Lula vai retomar obras da refinaria Abreu e Lima, paralisada pela Lava Jato

Construção paralisada em 2015 impediu a geração de 40 mil empregos e reduzir a importação de diesel.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciará para Pernambuco, nesta sexta-feira, um investimento de US$ 1,6 bilhão para retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, em Ipojuca (PE). A informação foi comunicada pelo senador Humberto Costa (PT-PE), que tem expectativa da presença do presidente Lula no estado. 

Os recursos serão para concluir o chamado “Trem II” da Refinaria, um conjunto de unidades de refino. Segundo o parlamentar, as obras podem mobilizar 40 mil trabalhadores em PE e gerar “um novo ciclo de desenvolvimento no Estado”.

Com o início do governo Lula, a Petrobras colocou a Refinaria Abreu e Lima em seu novo plano estratégico, que vai de 2023 a 2027, dirigindo mais de R$ 92 milhões de investimentos para ampliar e modernizar o Trem 1, que opera desde 2014, e aumentar a sua capacidade de processamento de 115 mil para 130 mil barris de petróleo por dia.

Segundo Costa, as obras da segunda etapa devem estar concluídas até novembro de 2026 para iniciar a operação no ano seguinte, adicionando cerca de 13 milhões de litros de diesel S10 por dia à capacidade de produção nacional. Quando concluída, a refinaria poderá processará 260 mil barris de petróleo diariamente.

“A refinaria é fundamental para a gente diminuir ainda mais o déficit de importação de diesel. Ela é uma refinaria essencialmente de diesel e vamos duplicar a capacidade que ela tem hoje”, afirmou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, ontem (13) à noite, na saída do evento Brazil Windpower, em São Paulo.

No segundo trimestre, o Brasil importou quase 50 milhões de barris, o equivalente a 70% a 75% da demanda, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Lavajatismo

O empreendimento, cuja construção foi paralisada após a operação Lava-Jato, em 2015, já recebeu investimento de mais de US$ 20 bilhões – a previsão inicial era cerca de US$ 2 bilhões -, mas ficou com 80% das obras concluídas.

O estouro de orçamento foi justificado durante delações por denúncias de superfaturamento pelas empreiteiras e desvio de recursos para campanhas eleitorais. No entanto, em vez de corrigir as irregularidades e recuperar os recursos, garantindo a obra e seus benefícios, a operação policial e a promotoria impossibilitaram a continuidade e a abertura da refinaria.

“São obras do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (Rnest). Aquilo significa duplicar a refinaria. Ela é importante, independentemente dos problemas do passado, não estamos olhando para o passado, não nos cabe fazer isso, pois coube à Justiça. A nós, cabe olhar para o futuro”, disse Prates, referindo-se à paralisação das obras.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, a Petrobras colocou o ativo à venda dentro da política de desinvestimentos da estatal, como fez com outras refinarias. Não houve interessados no ativo. A venda de refinarias levou à política de preços dolarizados dos combustíveis, revertida só agora, durante o Governo Lula.

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