Contra a China, Biden tenta aproximar Coreia do Sul e Japão

Seu único objetivo é atacar a China e impedir o seu desenvolvimento que, em sua visão egoísta, poderia representar uma ameaça à hegemonia americana na região

Japão e Coréia do Sul são aliados dos Estados Unidos, mas têm diferenças históricas entre si. Ao final do século 19, aproveitando-se de uma revolta local contra o rei coreano, que prestava fidelidade à China, os japoneses invadiram a Coréia e a tornaram um estado vassalo do Japão, ocupando-a até 1945, quando o Japão saiu derrotado na II Guerra Mundial. Como na China, também invadida pelo Japão, em 1937, o exército imperial japonês cometeu crimes de guerra contra o povo coreano em relação aos quais nunca se desculpou.  Embora hoje, tanto a Coreia do Sul quanto o Japão orbitem na área de influência dos Estados Unidos, abrigando, ambos, bases militares dos Estados Unidos, alimentam uma desconfiança mútua por conta do passado imperialista japonês.

Leia também: A Etiópia nos BRICS – e a união  com a China

Na política regional, as relações entre China e Coréia do Sul eram excelentes, até a Coréia do Sul aceitar que os Estados Unidos instalassem em seu território um escudo antimísseis, supostamente para protegê-la de eventuais ataques da Coreia do Norte, mas que também representa uma ameaça contra a China. Conforme destacou o New York Times (21/8), “Em 2017, quando a Coreia do Sul concordou com a instalação de um sistema americano de baterias antimísseis conhecido como THAAD, muitos não confiaram na explicação do governo de que ele foi implantado apenas para proteção contra a Coreia do Norte, e não como uma ferramenta para os militares americanos monitorarem a atividade de mísseis chineses também. Muitos sul-coreanos prefeririam ficar de fora da grande competição de potências entre os EUA e a China”. Japão e China, por sua vez, também têm divergências históricas até hoje não resolvidas, relacionadas aos crimes de guerra cometidos pelos imperialistas japoneses quando invadiram a China na Segunda Guerra Mundial e à ocupação das ilhas Diaoyu até hoje não devolvidas para a China.

Aproveitando-se do fato de os atuais dirigentes  tanto do Japão – Fumio Kishida – quanto da Coréia do Sul – Yoon Suk Yeol – serem abertamente americanófilos e hostis à China, Biden costurou um acordo entre os dois países com o objetivo de formar uma aliança militar na região com o suposto objetivo de se defenderem contra a China, mas cuja intenção real é ameaçar a China, já que os chineses não teriam motivo para atacar nenhum dos dois países.

Leia também: China no acordo Argentina/FMI: impondo reforma do sistema financeiro internacional

Assim como fizeram com a Rússia, no caso da Guerra na Ucrânia, os Estados Unidos adotam uma política de cerco e provocação contra a China construindo alianças militares anti-China na região, estimulando o separatismo em Taiwan, armando a Austrália com submarinos nucleares, tentando trazer a Índia para sua órbita de influência e açulando as divergências histórias entre os dois países.

De forma hipócrita, fazem isso, sob o falso argumento de se defenderem contra a China, quando na verdade seu único objetivo é atacar a China e impedir o seu desenvolvimento que, em sua visão egoísta, poderia representar uma ameaça à hegemonia americana na região. Foi esse o tom do encontro promovido por Biden em Camp David no dia 18 de agosto com os líderes do Japão e Coreia do Sul, dando um grande passo em direção a uma parceria militar e econômica entre os três países, para supostamente dar uma resposta aos desafios vindo da China. A única coisa que vai conseguir com isso e, provavelmente é o que realmente quer, é aumentar ainda mais as tensões no leste da Ásia para continuar alimentando e dando lucros para o complexo militar-industrial norte-americano.

Autor