Temperaturas máximas no Brasil aumentam até 3°C em 60 anos, revela Inpe
Pesquisa considerou dados sobre a tendência de temperaturas máximas entre 1961 e 2020
Publicado 22/08/2023 08:00 | Editado 22/08/2023 07:42
Um estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na última quinta-feira (17) mostrou que as temperaturas máximas aumentaram em até 3°C em algumas regiões do país ao longo de 60 anos. Os dados foram coletados das estações meteorológicas entre 1961 e 2020, e evidenciaram mudanças em todo o território. “O resultado é uma evidência das alterações nos padrões de temperatura”, avalia o cientista climático, Lincoln Alves.
O pesquisador salienta que diversos trabalhos científicos têm apontado a mudança do clima como um dos principais responsáveis pelas mudanças. Contudo, fatores como urbanização e mudanças no uso e na cobertura da terra também contribuem para o aumento das temperaturas. “A mudança climática já está afetando todas as regiões do Brasil de muitas maneiras”, complementa.
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O mapa ao lado ajuda a entender onde ocorreram as maiores altas médias. A análise destaca que a maior parte do Brasil registrou mudanças de 1,5°C, indicadas pelas cores amarelo claro e escuro no mapa.
As regiões com manchas vermelhas mais escuras são as mais expostas, com aumentos de 2,5°C a 3°C nas temperaturas máximas. Essa situação é particularmente grave no interior do Nordeste e no noroeste da região Norte.
As regiões Centro-Oeste e Sudeste também apresentaram aumentos acima de 1,5°C.
Na região do Vale do Paraíba, o aumento está em até 1,5°C.
Números preocupam
Especialistas do Inpe expressaram preocupação com os resultados. Lincoln Alves, que também é um dos responsáveis pelo estudo, afirmou que um aumento de até 3°C pode parecer pequeno, “mas é bastante expressivo. Quem trabalha ao ar livre, como por exemplo o setor da construção civil, sente esse estresse térmico no dia a dia. A agricultura também sente muito impacto na produção dos alimentos”, explica. Além disso, a média global de aumento de temperatura máxima é de 1,2°C no mesmo período, o que torna o aquecimento no Brasil ainda mais significativo.
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Segundo o pesquisador três fatores principais contribuíram para esse aumento preocupante: a mudança climática global; a organização e as mudanças no uso da terra, que muitas vezes envolvem o desmatamento. Com um inverno cujas temperaturas estão acima da média histórica, as atenções se voltam para o verão que inicia em dezembro. “Temos acompanhado recordes atrás de recordes frequentemente, em todo o mundo. Em geral e seguindo essa tendência, é possível, sim, que tenhamos registros recordes”, ressaltou Lincoln.
Cenário mundial
O cenário não é exclusivo do Brasil, pois o mês de julho registrou recordes globais de temperatura média, atribuídos ao fenômeno El Niño. O aquecimento das águas do oceano Pacífico equatorial contribui para extremos climáticos mais frequentes e severos, conforme alerta Alves.
Em um panorama global cada vez mais quente, as descobertas do estudo do INPE ressaltam a necessidade urgente de abordar as causas do aquecimento e tomar medidas para mitigar seus impactos, especialmente em setores independentes como a agricultura e o trabalho ao ar livre.
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com informações de agências