Senado aprova Galípolo e Aquino para as diretorias do BC

Os indicados comandarão a diretoria de Política Monetária e de Fiscalização, respectivamente. Número dois na Fazenda, Galípolo é cotado para a presidência do BC em 2025

Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

O plenário do Senado aprovou nesta quarta (4) os nomes de Gabriel Galípolo e Aílton de Aquino Santos, indicados pelo governo federal para a diretoria de Política Monetária e de Fiscalização, respectivamente, do Banco Central (BC).

Galípolo recebeu 39 votos a favor, 12 contra e uma abstenção, enquanto Aquino foi aprovado por 42 votos a favor, 10 contra e uma abstenção.

A posse dos dois novos diretores ainda depende de procedimentos formais. Primeiramente, o Senado terá de enviar um comunicado à Presidência da República informando a aprovação. Em seguida, as nomeações serão publicadas no Diário Oficial da União para, só então, o BC marcar a solenidade de posse.

Os dois são os primeiros indicados do governo federal para o BC na nova gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e irão compor o Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa básica de juros do país (Selic).

A Diretoria Colegiada do Banco Central é composta pelo presidente e mais oito diretores. Conforme a Lei Complementar nº 179 de 2021, que estabeleceu a autonomia do Banco Central, os mandatos são fixos e têm duração de quatro anos, podendo ser renovados por apenas uma vez. No caso de Galípolo e Aquino, os mandatos vão até 2027, podendo chegar a 2031.

A expectativa é que Galípolo assuma a presidência da autoridade monetária a partir de 2025, após o fim do mandato de Campos Neto.

As indicações ocorreram em meio as tensões entre o presidente Lula e Roberto Campos Neto, presidente do BC, pelo corte da Selic. A taxa básica dos juros está em 13,75% desde setembro de 2022, quando a economia brasileira estava estagnada.

Em ata do Copom da última terça (27), o BC informou que uma parcela do comitê da autoridade monetária ainda foi determinante para empacar a desaceleração da Selic, mesmo com os sinais de arrefecimento da inflação.

Os dois novos diretores já participarão da próxima reunião do Copom na primeira semana de agosto.

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Nova diretoria colegiada

Galípolo substituirá o ex-diretor Bruno Serra Fernandes, exonerado no fim de março. Até agora, o diretor de Política Econômica, Diogo Guillem, acumulava a Diretoria de Política Monetária.

Ailton Aquino dos Santos entrará no lugar de Paulo Sérgio Neves de Souza. Desde março, Souza ocupa interinamente a diretoria de Fiscalização até a posse do novo diretor.

Exonerado há duas semanas da Secretaria-Executivo do Ministério da Fazenda, Galípolo foi o segundo nome da pasta abaixo do ministro Haddad de janeiro a junho. Ex-secretário de Economia e de Transportes do governo estadual de São Paulo, o novo diretor de Política Monetária também trabalhou na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no Centro Brasileiro de Relações Internacionais e no Banco Fator.

Já Ailton Aquino Santos é Servidor de carreira do BC desde 1998, e passou por diversos departamentos dentro da instituição, onde chegou a ser auditor-chefe. Tradicionalmente, a Diretoria de Fiscalização é concedida a um servidor do quadro do órgão

Sabatina

Na sabatina, Galípolo afirmou que o mercado “já projeta” cortes nos juros e, sem mencionar o presidente do BC, Roberto Campos Netto, o sabatinado defendeu que a política monetária esteja a serviço da agenda econômica e não de um economista específico.

“Não cabe a nenhum economista, por mais excelência que ele tenha, impor o que ele entende ser o destino da econômico do país à revelia da vontade democrática e de seus representantes eleitos.”, disse.

A taxa de juros, definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária), está em 13,75% desde agosto de 2022. O governo federal e uma série de políticos e economistas defendem a queda de juros há meses. Mas o grupo liderado pelo presidente do BC fez, até agora, valer a sua política monetária, mesmo com a curva da inflação em franco declínio.

“Desde o início do mandato do presidente Lula, a equipe econômica decidiu trilhar um caminho mais difícil. Um caminho de enfrentar problemas e entraves da economia brasileira, mas mirando para os desafios da sustentabilidade econômica, social e ambiental”, disse Galípolo.

Já o indicado à diretoria de fiscalização do BC, Ailton Aquino, diz estar “otimista quanto ao futuro do país e da nossa economia”, mas lamentou o enxugamento da área de supervisão da autoridade monetária, que não realiza concurso público há dez anos. No período, segundo ele, o número de instituições fiscalizadas pelo BC aumentou em 15% e os ativos, 25%, com novas atribuições ao BC.

Para Aquino, a diretoria de Fiscalização é importante já que podem prevenir crises financeiras advindas de maus comportamentos do sistema financeiro. “É um trabalho desafiador supervisionar todo o universo de instituições bancárias e não bancárias em um país tão vasto e complexo como o nosso. Mas é um trabalho fundamental. Crises financeiras custam bilhões aos PIBs dos países. Lembro-me da grande crise financeira internacional de 2008/2009, além do custo econômico e financeiro, crises sistêmicas empobrecem e desorganizam sociedades, abrem espaço inclusive para rupturas de natureza política e social”, complementou.

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