Sergey Lavrov rejeita plano de paz “irrealista” da ONU e de Zelensky

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, declarou que o plano de paz proposto pela Ucrânia e as recentes propostas da ONU para revitalizar a Iniciativa de Cereais do Mar Negro são “irrealistas”. Suas declarações ocorreram após uma semana de intensas atividades diplomáticas durante a reunião anual de líderes mundiais na sede da ONU em Nova York.

Lavrov descreveu o plano de paz de 10 pontos promovido por Kiev como “completamente inviável” e afirmou que não pode ser implementado na prática. Ele também destacou que todos estão cientes da inviabilidade desse plano, mas que ele é considerado a única base para negociações. O ministro russo sugeriu que, se a Ucrânia e o Ocidente mantiverem essa posição, o conflito poderá ser resolvido no campo de batalha.

“É completamente inviável”, disse Lavrov sobre um plano de paz de 10 pontos promovido por Kiev. “Não é possível implementar isso. Não é realista e todos entendem isso, mas, ao mesmo tempo, dizem que esta é a única base para negociações.”

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Embora haja várias lideranças de todo o mundo, como o próprio presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva, tentem mediar as negociações entre Putin e Zelensky, ambos mantém seus planos inabaláveis. Como disse Lula, é preciso que o Ocidente leve em conta as demandas russas, assim como a Rússia precisará abrir mão de áreas invadidas. No entanto, os planos que surgem envolvem apenas o abandono de demandas da Rússia, além de puní-la severamente com custos na reconstrução da Ucrânia.

O plano de paz de dez pontos do presidente Zelensky não permite concessões, uma vez que só poderá ser implementado se a Rússia for totalmente derrotada. O plano ucraniano não é um plano de negociação; na verdade, os líderes ucranianos deixaram bem claro que não podem falar com o regime russo enquanto Putin estiver no poder. 

Além disso, Lavrov explicou que a Rússia abandonou o acordo de cereais do Mar Negro devido ao não cumprimento das promessas feitas à Rússia. Isso inclui a remoção de sanções a um banco russo e a reconexão desse banco ao sistema global SWIFT. Ele também afirmou que as últimas propostas da ONU para reavivar o corredor de exportação de produtos agrícolas ucranianos “simplesmente não são realistas”.

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A retirada da Rússia desse acordo teve impactos significativos nos preços globais de commodities alimentares, como arroz e óleo vegetal, que aumentaram pela primeira vez em meses. Além disso, a Índia impôs restrições às exportações de arroz.

A invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022 desencadeou perturbações comerciais e aumentos significativos nos preços internacionais da energia, dos produtos agrícolas e dos fertilizantes, que já estavam elevados devido aos efeitos da pandemia da covid-19.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia atribuiu a culpa pelas crises nos mercados alimentares e energéticos às nações ocidentais, que impõem “medidas coercivas unilaterais” – ou sanções – às mais fracas.

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Lavrov criticou o Ocidente em seu discurso na ONU, chamando-o de “império de mentiras” e acusando-o de adotar uma mentalidade neocolonial em suas abordagens ao Sul Global para ganhar apoio para a Ucrânia na guerra. Ele argumentou que uma “maioria global” estava sendo enganada pelo Ocidente.

“Os EUA e o seu coletivo subordinado continuam a alimentar conflitos que dividem artificialmente a humanidade em blocos hostis e dificultam a realização dos objetivos globais”, disse Lavrov. “Eles estão tentando forçar o mundo a jogar de acordo com suas próprias regras egocêntricas.”

Enquanto as tensões aumentam entre a Rússia e a Ucrânia, e a Ucrânia continua sua contra-ofensiva para repelir a invasão russa e recuperar territórios perdidos, a situação na região permanece volátil, com ataques e ações militares em curso.

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Constrangimentos na Polônia

O discurso de Lavrov ocorreu no momento em que Zelensky concedeu prêmios estatais a dois voluntários poloneses durante uma escala que fez à Polônia, já que as relações entre os dois países estão tensas devido às importações de grãos. Ele não se encontrou com nenhum agente do governo polonês.

Zelensky irritou os seus vizinhos quando disse à Assembleia Geral da ONU que Kiev estava a trabalhar para preservar as rotas terrestres para as exportações de cereais, mas que o “teatro político” em torno das importações apenas estava a ajudar Moscou. A Polônia decidiu na semana passada prolongar a proibição das importações de cereais ucranianos, abalando a relação de Kiev com um vizinho que tem sido um dos seus mais fiéis aliados.

“Quero dizer ao Presidente Zelensky para nunca mais insultar os poloneses, como fez recentemente durante o seu discurso na ONU”, disse o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki num comício eleitoral na sexta-feira.

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