EUA registra déficit de quase US$ 1 trilhão em 7 meses

Mais: Turquia e Síria aprovam roteiro para normalizar relações / Festival de Salsa cubana será em SP / Fim do capítulo 42 pode agravar crise nos EUA, entre outras notas.

A agência federal que fornece informações econômicas ao Congresso estadunidense (Congressional Budget Office) divulgou um relatório mostrando que o governo dos Estados Unidos acumulou um déficit de quase um trilhão de dólares durante sete meses, ameaçando estourar o teto da dívida pública, atualmente fixado em US$ 31,4 trilhão, o que, caso aconteça, obrigatoriamente paralisaria a autorização para gastos governamentais como salários de funcionários públicos, pensões e pagamentos a fornecedores, noticiou, nesta quarta-feira (10) a agência Sputnik News. O relatório apresentado pelo CBO indica que “o déficit orçamentário federal foi de US$ 928 bilhões nos primeiros sete meses do ano fiscal de 2023, US$ 568 bilhões a mais do que o déficit registrado no mesmo período do ano passado“. O ano fiscal de 2023 começou, nos EUA, em outubro de 2022. As receitas diminuíram 10% neste espaço de tempo, também aponta o relatório. A secretária do Departamento do Tesouro, Janet Yellen já havia alertado, no último domingo (7) sobre os planos do presidente Joe Biden de se reunir com líderes do Congresso para discutir o aumento do teto da dívida dos EUA em mais US$ 1,5 trilhão, evitando assim o calote e a virtual paralisação do governo.

EUA: Republicanos resistem ao aumento do teto

No entanto, o líder da maioria republicana na Câmara de Representantes (o que equivalente no Brasil à Câmara da Deputados), Kevin McCarthy, afirmou nesta terça-feira (9) que não houve acordo com o presidente Joe Biden sobre o aumento do teto da dívida do país, durante uma reunião realizada na Casa Branca. Nesta sexta-feira (12) haverá uma nova reunião entre as duas partes, disse McCarthy. Os republicanos se recusam a aprovar um aumento ou suspensão do teto, a menos que o governo concorde com cortes draconianos nos gastos públicos. Biden, que não quer ligar as duas questões, acusa-os de fazerem a economia do país de “refém”. Janet Yellen alertou que não aumentar o teto da dívida pode ter consequências terríveis.

Com mediação russa, Turquia e Síria aprovam roteiro para normalizar relações

Encontro entre os ministros da defesa de Irã, Rússia, Síria e Turquia em Ancara, no dia 25 de abril / Foto: Russian Defence Ministry-Handout via REUTERS

Os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Irã, Turquia e Síria concordaram em criar um roteiro para a normalização das relações entre Ancara e Damasco, proposta formulada nesta quarta-feira pelo chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov. “Eles concordaram em instruir os vice-ministros das Relações Exteriores a elaborar um roteiro para promover as relações entre a Turquia e a Síria em coordenação com os ministérios da defesa e serviços de inteligência dos quatro países“, informou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia em comunicado. Segundo a diplomacia russa, “os ministros observaram um clima positivo e construtivo para a troca de opiniões e concordaram em manter contatos de alto nível e negociações técnicas entre as quatro partes“. As relações entre Ancara e Damasco foram interrompidas em 2011, quando começou a guerra contra a Síria, na qual a Turquia logo passou a apoiar os rebeldes.

Síria readmitida na Liga Árabe, EUA protesta

Por falar em Síria, o Rei da Arábia Saudita, Salmán bin Abdulaziz, enviou um convite ao Presidente da Síria, Bashar al-Assad, para participar da Cúpula da Liga Árabe marcada para 19 de maio na cidade saudita de Jeddah. A Síria foi readmitida na Liga Árabe no último domingo por votação unânime de todos os chanceleres. A reaproximação entre Turquia e Síria mediada pela Rússia e a readmissão da Síria na Liga Árabe provam mais uma vez o evidente declínio da influência geopolítica estadunidense. No dia seguinte à decisão da Liga Árabe, Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA criticou a readmissão, dizendo que a Síria “não merecia voltar” e garantiu que a Casa Branca pretende manter o esforço para isolar diplomaticamente “o regime sírio” por conta de supostos crimes cometidos pelo presidente Bashar al-Assad na guerra contra grupos terroristas que invadiram a Síria, alguns deles financiados e treinados por Washington. É como dizia minha vó: “Patel, vai chorar na cama, que é lugar quente”.

