A cada hora, Israel mata 6 crianças e 4 mulheres em Gaza

O dia foi marcado por bombardeio a hospital infantil, encontro “meramente simbólico” em Paris, e reunião da Liga Árabe em Riade. OMS fala em propagação de doenças em Gaza.

No 34º dia consecutivo do mais sangrento bombardeio israelita à Faixa de Gaza, por terra, mar e ar contra civis, Israel bombardeou o hospital infantil Al-Nasr em Gaza com vários projéteis de artilharia. Num balanço, em que os números são baseados nos corpos que chegam aos hospitais, a agressão da ocupação israelense contra o povo em Gaza e na Cisjordânia matou 10.966 pessoas, além de ter deixado 28,5 mil feridos, desde 7 de outubro.

“O tempo é sangue na Faixa de Gaza. A cada hora, Israel mata 6 crianças e 4 mulheres. Apelamos à comunidade internacional para um cessar-fogo imediato (…) Israel viola o direito humanitário internacional e comete crimes contra pessoas inocentes, incluindo assassinatos, cercos, deslocamentos e fome. A guerra de Israel não é contra o Hamas, mas contra todo o povo palestino”, disse o primeiro ministro da Palestina, Mohammad Shtayyeh.

Em Paris

Hoje, na Conferência Internacional de Ajuda a Gaza, realizada em Paris, o comissário geral da UNRWA (agência da ONU para refugiados), Philippe Lazzarini, defendeu que é necessário um cessar-fogo na Faixa de Gaza por razões humanitárias e exigiu o estrito cumprimento do direito humanitário internacional. “Milhares de crianças assassinadas não podem ser consideradas ‘dano colaterais.'”

Segundo ele, os civis e as infraestruturas civis precisam ser protegidas, incluindo as instalações da ONU que albergam pessoas deslocadas. Ele somou 99 trabalhadores da ONU já assassinados pelos bombarbeios. “Este é o maior número de trabalhadores humanitários nas Nações Unidas
mortos num conflito em tão pouco tempo. Eles estão entre as 10 mil pessoas mortas desde o início da guerra.”

Mais de 700.000 pessoas deslocadas vivem em condições igualmente humilhantes em 150 escolas e edifícios da UNRWA em toda a Faixa de Gaza. “Bairros inteiros foram arrasados, resultando na perda de inúmeras vidas, esperanças e sonhos. Hospitais, igrejas, mesquitas, padarias e escolas da UNRWA não foram salvos do bombardeio.”

O premiê palestino, Mohammad Shtayyeh, disse que a agressão deve parar para que a ajuda humanitária faça sentido. “Os tribunais internacionais devem tomar uma posição clara para julgar criminosos de guerra em Israel. A comunidade internacional deve evitar padrões duplos [dois pesos e duas medidas]”, afirmou.

Ele ressaltou que a legítima defesa não dá a um país o direito de ocupar. “Nas terras de outro país somos vítimas da ocupação e somos nós que temos o direito para nos defendermos.”

O presidente francês Emmanuel Macron pediu para “trabalharmos por um cessar-fogo” na Faixa de Gaza. “No curto prazo, devemos trabalhar para proteger os civis. Por esta razão, é necessária uma trégua humanitária rápida e devemos trabalhar para um cessar-fogo.”

No entanto, a diretora executiva da OXFAM França, Cécile Duflot, disse que os resultados da conferência de Paris não correspondem às expectativas. “A evidente ausência de um forte apelo a um cessar-fogo imediato mina o propósito deste encontro e o reduz a um mero gesto simbólico”.

Cécile parece se sentir impotente ao dizer o óbvio, que o povo de Gaza precisa viver para receber essa ajuda. “A contínua escalada da violência está tornando a entrega de ajuda humanitária tão insegura que é praticamente impossível.” De acordo com ela, apenas uma mera fração da ajuda necessária chegou aos 2,2 milhões de pessoas que dela precisam desesperadamente.

Ela ainda fez acusações a Israel, ao dizer que a fome como arma e ataques indiscriminados contra civis, hospitais e abrigos constituem violações graves do direito humanitário internacional. “Os líderes mundiais devem ir além da observação passiva e intervir ativamente contra estes prováveis ​​crimes de guerra.”

