Dia de Solidariedade à Palestina tem manifestações pelo Brasil

Solidariedade ganha novo simbolismo com a trégua do massacre israelense chegando ao fim. Apreensão no mundo pelas imagens do horror que pode ser retomado

No dia 29 de novembro, cidades brasileiras e de todo o mundo relembrarão o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, estabelecido pela Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) em 1977, quando se completaram 30 anos de ocupação do território. Esta data se estabelece como um mea-culpa da ONU por ter aprovado, na mesma data, em 1947, a injusta recomendação da partilha da Palestina. Diante da escalada do conflito no Oriente Médio, a data adquire um simbolismo ainda maior em todo o mundo.

Na Assembleia Legislativa de São Paulo foi celebrada uma Sessão Solene por ocasião da data, como é tradicional todos os anos, desde que o ex-deputado estadual Benedito Cintra (PCdoB), propôs a lei que institui o Dia da Solidariedade com o Povo Palestino em 1983. Cintra faleceu aos 69 anos em 18 de outubro de 2022.

A solenidade teve a participação do cônsul-geral do Líbano em São Paulo, Rudy El Azzi, do secretário-geral da Confederação Palestina da América Latina e do Caribe (Coplac), Emir Mourad, de Walid Rabah, presidente da Federação Árabe-Palestina do Brasil (Fepal), e religiosos católicos, ortodoxos, evangélicos e muçulmanos, além de representantes de entidades como Noriano Segatto (FENAJ), Andressa Oliveira Soares (Comitê Nacional Palestino de MovimentoS) e Jamil Murad, presidente do Cebrapaz.

Nakba, nova catástrofe

Estima-se que 750 mil palestinos foram deslocados e mais de 500 aldeias destruídas nos conflitos decorrentes da criação do estado de Israel, em 1948. Em 1949, a ONU criou a Agência para Refugiados Palestinos (UNRWA), e desde 1993, mantém um relator especial sobre direitos humanos nos territórios palestinos ocupados. Apesar dessas ações, os desafios enfrentados pelos palestinos persistem.

A ONU disse que a Nakba –a catástrofe da expulsão dos palestinos de suas terras–, serve como um lembrete de que cerca de 6 milhões de palestinos permanecem refugiados até hoje, espalhados por toda a região. 

Fim da trégua, fim do conflito?

Em um discurso lido em Genebra, nesta quarta-feira (29), o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres sublinhou que a reafirmação da solidariedade internacional com a Palestina “deve começar” com um cessar-fogo humanitário.

“Este dia internacional de solidariedade surge durante um dos capítulos mais sombrios da história do povo palestino”, disse Guterres na mensagem, acrescentando que está horrorizado com a morte e destruição que engoliu a região, bem como com o “ catástrofe humanitária” que as pessoas em Gaza enfrentam.

“Este é um dia para reafirmar a solidariedade internacional com o povo palestino, que tem o direito de viver em paz e com dignidade”, disse ele. “Isso deve começar com um cessar-fogo humanitário de longo prazo, acesso irrestrito à ajuda vital, a libertação de todos os reféns, a proteção dos civis e o fim das violações do direito humanitário internacional”.

Reiterando que o ataque surpresa do Hamas em 7 de Outubro não pode justificar a punição colectiva de Israel aos palestinianos em toda a região, ele disse: “As Nações Unidas não vacilarão no seu compromisso com o povo palestiniano, hoje e todos os dias”.

Ele instou os Estados a se solidarizarem com as aspirações do povo palestino de alcançar os seus direitos e construir um futuro de paz, justiça, segurança e dignidade para todos.

Os comentários de Guterres aproximam-se do possível fim de uma pausa humanitária de seis dias em Gaza, ampliada de quatro dias, para trocas de reféns e para fornecer mais ajuda humanitária aos habitantes de Gaza.

A pausa deu algum alívio aos habitantes de Gaza, que acabaram de enfrentar uma ofensiva implacável de seis semanas por parte de Israel, na sequência de um ataque transfronteiriço de 7 de Outubro por parte do Hamas.

Desde então, matou mais de 15.000 pessoas, incluindo 6.150 crianças e 4.000 mulheres, de acordo com as autoridades de saúde do enclave, e através de um bloqueio rígido, deixou os habitantes de Gaza com pouca ou nenhuma comida, água, combustível e medicamentos, num estado humanitário desesperador. O número oficial de mortos em Israel é de 1.200.

Resoluções não cumpridas

A ONU tomou diversas medidas em apoio à causa palestina, incluindo a Resolução 194, de 1948, que autorizou o retorno dos palestinos às suas terras, mas nunca foi cumprida. A Resolução 242, de 1967, determinou a retirada das forças armadas israelenses dos territórios ocupados, mas a construção de assentamentos continuou na Cisjordânia.

O último informe da relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, destaca violações de direitos humanos enfrentadas por crianças palestinas, especialmente durante prisões. Os julgamentos, em média de três minutos, ocorrem após longos períodos de separação da família e advogado. Desde 2000, cerca de 13 mil crianças palestinas foram detidas, interrogadas e processadas pelas forças israelenses.

Neste Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, as comemorações não são apenas um ato simbólico, mas uma lembrança das lutas contínuas enfrentadas por esse povo, demandando uma atenção global para a busca de uma solução justa e duradoura.

Manifestação em Madri, hoje:

Confira a programação de atos:

Centro-Oeste

Brasília (DF) – 17h – Museu Nacional da República
Cáceres (MT) – 17h – Praça Barão do Rio Branco
Campo Grande (MS) – 17h – Rua 15 de Novembro, Camelódromo
Cuiabá (MT) – 17h – Praça Ipiranga
Goiânia (GO) – 17h – Praça do Bandeirante
Três Lagoas (MS) – 19h – Rua Luís Corrêa da Silveira, 1665

Nordeste

Fortaleza (CE) – 19h – Praça da Estação das Artes
Maceió (AL) – 15h – Praça dos Martírios
Natal (RN) – 17h – Midway Mall
Recife (PE) – 17h – Praça do Derby
Salvador (BA) – 15h – Praça Castro Alves

Norte

Manaus (AM) – 10h – Hemoam (Av. Constantino Nery)
Rio Branco (AC) – 8h – Assembleia Legislativa do Estado do Acre

Sudeste

Belo Horizonte (MG) – 11h – Auditório da Faculdade de Medicina da UFMG
Campinas (SP) – 19h – Sindicato dos Bancários
Ribeirão Preto (SP) – 17h – Esplanada Theatro Pedro II
Rio de Janeiro (RJ) – 17h – Candelária
Santos (SP) – 16h – Praça das Bandeiras, Gonzaga
São Paulo (SP) – 18h – MASP
Vitória (ES) – 18h – UFES

Sul

Curitiba (PR) – 18h – Praça Santos Andrade
Florianópolis (SC) – 16h – Esquina Democrática
Foz do Iguaçu (PR) – 18h – Praça da Paz
Joinville (SC) – Sinsej (Rua Lages, 84, Centro)
Pelotas (RS) – 17h – Chafariz do Calçadão
Porto Alegre (RS) – 18h – Largo Glênio Peres
Santa Maria (RS) – 17h – Praça Saldanha Marinho
Santa Cruz do Sul (RS) – 18h – Praça da Bandeira
Sant’Ana do Livramento (RS) – 16h30 – Parque Internacional da Fronteira da Paz
Santo Ângelo (RS) – 17h30 – Praça do Brique

Com informações do Brasil de Fato

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