Lula culpa Bolsonaro por mortes na pandemia e diz que ele não ficará impune

“O negacionista que governava esse país tem que assumir responsabilidade”, discursou o presidente durante a 17ª Conferência Nacional de Saúde

Lula na 17ª Conferência da Saúde (Foto; Twitter da ministra Nísia Trindade)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a chamar Bolsonaro de genocida e o responsabilizou pela morte de parte das 700 mil vítimas da pandemia de Covid-19 no país.

Lula foi recebido por gritos de “Olê, Olê, Olê, Olá, Lula Lula” dos participantes da 17ª Conferência Nacional de Saúde, que termina nesta quarta-feira (5), em Brasília.

“O negacionista que governava esse país tem que assumir responsabilidade, pelo menos por parte das mortes que aconteceram nesse país, porque as pessoas morreram pelo negacionaismo, por falta de vacina, por falta de governo”, disse o presidente.

Lula ainda classificou o ex-presidente como genocida e disse que ele não ficará impune no caso das mortes dos brasileiros e brasileiras vítimas da doença.

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“Depois da pandemia, não existe brasileiro ou brasileira que não reconheça que graças ao SUS (Sistema Único de Saúde) e aos profissionais de saúde, não chegamos a 1 milhão de mortos ou mais. E as 700 mil vidas que se perderam, também foram pelo negacionismo, pela falta de vacina e má gestão do antigo governo”, prosseguiu.

Aos participantes da conferência, o presidente afirmou que eles são responsáveis por todas as conquistas na área de saúde por exigirem melhorias.  “E vocês que são do setor conhecem o SUS melhor do que ninguém”, disse.

“Por mais que o nosso querido SUS tenha sido criticado durante décadas, a verdade é que não existe nenhum país com mais de 100 mil habitantes que tenha um sistema de saúde da qualidade do SUS”, considerou.

Também afirmou que nunca levavam em conta a quantidade de pessoas que eram atendidas, só as que não eram. “Nunca levavam em conta a quantidade de horas que vocês trabalhavam no SUS, só lembravam quando alguém faltava”, afirmou.

Lula ainda garantiu a permanência no cargo da ministra da Saúde, Nísia Trindade.

“Na semana passada, eu liguei para a Nísia. Eu tinha lido uma nota no jornal, de que tinha alguém reivindicando o Ministério da Saúde. Eu fiz questão de ligar pra Nísia, porque eu ia viajar para fora do Brasil. Eu disse: ‘Nísia, vá dormir e acorde tranquila, porque o Ministério da Saúde é do Lula, foi escolhido por mim e ficará até quando eu quiser’”, revelou.

“Eu tenho certeza que poucas vezes na vida a gente teve a chance de ter uma mulher no Ministério da Saúde, para cuidar do povo com o coração, como uma mãe cuida de seus filhos. Eu tive muita sorte com meus ministros da Saúde, mas precisou uma mulher pra fazer mais e melhor do que fomos capazes de fazer”, completou.

Disse que o piso nacional de enfermagem será pago pelo governo. “A companheira Nísia tomou a decisão: ela vai pagar o piso, vai pagar o atrasado desde maio, e mais o décimo terceiro”, anunciou.

(Foto: Cláudio Kbene/PR)

Democracia

“Hoje já é outro dia, é o dia da afirmação da democracia, é dia da afirmação da paz contra o ódio, é o dia da afirmação do compromisso do governo Lula com todos os países aqui representados. Viva o SUS!”, discurou Nísia Trindade.

A ministra fez um aceno aos trabalhadores do sistema: “Gostaria de agradecer aos profissionais da saúde, que mesmo durante o tempo mais duro de ataque à democracia, ao SUS e com o descuido do antigo governo na pandemia, resistiram e permitiram que nós estivéssemos aqui hoje.”

Nísia considerou a conferência como um ato de retomada e muito trabalho com teses que foram discutidas em todo o Brasil.

“Vamos reconstruir nosso Complexo Econômico e Industrial da Saúde (CEIS) para que o país tenha autonomia nas vacinas e nos equipamentos. Nossa agenda é uma agenda pela inclusão e desenvolvimento do Brasil. Não há SUS sem equidade e respeito à diversidade de nosso povo”, discursou a ministra.

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