização do principal partido de esquerda da Ucrânia, o Partido Comunista da Ucrânia, feito que serviu de inspiração para neofascistas de outras latitudes como o senador Flávio Bolsonaro, que ao propor uma lei proibindo a existência de Partidos Comunistas no Brasil citou a Ucrânia como exemplo; não explicam porque batalhões de inspiração neonazistas desfilam com seus estandartes com suásticas e variações das suásticas nas ruas da capital sendo que alguns destes batalhões ganharam status oficial de forças especiais; ou porque o notório colaboracionista e criminoso de guerra nazista Stepan Bandera foi promovido oficialmente a herói nacional. São, enfim, muitos os furos na peneira com a qual os sempre convenientes “especialistas” da mídia hegemônica, em vão, tentam tapar este “sol negro”.

O embaixador russo e uma lembrança muito pertinente

O símbolo do “Sol Negro” é amplamente usado por neofascistas, neonazistas, supremacistas brancos e de extrema-direita sendo, até há pouco tempo, um símbolo encontrado facilmente entre os soldados de Kiev, até que alguém avisou que pode “pegar mal”

Na edição desta terça-feira (9) da Folha de S. Paulo, o embaixador da Rússia no Brasil, Alexei Labetski, escreve um artigo intitulado “Ocidente esquece lições da Grande Guerra Patriótica e repete erros do passado”. Nele, o diplomata denuncia práticas de “limpeza étnica e ações punitivas organizadas por neonazistas na Ucrânia. É contra esse mal que nossos guerreiros lutam bravamente, ombro a ombro (…) E só podemos considerar a glorificação dos nazistas uma traição à memória de nossos pais e avós, uma traição aos ideais que uniam os povos na luta contra o nazismo”. E, no final, vem uma lembrança muito pertinente: “Neste contexto, agradecemos muito ao Brasil e ao seu povo por sua postura firme quanto à proteção e à defesa da história verdadeira da Segunda Guerra Mundial, pois é o único país da América Latina que lutou contra o nazismo em campos de guerra. Os veteranos da Força Expedicionária Brasileira são conhecidos e respeitados na Rússia como verdadeiros heróis da sua pátria. A cobra fumou!”.

Chile: Números finais ampliam vitória da extrema-direita

A divulgação dos números finais da eleição deste domingo (7)  para o Conselho Constitucional do Chile ampliou a vitória do Partido Republicano, força de extrema direita. Enquanto as projeções indicavam que o PR elegeria 22 conselheiros, eles terminaram com 23, enquanto a chapa da esquerda terminou com 16, um a menos do que a projeção, o que não afetou o PC do Chile que preservou seus dois eleitos, Karen Araya e Fernando Viveros, porém, tirou o único representante do Comuns. A direita tradicional manteve seus 11 eleitos e com os 23 do PR a direita e a extrema-direita, unidas, alcançam os dois terços necessários para aprovar qualquer proposta. O argumento do Serviço Eleitoral (Servel) é que uma comuna do norte do país passou dados errados. No momento, a lista Unidade para o Chile está em processo de apelação em defesa desta cadeira, porém o clima não é de grande otimismo. Contudo, temos ao menos uma boa notícia: as projeções indicavam que a etnia indígena não alcançaria 1,5% do total de votos a nível nacional para garantir a presença de um representante, mas o índice foi alcançado e o eleito, Alihuen Antileo Navarrete, da etnia Mapuche, é um homem de esquerda, que inclusive já foi filiado ao Partido Comunista do Chile. Desta forma, o conselho passa a ter 51 membros.

Chile: Os 12 (supostos) consensos

Em dezembro de 2022 um acordo aprovado pelo parlamento chileno estabeleceu 12 consensos para o trabalho do Conselho Constitucional: Assegurar que o Chile é uma sociedade democrática; estabelecer que o Chile é um Estado unificado e descentralizado; consagrar o Chile como um Estado social de direito; respeitar os emblemas pátrios, escudo nacional e hino; proteger os direitos fundamentais como: a liberdade de consciência e de culto, o direito de propriedade, a vida, a liberdade de cátedra; consagrar estados de exceção constitucional em matérias de ordem e segurança; definir constitucionalmente com subordinação ao poder civil a existência das Forças Armadas e das Forças de Ordem e de Segurança com menção expressa aos carabineiros e à polícia de investigação; reconhecer os povos originários como parte da nação chilena; definir que o estado chileno tem três poderes separados e independentes: o poder executivo, o poder judicial e o poder legislativo; consagrar os seguintes órgãos autônomos: o Banco Central, justiça eleitoral, ministério público e controladoria; consagrar o cuidado e a conservação da natureza e sua biodiversidade; estabelecer que a soberania tem como limite a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos, reconhecidos nos tratados internacionais.

Chile: Com a palavra, as ruas

O partido de extrema-direita, Republicanos, principal vitorioso nas eleições do Conselho Constitucional, não assinou e portanto não faz parte deste consenso assinalado acima. Para o militante comunista chileno Eduardo Enríquez, “em perspectiva, (os itens do consenso) não me parecem tão terríveis como alguns assinalam. Agora, como conseguiremos que a nova constituição os leve em conta, com a direita em seu conjunto tendo o poder de vetar e aprovar qualquer proposta? Tarefa de casa, ou melhor dizendo, tarefa para as ruas”.

Israel volta a atacar Faixa de Gaza, assassina 13, incluindo 4 crianças

Na imagem, um adolescente palestino coleta destroços nos escombros de uma mesquita destruída no norte da Faixa de Gaza, em agosto de 2022 / Foto: THOMAS COEX – AFP

Revista Fórum informa que treze palestinos, incluindo três líderes da Jihad Islâmica e 4 crianças, morreram nesta terça-feira (9) em uma série de ataques aéreos executados por forças israelenses contra a Faixa Gaza. Segundo o ministério da Saúde palestino, pelo menos 20 pessoas ficaram feridas. Os bombardeios acontecem dias depois de um novo aumento da violência, após a morte, sob custódia das autoridades de Israel, de um preso político palestino que fez greve de fome durante 87 dias. A morte de Khader Adnan na semana passada desencadeou várias horas de combates na fronteira, nos quais um palestino foi morto. Os ataques atingiram áreas residenciais na faixa densamente povoada, na qual 2,3 milhões de palestinos vivem numa área de 365 quilômetros quadrados.

China propõe “degelo” com EUA, que deve evitar “ações errôneas”

O chanceler chinês, Qin Gang, reuniu-se, nesta segunda-feira (8), em Pequim com o embaixador estadunidense Nicholas Burns. Para o diplomata chinês, “uma série de palavras e ações errôneas dos EUA minou o impulso positivo das relações bilaterais“. “A agenda de diálogo e cooperação foi interrompida, e o relacionamento mais uma vez esfriou como gelo“, disse ele. Ainda no comunicado após a reunião com o embaixador Burns, o chanceler chinês apelou para que os EUA corrijam a forma como lidam com a questão de Taiwan. Qin Gang está dando início a um giro pela Europa que o leva a Alemanha, França e Noruega para reuniões com seus homólogos. Espera-se que a Guerra da Ucrânia seja um dos assuntos principais. Da parte americana, o aceno foi comedido por ora. No Twitter, o embaixador americano disse que foram discutidos os desafios no relacionamento e a necessidade de estabilizar e expandir a comunicação de alto nível entre Pequim e Washington. Com informações da Folha de S. Paulo.

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