Petroleiros entram em greve no Ceará contra a venda da Lubnor

Manifestações em diversas bases petroleiras em todo o Brasil mostram apoio à greve e criticam a continuidade no desmonte da Petrobras

Foto: FUP/Sindpetro Ceará-Piauí

A venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), no Ceará, provocou uma série de manifestações em todo o país. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) denuncia que a venda faz parte do desmonte da Petrobras intensificado no governo Bolsonaro “um projeto político e econômico derrotado nas urnas”, divulga a entidade em nota. “Está na hora de derrotar ele também na nossa empresa”, completa.

Os petroleiros cearenses estão em greve. Em apoio aos colegas houve manifestações na terça-feira (27) nas bases do Sindipetro AM (Reman), do Sindipetro PE/PI (Refinaria Abreu e Lima e Terminal de Suape), Sindipetro BA (Taquipe), Sindipetro ES (UTGC), Sindipetro MG (Regap), Sindipetro Caxias (Reduc), Sindipetro NF (Heliporto do Farol), Sindipetro Unificado (Recap), Sindipetro PR/SC (Six e Repar) e Sindipetro RS (Refap).

A venda da Lubnor da Petrobras para a Grepar Participações foi aprovada no dia 21/6 pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

De acordo com a FUP, a empresa do Ceará não é a única nesta situação. No governo Bolsonaro foi privatizada a Rlam, na Bahia; a Reman, em Manaus, e a SIX, no Paraná. Todas abaixo do valor de mercado.

No caso da Lubnor, a venda realizada para Grepar, em maio de 2022, foi feita por US$ 34 milhões. O valor para a federação está 55% abaixo da estimativa do valor de mercado.

O alerta feito pela entidade é extremamente preocupante, sendo que a empresa é responsável por cerca de 10% da produção de asfalto no país e também produz lubrificantes utilizados como isolante térmico para transformadores de alta voltagem, amortecedores para veículos e equipamentos pneumáticos.

Com a privatização da unidade estes produtos podem encarecer no mercado como também causar desabastecimento interno, como aconteceu na região Norte com a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), de Manaus.

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Outra dúvida é quanto ao destino dos mais de 500 trabalhadores da unidade, que no momento, encontram-se em greve contra a decisão do Cade.

“A Lubnor é responsável por entregar às distribuidoras locais óleo diesel, gasolina, querosene de aviação e GLP provenientes de outras refinarias, terminais, transportados até Fortaleza por navios, em operações de cabotagem ou, eventualmente, importação. A venda da Lubnor pode acarretar desabastecimento desses navios, impactando negativamente exportações e importações”, alerta Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.

O presidente do Sindipetro-CE/PI, Fernandes Neto, reforça o alerta. “Uma empresa privada não tem o compromisso com o abastecimento do mercado interno. Se for mais lucrativo, eles podem preferir exportar. A Petrobrás tem como prioridade o abastecimento do mercado interno”, coloca.

*Com informações FUP