A vice-primeira-ministra belga Petra De Sutter pede sanções econômicas contra Israel e
que o acordo preferencial da União Europeia seja suspenso: “É hora de impor sanções contra Israel. A chuva de bombas é desumana. Embora sejam cometidos crimes de guerra em Gaza, Israel ignora as exigências internacionais de cessar-fogo. Apelo ao governo federal para sancionar Israel.”

Na Ásia

De Tóquio, Antony Blinken enfatizou que tanto os palestinos quanto os israelenses têm direito a níveis iguais de segurança, liberdade, oportunidades e dignidade. Enquanto isso, a Casa Branca diz que “aceita” pausas humanitárias de quatro horas, em vez de uma hora, que pareciam insuficientes para os deslocamentos necessários.

Hoje começou a jornada de trabalho da Liga Árabe ao nível dos Ministros dos Assuntos e Negócios Estrangeiros em Riade, para preparar a cimeira árabe de emergência marcada para o próximo sábado. A reunião é dedicada à preparação do projeto de resolução que será apresentado aos líderes árabes, relacionado com o único ponto da agenda, que é a agressão israelense contra a Faixa de Gaza.

OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou sobre o alto risco de propagação de doenças em Gaza com a perturbação das instalações de saúde e das redes de água e saneamento. “Os bombardeios israelenses, a grave sobrelotação dos abrigos e a perturbação do sistema de saúde e das redes de água e saneamento acrescentam outro perigo representado pela rápida propagação de doenças infecciosas, e já estão a surgir algumas tendências preocupantes”.

Segundo a OMS, esta situação é preocupante, especialmente para os cerca de 1,5 milhões de pessoas deslocadas em toda Gaza, especialmente aquelas que vivem em abrigos superlotados que não têm acesso a instalações de higiene pessoal e água potável, aumentando o risco de transmissão de doenças infecciosas.

A situação na Cisjordânia e em Jerusalém

Cerca de 3.500 alunos da escola e 500 alunos do jardim de infância estão detidos nas suas escolas no campo de refugiados de Jenin em consequência da agressão israelense que prossegue desde esta manhã. Desde esta manhã, Israel matou 13 palestinos de Jenin e do seu campo de refugiados.

As forças de ocupação lançaram, esta manhã, uma campanha massiva de detenções de 50 cidadãos em Barta’a, uma cidade isolada atrás do muro do apartheid, no sul de Jenin. Hoje, as forças de ocupação atacaram Khirbet Tana, acompanhadas por uma escavadeira, e começou a demolir casas e tendas dos cidadãos e arrasar fazendas ali. Eles obrigaram cerca de 20 famílias a deixar o local e impediram que voltassem para suas terras e levassem suas ovelhas, além de destruírem suas colméias na região.

Desde o início da atual agressão israelense em Gaza, a Cisjordânia viu 173 palestinos assassinados, 9 deles por colonos, além de 2.300 prisões e 65 demolições. 1.084 palestinos foram deslocados à força.

Dados atualizados:
Faixa de Gaza: mais de 10.790 mortos e mais de 26 mil feridos.
Cisjordânia: 176 mortos e mais de 2.450 feridos.
? Entre os assassinados estão 4.412 crianças, 2.918 mulheres e 667 idosos.
? 2.650 desaparecidos, incluindo mais de 1.400 crianças.
? 18 hospitais completamente fora de serviço.
? 1,5 milhão de pessoas deslocadas: 15% delas sofrem de diferentes deficiências.
? 195 profissionais de saúde foram mortos.
? 36 militares de Defesa Civil e Resgate mortos.
? 117 mil pessoas deslocadas em unidades de saúde.
? 71% dos centros de atenção primária estão fora de serviço.
? 45 ambulâncias fora de serviço.
? 50 instalações da UNRWA destruídas
? 7 igrejas e 66 mesquitas bombardeadas.
? Vários palestinos mortos e outros feridos em violentos bombardeios israelenses
que teve como alvo as proximidades do Hospital Indonésio que alberga dezenas de milhares de feridos e doentes em Gaza.

Os dados são da Embaixada da Palestina no Uruguai.

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