Em Bruxelas, Lula discute relações com governos europeus

Nesta terça, houve encontro de governos progressistas e reuniões bilaterais com Suécia, Dinamarca, Áustria e Alemanha.

Presidente Lula ao lado de líderes progressistas da Europa e da América Latina em Bruxelas, na Bélgica. Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luis Inácio Lula da Silva chegou domingo (16) a Bruxelas para o encontro entre os líderes dos blocos, que reúnem 60 países. A agenda vai até esta terça (18) – e Lula deve voltar a Brasília na manhã de quarta (19). O presidente teve, entre segunda e esta terça (18), sete reuniões bilaterais.

A agenda de hoje começou com um café da manhã com lideranças progressistas, às 3h (de Brasília), seguida por encontros com o premiê da Suécia, Ulf Kristersson (às 5h30), e o chanceler da Áustria, Karl Nehammer (às 6h30). Lula também se reuniu com a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen (às 10h15), e com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz (às 11h).

Na última segunda (17), Lula já teve reuniões bilaterais com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com a premiê de Barbados, Mia Mottley, com o rei da Bélgica, Philippe, e com o primeiro-ministro do país, Alexander De Croo, além da mandatária do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

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Café da manhã

Lula começou o dia com um café da manhã com lideranças progressistas e democratas latino-americanas e europeias. Organizado pelo ex-primeiro ministro da Suécia Stefan Löfven, em que foram discutidos temas como a defesa da democracia, combate à desigualdade, promoção do bem-estar social, respeito aos direitos humanos, ações pelo clima e meio ambiente. Temas que, segundo o Planalto, representam pontos de interesse comum, entre os participantes.

O encontro reuniu, além do presidente Lula, Alberto Fernández (Argentina), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Fredricksen, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, entre outros. O governo do México foi representado pela secretária de Relações Exteriores, Alícia Barcena.

Suécia

O Presidente Lula e o Primeiro-Ministro do Reino da Suécia, Ulf Kristersson. Foto: Ricardo Stuckert / PR

O encontro com o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, para tratar de relações bilaterais do Brasil e o país escandinavo também discutiu a parceria da Embraer com a Saab, fabricante dos novos caças F-39E Gripen da Força Aérea Brasileira (FAB).

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A página oficial do Governo Federal informou apenas que o primeiro-ministro sueco convidou o presidente brasileiro a visitar a Suécia, no que foi correspondido.

O Brasil e a Suécia possuem um contrato de produção dos caças Gripen, que é produzido na Suécia e atualmente também na sede da Embraer em Gavião Peixoto (SP). A linha de montagem nacional da aeronave foi inaugurada em maio deste ano, em evento que teve a participação de Lula.

O Programa Gripen Brasileiro teve início em 2013 e o contrato para compra dos aviões e transferência de tecnologia da aeronave para o Brasil foi firmado em outubro de 2014 – os dois primeiros Gripen operacionais da FAB foram entregues em setembro de 2022 e incorporados ao serviço em dezembro do ano passado. A ideia é expandir a produção para outras forças armadas do continente.

Uma parceria da Embraer com a Saab também pode viabilizar a venda do KC-390 para a força aérea da Suécia, com cada empresa atuando no projeto em sua área de expertise – a Embraer com a produção do avião e a Saab, fornecendo equipamentos elétricos e sensores.

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Áustria

Várias das reuniões bilaterais tiveram breves comunicados, como no caso da agenda com o chanceler da Áustria, Karl Nehammer. Os dois líderes conversaram sobre as relações entre os dois países, e o presidente Lula convidou Nehammer a visitar o Brasil.

Dinamarca

Presidente Lula e a Primeira-Ministra do Reino da Dinamarca, Mette Frederiksen. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Uma reunião bilateral de Lula com a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, aconteceu às 15h15. O Brasil conseguiu aprovar uma contribuição para o Fundo Amazônia no orçamento dinamarquês.

Desde que voltou a funcionar, com o governo Lula, novos aportes para o programa foram anunciados, como o da União Europeia, de R$ 108 milhões, do Reino Unido, de R$ 500 milhões, e dos Estados Unidos, de R$ 2,5 bilhões.

Além de se comprometer a tentar aprovar uma contribuição ao fundo no orçamento dinamarquês, Frederiksen falou sobre o combate à desigualdade e convidou Lula a visitar seu país, o que foi retribuída.

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O Fundo Amazônia foi criado em 2008, durante o segundo governo do presidente Lula, para captar doações contra o desmatamento na floresta tropical. Os recursos são pagos apenas se houver comprovação de redução do desmatamento.

Desde que começou, após os primeiros repasses feito pela Noruega e Alemanha, o mecanismo já rendeu R$ 5,5 bilhões com o acréscimo de rentabilidade financeira.

A maioria das iniciativas é realizada em parceria de ONGs com os nove estados amazônicos (AC, AP, AM, MA, MT, PA, RO, RR e TO). Até o início deste ano, já foram aprovados 102 projetos no valor de R$ 1,74 bilhão.

Ao todo, o fundo registra 384 instituições envolvidas, 195 unidades de conservação apoiadas, 59 mil indígenas beneficiados, 207 mil pessoas favorecidas com atividades sustentáveis e 1.700 missões de fiscalização ambiental.

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Alemanha

Foto: Ricardo Stuckert (PR)

Scholz convidou o presidente Lula para realizar a segunda Reunião de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível, em Berlim (Alemanha).

O encontro, que contará com representantes de vários ministérios, está previsto para o dia 4 de dezembro de 2023, no retorno da viagem do presidente Lula aos Emirados Árabes Unidos — onde participa da COP 28, que ocorre a partir de 30 de novembro, em Dubai. A reunião na Alemanha será realizada sete anos após o primeiro encontro, sucedido em agosto de 2015, em Brasília (DF), com a participação da então chanceler Angela Merkel.

Lula disse que discutirá investimentos industriais e energia renovável, conforme publicação em seu Twitter. “Combinamos de fazer uma nova reunião em dezembro, na Alemanha, com a presença de ministros dos dois governos para aprofundar a agenda entre nossos países em vários temas, como investimentos industriais e em energia renováveis”, escreveu Lula nas redes sociais.

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