Anote na agenda: Festival de Salsa cubana será em SP, em junho

Um programa imperdível para os amigos e admiradores de Cuba será o “Festival Cubano de la Salsa”, que acontecerá no dia 17 de junho, no Memorial da América Latina (acesso pelos portões 8 e 9), de 10h às 22h. A entrada é gratuita e o Festival contará com uma Feira Gastronômica, com culinária típica latina e caribenha, shows ao vivo com grandes expoentes da música cubana e latina, exibição de dança e concurso de dança, área vip para degustação de bebidas típicas e charutos cubanos (nesta área só podem entrar maiores de 18 anos), exposição de arte, tenda de tatuagens (também para maiores de 18 anos) e, para coroar, todos os presentes irão concorrer a uma viagem com acompanhante para conhecer Cuba. Enfim, motivos não faltam para você se programar e comparecer ao “Festival Cubano de la Salsa”.

Fim do capítulo 42 pode agravar crise estadunidense

Vivendo a séria ameaça de recessão e crise econômica, os EUA assistem também a uma explosão na chegada de imigrantes devido ao fim do “capítulo 42”. O “capítulo 42” foi um decreto do ex-presidente Donald Trump permitindo a expulsão automática de imigrantes, tendo como pretexto a pandemia de Covid 19. Biden manteve a medida que, devido ao fim da emergência sanitária, perderá a validade nesta quinta-feira (11). Desta forma, os imigrantes só poderão ser expulsos depois de uma análise sobre seus pedidos de permanência. A Folha de S. Paulo registrou o depoimento de Marta, imigrante com permanência legalizada que mora em El Paso, município texano que fica na fronteira com o México, que garante que “a cidade não tem condições de receber essa quantidade de gente (…) Cheguei aqui em 1980, irregular, sim, mas em pouco tempo consegui minha cidadania. Agora não há trabalho. Como eles pretendem arrumar dinheiro? Não vai ficar perigoso, já está“, afirma. Para corroborar o que diz Marta, encontramos, também na Folha, o depoimento do imigrante nicaraguense Jaime García, 28 anos. Diz a Folha de S. Paulo que Jaime quer arranjar dinheiro para viajar a Denver, mas em três meses não conseguiu trabalho para juntar sequer os US$ 90 (R$ 445) da passagem do ônibus. Ele agora mora na rua pois teve que sair do abrigo em que dormia para dar vaga a novos imigrantes que chegavam. Na primeira semana como morador de rua no Texas, Jaime teve suas roupas roubadas enquanto elas secavam num muro e o celular levado enquanto a bateria carregava. “Não consigo falar com minha família e não consigo sair daqui“, diz o imigrante.

China recusa encontro com EUA para discutir questão de Defesa

Pequim informou Washington, nesta quarta-feira, que considera pouco provável um encontro entre o secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin e seu homólogo chinês Li Shangfu, que deveria ocorrer em junho, em Cingapura. De acordo com informações do jornal Financial Times, reproduzidas pela agência Sputink News, “é praticamente impossível que os chineses concordem com o encontro enquanto as sanções (contra a China) estiverem em vigor”. Por sua vez, segundo uma fonte citada pela mídia, os EUA acreditam que as sanções não deveriam atrapalhar o encontro entre os dois países e que não há quaisquer perspectivas de que essas sanções sejam suspensas pelo governo Biden. Conforme informações do Pentágono, os americanos pretendem “abrir uma linha de comunicação” com o chefe da Defesa chinês, contudo Pequim “ignora ou nega diversas solicitações dos EUA para abrir uma linha de comunicação de alto nível“. O porta-voz da embaixada chinesa, Liu Pengyu, destacou que para trabalhar com a China é preciso que os Estados Unidos mostrem sinceridade e tomem ações concretas para criar as condições e atmosfera necessárias para comunicação e relação entre os dois países.

Cuba propõe nova ordem mundial de informação e comunicação

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, considerou urgente o estabelecimento de uma nova ordem mundial de informação e comunicação. A opinião foi transmitida por sua conta na rede social Twitter, nesta quarta-feira. O chanceler asseverou que “não será possível uma verdadeira governança da Internet enquanto seis plataformas tecnológicas norte-americanas controlarem 80% dos dados gerados na rede e modelarem cenários políticos e a vontade de milhões de pessoas“. Rodríguez também criticou o impacto do bloqueio econômico, comercial e financeiro nas plataformas e tecnologias, que exclui os cubanos de serviços que a maioria dos usuários da Internet pode desfrutar. “Este é o principal obstáculo ao amplo acesso às tecnologias de informação e comunicação em Cuba”, declarou.

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