Nova corrida das petroleiras para explorar o “novo pré-sal” no Brasil

Além da Petrobras e outras empresas nacionais, gigantes do petróleo e gás se preparam para a exploração da Margem Equatorial. Nas Guianas a extração já ocorre.

Chamada de o “novo pré-sal” brasileiro, a margem equatorial já é objeto de interesse de petroleiras de sete países. Levantamento da BBC News Brasil revela quais empresas nacionais e internacionais com contratos já operam nos blocos da região.

A Margem Equatorial é uma região localizada entre a costa do Rio Grande do Norte e o litoral do Amapá e, segundo a Petrobras, possui potencial para exploração de petróleo, uma vez que foram feitas “descobertas recentes em regiões próximas a essa fronteira (Guiana, Guiana Francesa e Suriname)”.

Segundo estimativas da Agência de Proteção Ambiental da Guiana, as reservas recuperáveis de petróleo só na região do país podem chegar a mais de 11 bilhões de barris (cerca de R$4 trilhões, de acordo com a cotação do brent de hoje).

Até agora, não existe confirmação sobre o volume exato das reservas localizadas nas bacias que compõem a Margem Equatorial no Brasil.

Cálculos feitos pelo Ministério de Minas e Energia (MME), no entanto, trabalham com estimativas de 10 bilhões de barris de petróleo, volume próximo aos 13,2 bilhões de barris em todo o Brasil em reservas provadas até 2022.

Segundo a BBC, o interesse das petroleiras na região é grande por conta da perspectiva de que essa região possa concentrar reservas de grandes proporções como as que foram encontradas nas costas da Guiana e Suriname, em 2015.

De acordo com Agência Nacional do Petróleo (ANP), existem 41 blocos exploratórios na região. São nove nas Bacias da Foz do Amazonas, cinco na região Pará-Maranhão, 18 em Barreirinhas e nove em Potiguar Mar. Desses, 20 estão com os contratos suspensos por conta da demora na obtenção de licenciamento ambiental.

Ainda de acordo com a agência, a produção de petróleo em poços da margem equatorial é baixa. Em março deste ano, a produção do Brasil foi de 3,9 milhões de barris diários.

Confira quais países e empresas.

Brasil

Cinco empresas brasileiras operam ou, ao menos, investem em blocos na Margem Equatorial, Petrobras, Enauta, Aquamarine, 3R Petroleum e Prio.

A Petrobras é a principal operadora do país na região, com 16 blocos no total. Além disso, a estatal aparece como parceira de outras empresas em outros quatro blocos na bacia de Barreirinhas, na costa do Maranhão.

A Enauta opera em três blocos: dois na bacia Pará-Maranhão e um na bacia da Foz do Amazonas. Como parceira da Shell, a Aquamarine atua em quatro blocos na bacia de Barreirinha. Já a 3R Petroleum é operadora de um bloco na bacia de Barreirinha.

Por fim, a Prio trabalha em dois blocos na Margem Equatorial, ambos na bacia da Foz do Amazonas.

Reino Unido

O Reino Unido é o segundo país com mais investimentos por bloco na região. São três empresas atuando como operadoras ou parceiras na Margem Equatorial: Shell (empresa anglo-holandesa), BP e Chariot.

Operando em 11 blocos, a Shell atua nas bacias da Potiguar e Barreirinhas. Ela também aparece como parceira em pelo menos um bloco, ao lado da Petrobras, na bacia Potiguar.

A outra empresa britânica com interesses na Margem Equatorial é a BP, que aparece como operadora em um bloco e como parceira da Petrobras em outro, ambos na bacia de Barreirinhas. A empresa chegou a ter participação em blocos localizados na bacia da Foz do Amazonas, mas cedeu sua participação para a Petrobras, em 2021.

Já a Chariot é operadora de três blocos, todos localizados na bacia de Barreirinhas.

Estados Unidos

Apesar de serem o maior produtor de petróleo do mundo, até o momento, os Estados Unidos têm presença reduzida na exploração da Margem Equatorial. Segundo a ANP, somente uma empresa operana região. A Murphy do Brasil, vinculada à Murphy Oil Corporation, opera em três blocos da bacia Potiguar.

China

Assim como os EUA, a China também tem presença reduzida na exploração do óleo. Apenas a Sinopec, uma das principais estatais do país no setor de petróleo e gás, atua na Margem Equatorial. A estatal chinesa opera em dois blocos na bacia Pará-Maranhão.

Japão

O Japão tem apenas uma empresa com atuação na Margem Equatorial. A Mitsui, gigante global no setor de energia, é parceira da Shell em quatro blocos localizados na bacia de Barreirinhas.

Portugal

A portuguesa Galp também tem operações na Margem Equatorial. Segundo a ANP, a empresa participa das operações em quatro blocos situados na bacia de Barreirinhas. Em todos, ela é sócia da Shell ou da Petrobras.

França

A única empresa francesa atualmente vinculada à Margem Equatorial é a Total Energies. Hoje, ela aparece como parceira da BP em um bloco na bacia de Barreirinhas.

No passado, porém, a empresa tentou, sem sucesso, obter a liberação para perfurar um poço exploratório em um bloco na bacia da Foz do Amazonas, a mesma região onde a Petrobras também tenta atuar. O Ibama, no entanto, negou a licença e, em 2020, a empresa abriu mão de sua participação nos blocos que tinha na região em nome da Petrobras. Ela tentou durante sete anos obter as licenças ambientais para fazer as pesquisas exploratórias na região.

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