Censo 2022 contabiliza pela primeira vez comunidades quilombolas no país
Segundo a pesquisa, quilombolas residentes no Brasil são de 1.327.802 pessoas: 0,65% da população brasileira.
Publicado 27/07/2023 12:15 | Editado 27/07/2023 13:06
Pela primeira vez no Brasil, as comunidades quilombolas foram contabilizadas pelo Censo do IBGE em 2022. Apesar de o país ter realizado seu primeiro Censo em 1872, somente no ano passado, houve a determinação que fossem contabilizados. Segundo o IBGE, os quilombolas residentes no Brasil são de 1.327.802 pessoas: 0,65% da população brasileira.
O lançamento da pesquisa “Brasil Quilombola: Quantos somos, onde estamos?” foi realizada nesta quinta-feira (27/07), na sede do IBGE, no Rio de Janeiro. Na apresentação da publicação, o presidente substituto do instituto, Cimar Azeredo Pereira informou que “além de fornecer um panorama inédito da distribuição da população quilombola no território brasileiro, o IBGE apresenta um conjunto de informações básicas até então desconhecidas sobre os totais de pessoas desse grupo étnico residentes no país, em diferentes níveis geográficos e recortes territoriais”, escreveu.
A população quilombola são povos de regiões remanescentes de quilombos: comunidades formadas por escravos que fugiam da crueldade do regime escravocrata (1530 a 1888). Esses quilombos eram espaços que preservaram ao longo do tempo a identidade cultural remanescente de grupos étnicos dos quais faziam parte seus ancestrais que viviam no continente africano, mas que foram trazidos a força para o Brasil colônia.
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Para realizar o estudo completo dessas comunidades no país, os agentes do IBGE visitaram todas as localidades e comunidades e o mapeamento prévio identificou 5.972 localidades quilombolas e 2.308 agrupamentos quilombolas – aqueles em que há 15 ou mais pessoas residindo em um ou mais domicílios próximos.
Com esses dados, “a análise da população residente nos Territórios Quilombolas indicou grande disparidade em relação à presença de não quilombolas nos territórios segundo as Unidades da Federação”.
De acordo com o levantamento, mais de 1 milhão de pessoas quilombolas, 1.160.600 (87,41%), vivem fora de áreas formalmente delimitadas e reconhecidas. Há apenas 494 territórios quilombolas com alguma delimitação formal no país: nestes territórios, moram 167.202 pessoas quilombolas – 12,59% da população quilombola.
Quase 80% dos quilombolas estão concentrados em cinco estados brasileiros
A Região Nordeste concentra a maior quantidade de pessoas quilombolas com 905.415 quilombolas, correspondendo a 68,19% do total da população quilombola no país.
A Bahia é o estado com mais quilombola: 397.059 pessoas, 29,90% da população quilombola contabilizadas no Brasil. Em seguida, vem o Maranhão com 269.074 pessoas quilombolas, o que corresponde a 20,26% da população quilombola recenseada. Os dois estados concentram 50,17% da população quilombola do país.
Completam a lista das cinco unidades federativas com maior população quilombola Minas Gerais (135.310), Pará (135.033) e Pernambuco (78.827). Nesses cinco estados, vivem 76,46% das pessoas quilombolas identificados pelo Censo.
Em seguida vem os estados de Sergipe (1,27%), Alagoas (1,21%), Piauí (0,97%), Tocantins (0,85%) e Rio Grande do Norte (0,68%). Não houve registro de quilombolas em apenas dois estados: Acre e Roraima.
Região Nordeste concentra maior parte da população quilombola
As regiões Centro-Oeste e Sul têm 44.957 e 29.056 pessoas, respectivamente – somadas responsáveis por 5,57% da população quilombola.
Para fazer o levantamento, o instituto contou com o apoio das lideranças comunitárias quilombolas de todo o país, que atuaram no apoio ao mapeamento das comunidades e como guias para os recenseadores.
Com informações de agências