Seis em cada 10 brasileiros acham que professores são mal remunerados

Levantamento do Ipsos aponta ainda que 43% não recomendariam carreira a seus filhos. Dados refletem percepção de que situação salarial ainda está aquém do que carreira merece

Foto: Sumaia Vilela/Agência Brasil

Pesquisa feita pelo Instituto Ipsos, mostrando a percepção sobre a realidade salarial dos professores em 29 países, revelou que, no caso do Brasil, cerca de seis a cada dez pessoas, ou 64%, acreditam que esses profissionais não são suficientemente remunerados, índice bem maior do que a média global, de 46%. Outros 31% dos brasileiros acham o contrário.

Reflexo dessa percepção, o “Monitor Global da Educação” aponta ainda que 43% dos brasileiros não recomendariam a carreira a seus filhos e 81% acreditam que os professores trabalham muito. 

Já o Indicador de Valorização de Professores (IVP), do Instituto Península, revela que somente 26% da população acredita que os professores são bem valorizados — na categoria, o índice é ainda mais baixo: 20%. 

Realidade salarial

Os dois levantamentos mostram que a forma como a população vê a situação dos professores está bastante próxima da difícil realidade por eles vivida. Conforme estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), professores de pré-escola, por exemplo, recebem em média R$ 2.285 por mês. 

Outros profissionais de ensino têm salários médios de R$ 2.554 e professores de artes, de R$ 2.629 — essas três ocupações figuram nas primeiras colocações no ranking das mais mal pagas no país. Professores de ensino médio também estão na lista, com rendimento médio de R$ 3.554. 

Porém, no universo docente, podem haver salários bem mais baixos e outros, poucos, mais altos. Dados divulgados em julho pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação, mostrou que em 2020 o salário de um professor da rede municipal com jornada de 40 horas semanais poderiam variar de R$ 1.200, em Grupiara (MG), a R$ 19 mil em Paulínia (SP). 

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Nas redes estaduais, foram detectados rendimentos médios variando entre R$ 2.542, em Alagoas, a R$ 11.447 no Pará. Vale destacar que em 2020, o piso nacional dos professores era de R$ 2.886. 

As médias nacionais dos rendimentos desses profissionais da rede municipal e estadual — considerando salários e remunerações extras, exceto 13º, para 40 horas de trabalho — eram de respectivamente R$ 4.897 e R$ 4.947.

Reajuste no piso

Logo no início do atual governo, ainda em janeiro, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou reajuste de 15% no piso salarial dos professores, que passou a ser de R$ 4.420,55. “O piso de 2022 era R$ 3.845,63. A valorização dos nossos profissionais da educação é fator determinante para o crescimento do nosso País”, disse Santana, na ocasião. 

A Lei nº 11.738, sancionada em 2008, durante o segundo governo Lula (PT), determina que o piso seja reajustado anualmente, sempre em janeiro. Segundo o MEC, os estados e municípios são autônomos na gestão de suas redes de ensino e cabe aos órgãos de controle apurar o cumprimento da lei por parte dos entes federados.

Com agências