Lula trabalha por relação melhor com evangélicos

Governo amplia aproximação com lideranças evangélicas do Congresso, no entanto pautas progressistas entendidas como ‘ideológicas’ devem ficar de fora do debate

Líderes da bancada evangélica, Silas Câmara, Sóstenes Cavalcante, Cezinha Madureira e Eli Borges. Foto: Reprodução.

Desde que o novo governo Lula assumiu um dos objetivos foi reestabelecer pontes com a bancada evangélica no Congresso Nacional. Durante a campanha houve uma tímida aproximação, pois a grande massa demonstrou apoio para a candidatura derrotada de Jair Bolsonaro, que agora se tornou inelegível.

Ao Estadão, esta aproximação ficou desvendada com a fala do coordenador da bancada evangélica no Senado, Carlos Viana (PSD-MG). Ao jornal, ele falou: “Desde que nossas pautas não sejam afetadas, o governo terá o nosso apoio em todas as matérias que forem importantes para o Brasil.”

A menção “desde que nossas pautas não sejam afetadas” é direcionada, em parte, à indicação do ex-deputado Jean Wyllys para ocupar cargo na Secretaria de Comunicação do governo. A posição dos evangélicos é de que o ex-parlamentar pautou situações durante o governo Dilma Rousseff que não devem ser novamente exploradas. De toda forma, segundo Viana, a indicação de Wyllys não é um problema, caso não tenha influência direta no governo.

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De maneira geral, parte dos políticos da bancada evangélica se mantêm aberta ao diálogo para uma maior interlocução e para fazer o governo entender as demandas do grupo.

De acordo com o jornal, quem atua até o momento pelo governo nesta aproximação é o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o de Comunicação, Paulo Pimenta, e da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que inclusive representou o presidente Lula na Marcha Para Jesus, realizada em São Paulo.

Nesta nova fase de diálogo com os evangélicos, depois do amplo apoio dado a Bolsonaro, o governo já mira o próximo coordenador da bancada evangélica na Câmara dos Deputados, Silas Câmara (PSD-AM). O deputado, que é pastor da Assembleia de Deus no Amazonas, já demonstrou abertura para o diálogo, ao contrário do atual coordenador Eli Borges (PL-TO), do partido de Bolsonaro e da Assembleia de Deus Ministério Madureira.

Em fevereiro, a Frente Parlamentar Evangélica no Congresso Nacional definiu que haveria alternância entre os dois a cada seis meses no biênio 2023 e 2024. O acordo teve como um dos articuladores o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), pastor da Assembleia de Deus da mesma congregação que Eli e que foi presidente da frente em 2021.

Cezinha salientou que, fora a pauta ideológica, os evangélicos estão comprometidos em dialogar.

Na ocasião em que houve o acordo de alternância ficou acertado que não haveria uma postura de confrontação ao governo Lula. O deputado por São Paulo chegou a dizer que a prioridade seria a manutenção da paz, independente de cores partidárias.

Uma posição mais amena do que a de Borges, que apesar de indicar uma postura de respeito ao governo, evidenciou que não abriria mão das posições conservadoras e mantém a defesa do ex-presidente Bolsonaro e dos presos nos atos de 8 de Janeiro.

*Informações Estadão e Poder 360. Edição Vermelho, Murilo da Silva

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