Democratas dos EUA chegam ao Brasil para agenda com governo e movimentos

Em encontro com Celso Amorim, deputados discutiram meio ambiente e desenvolvimento econômico. Mas também discutiram atentados golpistas nos dois países.

Na Casa Branca, Lula e Alexandria Ocasio-Cortez por ocasião de agenda do presidente brasileiro aos EUA, em fevereiro. Foto reprodução @aoc

Uma delegação de congressistas do partido Democrata dos Estados Unidos se reuniu, na manhã desta segunda-feira (14),  no Palácio do Planalto com Celso Amorim, ex-chanceler e atual assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A comitiva chegou para uma série de agendas com ministros, parlamentares e movimentos sociais, com expectativa de encontrar o presidente Luis Inácio Lula da Silva.

De acordo com a deputada americana Alexandria Ocasio-Cortez, representante de Nova York, a conversa tratou sobre a relação entre Estados Unidos e Brasil, em torno de ações para o meio-ambiente, reações às mudanças climáticas, além do desenvolvimento econômico e de parcerias entre os dois países. Temas que devem ser abordados serão a liderança do Brasil no G20, o plano de transição ecológica do governo federal, a proteção dos territórios indígenas e da floresta amazônica, a cooperação entre os dois países e a COP30 também deverão ser abordados nas tratativas.

AOC contra a extrema-direita

AOC, como é conhecida a deputada, foi a mais jovem mulher eleita para o Congresso dos EUA em 2018, com 29 anos. Ela tem importante papel no pedido de liberação de documentos secretos sobre a ditadura militar brasileira. No mês passado, a deputada exigiu detalhamento sobre a parceria entre o governo dos EUA e o regime militar brasileiro, naquele período.

AOC e o deputado Joaquín Castro, que também está na comitiva, foram alguns dos parlamentares que pediram a extradição de Bolsonaro após os ataques do dia 8 de janeiro em Brasília. Para eles, o ex-presidente do Brasil era um dos responsáveis pelos atos terroristas que aconteceram na capital federal. Ele chegou a Orlando, na Flórida, em 31 de dezembro, véspera de deixar o governo e manteve silêncio durante os atentados.

Os legisladores e Amorim também trataram sobre os riscos da extrema direita no mundo, em especial no Brasil e nos Estados Unidos. Ambos os países foram vítimas de atentados golpistas contra suas democracias no último período. As respostas dadas pelas autoridades aos ataques de 8 janeiro tem sido tema de interesse. O grupo tem encontro previsto, por exemplo, com a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPI do 8 de janeiro, entre outros nomes do Congresso Nacional e do governo federal. A deputada é conhecida pela sua defesa aos direitos dos imigrantes e à preservação da democracia.

Esquerda americana

Em fala à imprensa no Palácio do Planalto, AOC afirmou ter sido este o primeiro de três dias que a delegação pretende ficar em Brasília. Com ela estão os deputados Joaquín Castro, Greg Casar, Maxwell Frost, Nydia Velázquez, além de Misty Rebik, chefe de gabinete do senador Bernie Sanders, que integra o Partido União pela Liberdade.

Os parlamentares representam uma ala à esquerda do Partido Democrata e, portanto, críticos de temas como as intervenções promovidas pelos EUA em várias partes do mundo. “A política externa dos EUA, muitas vezes, contribuiu para a instabilidade na América Latina. Deveríamos estar protegendo a democracia em vez de apoiar golpes, e deveríamos estar criando paz e prosperidade em todo o hemisfério ocidental em vez de repetir a Guerra Fria”, afirma o democrata Greg Casar.

Em sua passagem à capital federal, a comitiva deve se encontrar, nesta terça-feira (15), com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, às 15h. Há agenda prevista também com a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) e com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Encontros com representantes de movimentos sociais brasileiros não deverão faltar. Estão previstas reuniões com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e a CUT (Central Única dos Trabalhadores). A viagem é viabilizada pelo Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas (CEPR, na sigla em inglês).

A comitiva fica em Brasília até quarta (14) e depois passará por Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia).

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