Mesmo com avanços, 45 milhões devem continuar na pobreza e 71% são negros

De acordo com o Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made-USP), o novo Bolsa Família deve retirar 10,7 milhões de pessoas da pobreza este ano

Pessoas aguardam distribuição de comida no centro do Rio de Janeiro em fevereiro deste ano (Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Estudo inédito do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made-USP), encomendado e divulgado nesta segunda-feira (23) pela BBC News Brasil, revelou que 45 milhões de brasileiros devem permanecer na pobreza. Desse contingente, 32,5 milhões são negros, 71% do total.

Comparado à participação de 56% de pretos e pardos no total da população (IBGE), a pesquisa indicou que três em cada quatro brasileiros na pobreza serão negros.

Esse quadro poderia ser pior não fossem os avanços do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na área social, sobretudo com o novo programa Bolsa Família.

De acordo com a mesma pesquisa, o programa social deve retirar 10,7 milhões de pessoas da pobreza em 2023.

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“Um número recorde e uma redução de quase 20% na pobreza do país, resultado do aumento do valor do benefício e orçamento sem precedentes para o programa”, diz a BBC.

“Quando você tem uma população que sofre com certas desigualdades que são questões sociais históricas, no momento que você trata essa população de forma igual, do ponto de vista de políticas públicas, você está dando um tratamento desigual”, considerou Luiza Nassif-Pires, diretora do Made-USP e uma das autoras do estudo, ao lado de Amanda Resende, João Pedro Freitas e Gustavo Serra.

Para ela, é preciso combater o racismo da sociedade e pensar em novas ações específicas para tirar as pessoas negras da pobreza, incluindo começar a discutir de maneira concreta, do ponto de vista da criação de políticas públicas, a questão da reparação histórica pela escravidão.

A economista observa que outros fatores contribuíram para a redução da pobreza nesses 20 anos, como o crescimento da economia e do emprego até 2014, os aumentos do salário mínimo acima da inflação e o próprio efeito multiplicador do programa de transferência de renda na economia.

O Made-USP estima que 82 milhões (47%) de brasileiros viviam na pobreza em 2003 e quase 25 milhões (14%) na extrema pobreza.

Em 2023, esses números devem ser reduzidos a 45 milhões (21%) e 3 milhões (1,4%), respectivamente.

Sem o novo Bolsa Família, seriam 56 milhões na pobreza (26%) e quase 18 milhões (8,3%) na extrema pobreza este ano.

Programa

A secretária nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Eliane Aquino, diz que o programa já atende atualmente 21 milhões de famílias, o que equivale a 55 milhões de pessoas.

Ela diz que a meta de investimentos é de R$ 168 bilhões ao ano e 14 bilhões mensais.

“O programa voltou a olhar para as famílias, para os núcleos familiares. Está muito mais equânime, olhando para cada pessoa daquela família. Então o programa está protegendo muito mais a família brasileira contra a pobreza. E isso é importante. Nós sabemos que o programa de transferência de renda na dominação da pobreza é fundamental. E o Bolsa Família volta para olhar para todo esse núcleo familiar de quem mais precisa e de quem tem renda per capita até R$ 218”, disse Aquino.

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